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PRIVATIZAÇÃO E ARROCHO SALARIAL
Petrobras: um ataque exemplar aos trabalhadores e às riquezas nacionais, a resposta será à altura?
Leandro Lanfredi
Rio de Janeiro | @leandrolanfrdi

A Petrobras vem batendo recordes de produção. Informou aos acionistas, à imprensa e aos trabalhadores da empresa que em agosto alcançou uma média de 2,2 milhões de barris por dia. No entanto, a empresa está sob fogo cerrado de Pedro Parente, presidente privatizador da empresa sob mando do golpista Temer. Diversas áreas já começaram a ser privatizadas. Campos gigantescos como o de Carcará entregues ao imperialismo. Aos petroleiros propuseram um acordo coletivo com aumento muito inferior a inflação (menos de 5%), redução de jornada com redução de salário e drástica redução de direitos, como por exemplo o valor da hora extra. Toda grande mídia comemora a ofensiva. Querem fazer dos petroleiros e do petróleo brasileiro um símbolo de uma nova era. Os petroleiros deixarão?

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Uma ofensiva coordenada da mídia, Congresso e governo

O petróleo nacional e os petroleiros estão na mira. Rodrigo Maia, presidente da Câmara já anunciou que votará na primeira semana a entrega do pré-sal. Esse projeto aprovado em fevereiro mediante um acordo de Serra e Renan com Dilma só foi adiado para não comprometer nenhum plano eleitoral dos deputados. Querem entregar o petróleo nacional e rápido.

Antes da posse de Temer a Shell já estava dando entrevistas a diversos meios afirmando como o Brasil, e em especial o pré-sal brasileiro, maior província de petróleo descoberta em todo mundo nas últimas décadas seria sua maior fonte de riqueza na próxima década. Não declarava isso ao vento. Já sabia que não faltava quem operaria por seus interesses na Petrobras (Parente), no Congresso e no governo Temer. Tanto o presidente golpista como o tucano ministro das relações exteriores já foram citados no Wikileaks (pela embaixada americana) como informantes e defensores de interesses americanos no país, sobretudo no que tange ao petróleo.

Na mídia lemos diariamente como os petroleiros são privilegiados, verdadeiros marajás, todo um linguajar ressuscitado dos anos 90. Aplaudem a privatização, aplaudem os desligamentos via PIDV que tornam diversas operações inviáveis ou altamente inseguras e aplaudem as quase 270mil demissões de terceirizados nos últimos dois anos. Para eles esses números, são números, não são gente, com família, e gente na rua, sem salário, uma cidade inteira quebrada com gente à espera de uma maneira de voltar para suas casas no norte e nordeste (como Itaboraí no Rio de Janeiro) seria sinal de modernização, eficiência.

Perseguem dois objetivos esse conjunto de inimigos: privatizar e dar um exemplo a todos trabalhadores a partir de impor uma derrota a uma categoria organizada, de clara hegemonia da CUT (portanto associada ao PT), utilizada mil vezes nas eleições vezes pelo PT como exemplo, para assim mostrar a todos trabalhadores brasileiros que se os petroleiros foram dobrados a aceitar perda de direitos e salários todos também deveriam aceitar.

Tal como a Fenaban quer dar um exemplo com os bancários, Temer e Parente querem dar um exemplo com os petroleiros

Outra importante categoria está enfrentando uma dura luta nesse mesmo momento: os bancários. Mesmo com seus estratosféricos lucros, tal como os recordes de produção da Petrobras, a Federação dos Banqueiros (Fenaban) quer impor uma perda salarial e outros retrocessos aos bancários. As duas categorias nacionais tem a mesma data-base e poderiam estar lutando juntas contra o arrocho do governo Temer, patrão dos petroleiros e de parte expressiva dos bancários (no BB e Caixa) e contra as patronais que junto ao governo golpista querem impor esse arrocho como símbolo.

Na Petrobras a proposta é mais escandalosa, envolve alteração no cálculo das remunerações de final de semana (e o TRT-RJ já julgou, à jato que a Petrobras pode impor seu novo cálculo esse mês sem acordo, sem julgamento da justiça, sem dissídio...), redução drástica no valor das horas extras (para compensar a demissão em massa dos dois PIDV), redução da jornada para 6 horas e redução em 25% do salário do horário administrativo. Isso para não mencionar a indecorosa proposta de aumento salarial que corresponde quase metade do índice da inflação.

