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LGBTS
Prisma organizará audiência pública sobre uso de banheiro por transgêneros
Virgínia Guitzel
Travesti, trabalhadora da educação e estudante da UFABC

No dia 04 de Outubro, o grupo de Diversidade Sexual da UFABC, junto a outras entidades, organizará às 18h30 uma audiência pública para legitimar o uso do banheiro por pessoas trans, após casos de assédios com terceirizadas.

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Segundo o evento do Facebook "a audiência foi pensada em decorrência de acontecimento recente na universidade. Uma das funcionárias terceirizadas, mulher transexual, era aconselhada a usar o vestiário masculino e o banheiro para pessoas com deficiência, devido a sua identidade de gênero,, ficando exposta a uma situação extremamente preconceituosa e discriminatória, além de deslegitimar o reconhecimento de gênero da pessoa. Para que fatos como esse não se repitam, buscamos, com a audiência, a formalização sobre o uso dos banheiros, para que travestis, mulheres transexuais e homens trans possam utilizar o banheiro sem que sofram discriminação.

(...)

O uso dos banheiros para a grande maioria das pessoas é algo comum, naturalizado, sem quaisquer complexidade ou constrangimentos. Se você sente vontade de ir ao banheiro, você geralmente vai e se utiliza dele. Mas, principalmente para pessoas trans, ou seja, Mulheres Trans, Homens Trans e Travestis, o uso do banheiro é algo delicado e complexo, em virtude muitas vezes da falta de conhecimento e da Transfobia exercida por algumas pessoas cis que costumam reforçar a política do medo que existe em torno de um assunto que desconhecem".

A audiência reunirá importantes representantes da luta pelos direitos da população transexual e travesti, representantes feministas e dos direitos humanos. Entre elas estão: Virginia Guitzel, Magô Tonhon, Léo Barbosa, Neon Cunha e Daniela Andrade.

Magô Tonhon, mestranda em Cultura, Educação e Saúde na Universidade de São Paulo (USP); contou ao Esquerda Diário com indignação : "Quem diria que estaríamos a protestar requerendo o direito à fazer xixi e cocô em pleno século 21".

A pesquisadora de gênero e sexualidade, que é criadora do canal Voz Trans* no youtube, explicou "A transfobia é institucional assim como o racismo, paradigmas que requerem muito esforço para fugir da reprodução automática, as vezes proposital, as vezes sem perceber. Ouça suas próprias palavras e reconheça que impedir pessoas de fazer xixi e cocô é uma abominação ética".

Neon Cunha, publicitária e funcionária da Prefeitura de São Bernardo do Campo, relembrou a operação Tarântula da Polícia Civil de São Paulo, em 1987, que caçava travestis e transexuais, e as que não desapareciam ou eram jogadas no Rio Tietê acabavam sendo processadas por ultraje ao pudor público e crime de contágio da AIDS” (Folha de S.Paulo,19.03.87).

Segundo Neon: "Neste mesmo ano, o então prefeito de São Paulo, Jânio Quadros, orientou funcionários da limpeza pública a usar jatos d’água para afugentar as travestis das ruas paulistanas, segundo ele, não agüentava ver os “anormais” circulando livremente pela cidade. Quase 30 anos depois é triste constatar que pouca coisa ou nada mudou, em especial nos espaços que deveriam ser acolhedores aos mais vulneráveis, às vidas mais precárias, ver pessoas que desfrutam de conquistas sociais se tornarem conservadores e defensoras de exclusões sociais é no mínimo tão assustador quanto esta Operação.

Já para Juliana Fabbron, militante lésbica do Coletivo Prisma essa luta não é apenas das pessoas transsexuais, mas de todo movimento LGBT.

"Sabemos que o movimento lgbt não é unificado, que cada letra possui suas próprias demandas. Mas é parte de um movimento lutar também pelas demandas e pela visibilidade do outro. Dentro do próprio movimento LGBT ainda vejo que travestis, mulheres transexuais e homens trans são deixadas e deixados à margem e em uma luta solitária. Enquanto lésbica e participante do coletivo Lgbt Prisma, que atua na UFABC e também fora de seus muros, reafirmo a importância de uma luta conjunta, na qual as conquistas sejam consequência da luta coletiva, de todas as letras que compõem a sigla".

Depois explicou a importância da audiência: "A audiência sobre o uso dos banheiros é um passo fundamental para essa desconstrução (dos preconceitos). Essa discussão ainda se mostra como um tabu e vejo como algo essencial o movimento lgbt expor tabus para que sejam devidamente quebrados e para que direitos básicos como o uso do banheiro não tenham como reflexo a discriminação, o preconceito, as violências físicas e simbólicas e o cerceamento da liberdade. Já passou da hora do próprio movimento LGBT dar atenção às vozes da população Trans, para que essas vozes também sejam ouvidas e respeitadas pela sociedade na qual ainda prevalece a heterocisnormatividade".

Desta forma, a Prisma, o DCE, o Coletivo Feminista Claudia Maria e o Sindicato dos Trabalhadores da UFABC – SINTUFABC e A PROAP convidam toda a comunidade a participar desta Audiência, discutir as nuances que envolvem esta questão e legitimar o uso dos banheiros nas dependências da UFABC de acordo com o gênero com o qual as pessoas se reconhecem".

 
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