Mundo Operário

TERCEIRIZAÇÃO

HUPE da UERJ trocou empresa e terceirizados da Construir foram impedidos de trabalhar

Nesta segunda-feira (22), trabalhadores da empresa Construir que presta serviços de limpeza ao Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE) e a UERJ foram impedidos por seguranças de trabalhar. Estando ainda sem receber o 13o salario e o pagamento do mês de fevereiro, estes trabalhadores foram substituídos por de outra empresa limpeza e não puderam ingressar em seus postos. Segundo relatos das que chegaram desde às 5 da manhã, não havia nenhuma justificativa para a troca de empresas e os responsáveis pela Construir colocavam-se como surpresos diante do ocorrido.

terça-feira 23 de fevereiro de 2016| Edição do dia

Ao longo da manhã, os cerca de 400 trabalhadores, em sua esmagadora maioria mulheres, começaram a se organizar para buscar explicações para este absurdo e se dirigiram a sede da Construir na Praça da Bandeira. Os responsáveis pela empresa diziam estar se colocando a par da situação e buscando explicações. Mesmo assim, não deixaram de chamar a polícia para intimidar as dezenas de trabalhadoras que exigiam uma resposta. Ao fim, acabaram por orientar que voltassem ao HUPE que lá seriam dados os devidos esclarecimentos.

Já passava das 13 horas, quando finalmente, num comunicado a quase 120 trabalhadores presente no HUPE, dois responsáveis da empresa Construir (Nelson e Flavio) disseram que “não há nenhuma comunicação oficial sobre o término do contrato, que não tinham ciência do que ocorreria.[...] Estamos aguardando o parecer da advogada da empresa e peço que aguardem informações que serão repassadas pela Mônica (encarregada).[...] Não temos informação de nada a não ser que o contrato está em vigor. Vamos aguardar as orientações pelas vias legais da advogada.[...] Peço que continuem a vir diariamente, para que não sejam acusadas de abandono de emprego e esperem que tenhamos atualizações.[...] Caso sejam entrevistados digam que foram impedidos de trabalhar e que isso vai ajudar com a liminar que vai ser enviada ao Ministério Público”.

Ainda durante está comunicação foi dito que a empresa não recebe os repasses do governo há 8 meses e as trabalhadoras questionaram muitas vezes sobre como iriam trabalhar sem ao menos ter recebido o salário deste mês que deveria ser pago no quinto dia útil. Muitas contavam sobre as dificuldades que enfrentam com atraso de pagamentos, instabilidade, péssimas condições de trabalho e incerteza sobre o pagamento a cada mês. Além disso, falavam também sobre o Sindicato dos Empregados de Empresas de Asseio e Limpeza Urbana (SIMEACO RJ) que está completamente por fora da luta dessa categoria reforçando seu histórico descaso com essa situação.

A situação das trabalhadoras terceirizadas da Construir do HUPE não é isolada!

Na última quarta-feira (17), uma audiência pública encheu o plenário da Alerj, diante do tamanho da preocupação dos profissionais. Segundo o diretor do Pedro Ernesto, Edmar Santos, são necessários R$ 5 milhões por mês para pagar as terceirizadas. Além disso, a unidade precisa de mais R$ 5 milhões para voltar a operar com 350 leitos. O hospital tem capacidade para 500, mas opera, atualmente, com apenas 170, em função da crise.[1] A crise da saúde está inserida dentro dos diversos cortes orçamentários sofridos no Estado do Rio de Janeiro que atinge também a Educação[2] e funcionalismo público em geral[3].

A crise que se abre com a empresa Construir e que atinge diretamente as trabalhadoras terceirizadas impacta o funcionamento do serviço do hospital que já sem encontra reduzido. Ou seja, o funcionamento deficiente e precário, afeta toda a população do Estado do Rio de Janeiro. Em Janeiro, residentes e estudantes realizaram ato em defesa do HUPE em frente ao Palácio Guanabara [4] que já denunciava todo o cenário que se agudiza agora.

Nós, do Esquerda Diário, viemos fazendo a denúncia constante das péssimas condições de trabalho que se encontram, principalmente essas mulheres. São inúmeros os casos de desrespeito como relatados por uma trabalhadora da Construir em meio crise da saúde [5] e até mesmo a morte por infarto de uma terceirizada após trabalhar sem salario [6].

Todo apoio à luta das terceirizadas da Construir no HUPE!

Chamamos todos ao Ato em Defesa do HUPE [7] e que se incorpore a luta das trabalhadoras terceirizadas da Construir! As trabalhadoras presentes na busca por esclarecimentos durante todo o dia, colocam a importância da solidariedade e apoio, contam com ampla presença da categoria no ato que se concentrará as 9 horas em frente ao Estádio do Maracanã. Exigimos que o HUPE e a UERJ se pronunciem e esclareçam a situação confusa da Construir, assim como se responsabilize pela realocação dos centenas de funcionários, garantindo que voltem o quanto antes a seus postos de trabalho. Além disso, é imprescindível que haja o pagamento dos salários atrasados e do 13o.

Mas não podemos parar aí, infelizmente, todas as empresas terceirizadas, ocorrem constantes atrasos de salários, a precariedade do trabalho e os baixíssimos salários são regras. Para garantir que os trabalhadores não sejam mais sujeitos а esse tipo de exploração é preciso reforçar o chamado a todos os sindicatos e organizações políticas a encampar a luta pela efetivação de todos os terceirizados sem concurso. Somente assim é possível barrar o aumento da terceirização e da precarização do trabalho.

[1]http://extra.globo.com/emprego/servidor-publico/hospital-pedro-ernesto-sofre-com-crise-funcionarios-se-desdobram-na-unidade-18714202.html#ixzz40wYgBGRl

[2] http://www.esquerdadiario.com.br/A-greve-dos-professores-do-estado-do-RJ-deve-ser-exemplo-para-uma-luta-unificada-contra-os-ajustes

[3] http://www.esquerdadiario.com.br/Servidores-denunciam-Pezao-e-a-crise-do-estado-do-Rio

[4] http://www.esquerdadiario.com.br/Residentes-e-estudantes-da-UERJ-fazem-ato-em-defesa-do-HUPE-no-Palacio-Guanabara

[5] http://www.esquerdadiario.com.br/A-voz-de-uma-trabalhadora-terceirizada-do-HUPE-em-meio-a-crise-da-saude-RJ

[6] http://www.esquerdadiario.com.br/Terceirizada-da-UERJ-faleceu-apos-mais-um-dia-de-trabalho-sem-salario

[7] https://www.facebook.com/events/903097519788237/




Tópicos relacionados

UERJ   /    Terceirização   /    Rio de Janeiro   /    Mundo Operário

Comentários

Comentar


Destaques do dia