O plano de fundo é acabar com a Petrobras como empresa de energia – plano iniciado ainda sob o PT

Cantado aos quatro ventos, o projeto de Pedro Parente inclui privatizar boa parte da empresa e concentrar todos investimentos na área de produção (abandonando inclusive a “exploração” de novas áreas). Segundo o novo plano de negócios da empresa 80% dos investimentos seriam concentrados aí, onde há maior lucratividade. Esse plano é de tornar a empresa mera exportadora de óleo cru.

Tal como diversos ataques planejados pelo governo Temer estes ataques são uma continuidade e incremento do que já vinha sendo implementado nos governos do PT. Os 80% de investimento na área de plataformas já era uma realidade da ordem de 70% no período de Graça Foster. As demissões em massa de terceirizados e o plano do primeiro PIDV foram traçados naquela gestão. Os “desinvestimentos” também. Portanto, é necessário saber que o inimigo que os petroleiros têm que derrotar não se concentram meramente no PMDB, PSDB e em Parente, mas também na herança e gestores do antigo governo Dilma.

Querem os petroleiros e o petróleo nacional como exemplo de um novo país, lá dos anos 90, os petroleiros deixarão?

Os petroleiros deixarão esse conjunto de ofensivas passarem? Ou retomaram e superarão sua grande luta de 1995? A mídia e os golpistas estão impondo uma luta decisiva.

Para derrotar tamanha ofensiva é necessário tirar lições das últimas greves da categoria, incluindo retomar lições daquela greve histórica, tudo isso à luz da nova situação política do país.

Na última greve da categoria onde os trabalhadores participaram mais ativamente da vida da greve, dos piquetes às assembleias puderam impor a continuidade da greve por muitos mais dias do que a Federação Única dos Petroleiros queria. Para uma luta decidida é preciso fazer isso e muito mais. Garantir uma real democracia na categoria, com assembleias que opinem e decidam no rumo da greve e não só plebiscitárias sobre manter ou sair da mesma, deixando todos os rumos nas mãos de diretores sindicais que faz anos ou décadas que não pisam em refinarias, terminais e plataformas. Com assembleias reais é possível construir um comando nacional de delegados, instância democrática para conduzir a greve e unificar a categoria nacionalmente.

Essa lições precisam ser ampliadas à luz da barreira que os petroleiros encontraram em sua heroica greve de 1995. Ali onde os petroleiros tomaram em suas mãos os rumos do movimento, como em Cubatão sequer o exército pode ocupar a refinaria, a imensa disposição de luta não pode, apesar do apoio, se tornar uma greve geral contra a ofensiva neoliberal porque a direção da CUT e do PT trabalharão para isolar a categoria. Havia paralisações de metalúrgicos e de professores em São Paulo e mobilizações do MST em todo país em apoio aos petroleiros, não transformaram em greve geral porque apostaram em uma oposição calma e ordeira esperando as novas eleições de 98 (vencidas triunfalmente por FHC). Lula e Vicentinho (presidente da CUT naquele momento) chegaram ao cúmulo de ir à TV defender o fim da greve quando a categoria ainda queria seguir em luta.

Hoje o PT volta a se colocar como oposição, mas novamente como uma oposição que se prepara para criticar alguns ataques, fazer greves, mas se preparar “ordeiramente” para 2018. A elite, o imperialismo, não são lá muito ordeiros e legalistas. Rasgam a constituição quando querem, impõem um golpe institucional quando querem.

Os petroleiros precisam da mesma decisão. E para isso precisam superar o isolamento da categoria, o que passa em primeiro lugar por buscar a unificação com os bancários que seguem em greve. A convocação de uma paralisação dos petroleiros no dia 29, mesmo dia de paralisação de metalúrgicos (e último dia de campanha eleitoral no país) pode ser um passo adiante se os petroleiros tomarem em suas mãos os rumos da luta decisiva que tem pela frente. E nisso superarem os entraves que suas direções sindicais colocam. Temer, a Shell, a rede Globo, e vários outros inimigos querem dar um exemplo. A luta contra eles também deve ser exemplar.

 
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