O segundo turno da eleição para prefeito em Belém está sendo disputado por Edmilson Rodrigues, do PSOL, e Zenaldo Coutinho, atual prefeito do PSDB. Ontem, o candidato derrotado do PMDB no primeiro turno, Carlos Maneschy, declarou seu apoio a Edmilson.
Já não é o primeiro partido patronal a apoiar Edmilson: a candidata Úrsula Vidal, da REDE, que ficou em quarto lugar, inclusive superando a quinta colocação de Maneschy, já havia declarado apoio à candidatura de Edmilson nesse segundo turno.
Contudo, ainda que a REDE tenha se pronunciado a favor do golpe, a sua bancada foi liberada para votar e a ala “resistente” que votou contra o golpe incluía nomes como o do Senador Randolfe Rodrigues, que havia sido eleito pelo PSOL antes de trocar de partido.
O apoio do candidato do PMDB, partido de Temer e Cunha e principal articulador do golpe institucional, é um salto considerável na adaptação da candidatura do PSOL em Belém e descontenta uma série de militantes de sua própria base. O principal argumento de Edmilson para tentar conter as objeções é o de que o apoio não foi dado pelo PMDB – que “liberou” seus filiados e eleitores no segundo turno – mas sim, “individualmente” por Maneschy.
O PMDBista, por sua vez, afirmou que apoiará o PSOL porque quer mudança em Belém e tanto no aspecto pessoal como profissional se identifica com a candidatura de Edmilson, além de que, em reunião entre os dois, teria recebido a confirmação ao apoio a dois projetos que apresentou no primeiro turno: a construção de "Ceus" e do Posto de Saúde do Benguí.
O Diretório Nacional do PSOL vetou, ainda em julho, as coligações com partidos considerados da direita, que incluíam, entre outros, o PMDB. As alianças com petistas, que abriram caminho à direita e protagonizaram ataques aos trabalhadores durante mais de uma década, seguiram abertas, bem como as coligações com partidos golpistas como a REDE de Marina Silva. Mas, como argumenta Edmilson, não se trata de nenhuma "coligação", e, portanto, não há infração à deliberação partidária.
Veja abaixo o tweet de Edmilson celebrando o apoio e alguns tweets de eleitores que, em maior ou menor grau, questionam o apoio:
Em Cuiabá, Procurador Mauro transfóbico e contra o aborto
Outros episódios envolvendo candidatos à prefeitura de capitais que vão de encontro aos princípios do PSOL ficaram famosos, gerando revolta entre militantes e filiados. O principal deles é o do Procurador Mauro, que na disputa pela prefeitura de Cuiabá chegou a 24% dos votos. Denunciado por Silas Malafaia pelas posições defendidas pelo PSOL, o Procurador Mauro fez um vídeo (veja abaixo) em que reafirma uma postura contra o direito ao aborto, a legalização das drogas, além de declarações aberrantemente transfóbicas: "Sou contra a mudança de sexo" (sic).
No Rio de Janeiro, a candidatura de Freixo, que chegou ao segundo turno contra Crivella numa das principais capitais do país, tem veiculado um posicionamento contra o golpe e a PEC 241, representa uma face mais progressista e alinhada aos princípios do PSOL, em que pesem nossas diferenças sobre as perspectivas para combater a direita que podem ser conhecidas aqui.