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ESTADOS UNIDOS – VIOLÊNCIA POLICIAL
Segunda jornada de mobilizações em Charlotte com um ferido em estado crítico
Gloria Grinberg

Logo após a segunda jornada de protestos em Charlotte, com enfrentamentos entre manifestantes e a polícia, a prefeitura informou que a pessoa que anteriormente havia sido dada por morta se encontra em estado crítico.

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“O civil que foi ferido com bala durante os protestos está em suporte vital [sendo mantido com vida artificialmente, N.T.], condição crítica. Não morreu”, esclareceu a prefeitura dessa cidade da Carolina do Norte em sua conta oficial do Twitter, na qual uma hora antes havia informado a morte. Segundo a Prefeitura, o disparo foi “de civil para civil”, não por fogo da polícia.

O governador da Carolina do Norte, Pat McCroy, declarou estado de emergência na cidade de Charlotte e ordenou a vinda da Guarda Nacional e da Polícia de Trânsito para apoiar os agentes locais. “Não podemos tolerar a violência e não podemos tolerar os ataques a nossos policiais”, disse McCroy à CNN.

Os policiais realizaram numerosas detenções, e na madrugada de quinta continuavam os choques entre dezenas de manifestantes e a polícia, que começaram pouco depois do entardecer.

As mobilizações tiveram início na última terça-feira, quando o agente afroamericano Brentley Vinson assassinou o afroamericano Keith Lemont Scott, de 43 anos, que segundo as autoridades andava armado. Os familiares de Scott garantiram que o homem estava esperando seu filho voltar da escola e negaram que tivesse uma arma. O assassinato ocorreu em um estacionamento onde poderia ser lido “Visitor”, fora de um luxuoso complexo de edifícios.

Charlotte é a maior cidade do estado da Carolina do Norte, com mais de 825 mil habitantes e 35% de sua população é afrodescendente. No início da tarde, já se viam manifestantes com cartazes em que se lia “as vidas dos negros importam” (Black Lives Matter) e “sem justiça, não há paz” (No justice no peace), entre outras consignas.

A mobilização havia começado no complexo de apartamentos em que Keith Lamont Scott foi baleado e tinha programada uma vigília no centro da cidade, no parque Marshall.

As forças repressoras atacaram com gases lacrimogêneos, e logo algumas pedras e garrafas foram atiradas pelos manifestantes. Esses enfrentamentos se prolongaram até de madrugada, com várias prisões e 16 agentes feridos.

Do mesmo modo, a rota interestatal número 85 permaneceu bloqueada por mais de cinco horas e um local da cadeia de supermercados Walmart foi saqueado, de acordo com declarações das autoridades.

Três assassinatos contra afroamericanos em uma semana

Há uma semana, assassinaram o adolescente Tyree King em Columbus, Ohio. Dois dias depois, a morte de um homem em Tulsa, Oklahoma, que tinha suas mãos atrás da cabeça quando foi assassinado pelo oficial. Na terça-feira em Charlotte, Scott foi a vítima fatal.

No caso de Tyree King, a polícia argumentou que sua arma de pressão era idêntica a uma pistola semiautomática Smith & Wesson utilizada pela polícia e pelos militares. Logo após esse crime contra o adolescente, que morreu no hospital infantil depois de receber mais de três disparos da polícia, as autoridades locais apenas podiam falar das “aparências” da arma. Não mencionavam que a única versão dos fatos é da polícia, já que não há filmagens e os policiais não carregavam câmeras em seus uniformes, como exige a regulamentação.

O homem que foi assassinado em Tulsa é Terence Crutcher, outro afroamericano de 40 anos. A polícia e alguns investigadores disseram que Crutcher portava drogas. Para seu advogado, isso não é motivo de fuzilamento. Em uma entrevista na quarta-feira, o pai de Crutcher, o reverendo Joey Crutcher, disse que seu filho havia participado das manifestações contra a violência policial e racista para repudiar os assassinatos contra afroamericanos.

Neste vídeo, podemos ver as declarações do pai de Terence.

Mais uma vez, as autoridades pediram calma, neste caso que comoveu a prefeita de Charlotte, Jennifer Roberts, que prometeu “total transparência na investigação do ocorrido”. A seu lado, o chefe da Polícia de Charlotte-Meckenburg, Kerr Putney, contou sua versão da história: “a história é muito diferente da que se conta nas redes sociais” e disse que os policiais pediram a Scott que jogasse a arma com a qual saiu do veículo, que no lugar do incidente foi encontrada uma arma próxima ao corpo da vítima e não um livro que lia enquanto esperava seu filho voltar da escola, como afirmaram seus familiares.

Repete-se a situação na qual a versão dos fatos mais difundida é o testemunho dos policiais assassinos, que não carregavam a câmera em seu uniforme (body camera) como indica o regulamento, contra o testemunho da família das vítimas.

Na tarde de ontem, Lyric Scott, filha de Keith, acusou a polícia de acabar com a vida de seu pai que estava desarmado, através de um vídeo que teve mais de meio de milhão de visualizações. Há muitas versões acerca da morte de Scott, muitas delas diferem da da polícia.

Os últimos três casos estão sob investigação e, junto aos acontecimentos em Charlotte, geraram repercussões a nível nacional, inclusive nos candidatos à presidência dos Estados Unidos.

Em um ato de campanha em Orlando (Florida), a candidata democrata, Hillary Clinton, lamentou ambas as mortes e disse que a morte de afroamericanos pelas mãos da polícia deve acabar: “Começa a se tornar intolerável”.

O candidato republicano, Donald Trump, através de sua conta no Twitter, qualificou de “trágicos” os fatos em Tulsa e Charlotte, e defendeu a união “para que os Estados Unidos sejam novamente seguro”.

O governador da Carolina do Norte, Pat McCroy, expressou seu apoio ao chefe da polícia de Charlotte e à prefeita por seus esforços para manter a calma na comunidade, enquanto o fiscal geral do estado, Roy Cooper, pediu que o caso seja investigado a fundo para que se faça justiça.

A União Americana de Liberdades Civis (ACLU) da Carolina do Norte exigiu uma investigação completa e transparente ao Escritório Estatal de Investigações (SBI) e ao Departamento de Polícia de Charlotte-Mecklenburg (CMPD), em especial pelas “versões contraditórias” a respeito da morte de Scott.

Em outras cidades dos Estados Unidos, também se desenvolveram mobilizações em repúdio aos assassinatos e para exigir justiça e para que esses casos não passem impunes.

As demonstrações de solidariedade se multiplicaram nas ruas e também nas redes sociais, que mostravam exemplos como o deste colégio em que estudantes e docentes tamparam as paredes com cartazes denunciando os assassinatos, o racismo e a violência policial.

Nos Estados Unidos, segue aumentando o número de vítimas da violência policial e racista, em Baton Rouge, Dallas, Milwaukee, além dos assassinatos que acabaram impunes e despertaram protestos massivos.

Tradução: Vitória Camargo

 
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