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ELEIÇÕES MUNICIPAIS
Sebastião Melo, o candidato de Sartori e Temer para a prefeitura de Porto Alegre
Valéria Muller

Dominando o tempo de TV no primeiro turno, Melo prefere fingir que nada tem a ver com seu partido, o golpista e corrupto PMDB. No primeiro debate na televisão declarou "meu partido é minha cidade", relembrando a cínica campanha de Sartori "meu partido é o Rio Grande".

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Com 14 partidos por trás de sua candidatura, Melo sobe nas pesquisas pois tem a maior parte do tempo de TV. Desde 2005 Porto Alegre vem numa sequência de prefeitos que se reelegem e depois elegem seu vice. O primeiro deles foi Fogaça, que na época era do PPS e depois foi para o PMDB. Com o slogan "fica o que tá bom, muda o que não tá", interrompeu mais de uma década de gestão petista na cidade. Depois dele foi a vez de José Fortunati (PDT), reconhecendo problemas na atual gestão e prometendo ’trabalhar’ para resolvê-los. Melo é a continuidade desse discurso, e certamente continuará sem resolver nem problemas mais básicos.

Seu partido dispensaria comentários, mas nunca é demais lembrar: O PMDB, do presidente golpista Michel Temer, dos corruptos Eduardo Cunha e Renan Calheiros, dos desastrosos governadores José Ivo Sartori, Antônio Britto e Germano Rigotto. Seria possível citar um infinidade de péssimos exemplos para ilustrar o PMDB, um partido que durante anos esteve vários governos, com grandes bancadas na Câmara e no Senado. Seus políticos, de diferentes perfis, se assemelham na defesa convicta das necessidades da burguesia.

Os métodos de corrupção, lavagem de dinheiro, superfaturamento de obras, fraudes em licitações e tantas outras práticas "exemplares" dos políticos burgueses são comuns no partido. O governo Temer, com suas medidas "impopulares", que retiram direitos sociais e trabalhistas para garantir que a classe trabalhadora pague pela crise capitalista, é a expressão do quanto o PMDB é uma testa-de-ferro da classe dominante, um mero executor de suas vontades.

Embora Melo não seja dos mais exacerbados defensores do governo golpista de Temer, não se pode esperar nada de diferente em uma gestão municipal sob seus comandos. Terá que lotear a prefeitura entre os seus apoiadores: PDT, PHS, PROS, PTN, PRTB, PRB, PSDC, PPS, PSB, PSD, DEM, REDE e PEN. Não sem disputar algumas legendas com Marchezan Jr. e a REDE com Luciana Genro, sua ampla coligação e uma ajuda da RBS, filiada da Rede Globo no estado, lhe garantem o favoritismo.

Melo não traz nada de novo em sua tática para reeleição. Não aprofunda os problemas e supervaloriza o que lhe parece bom. A corrupção na prefeitura, com obras superfaturadas e desvio de dinheiro em contratos terceirizados (como por exemplo as denúncias no DEP), assim como o debate sobre o PMDB e suas escandalosas atuações no cenário estadual e federal, jamais são focos de discussão. Assim como o PT, esconde sua legenda partidária e prefere fingir que o cenário político nacional não existe.

Transporte: A licitação do transporte é tida por Melo como uma vitória, porém, quem saiu satisfeito do processo foi só a prefeitura e os empresários. Sem debate e participação dos trabalhadores rodoviários e do efervescente movimento social de luta pelo transporte público, quase nada mudou com a licitação. Apenas colocou na legalidade as mesmas empresas que já rodavam sem licitação, dando ainda mais poderes aos empresários do transporte.

Após a licitação algumas empresas extinguiram horários e tabelas, demitindo trabalhadores e deixando os ônibus ainda mais lotados e demorados. A licitação serviu também para transferir algumas linhas da Carris para empresas privadas, ampliando o lucro dos empresários e aprofundando a crise da mais importante empresa pública da cidade. O previsto era que as novas frotas seriam 100% equipadas com ar condicionado, o que nunca ocorreu. Em alguns casos as empresas até pintaram os ônibus antigos com as novas cores para tentar convencer que eram novos. Entre as linhas que rodam pelas periferias, a maioria ainda é composta somente por veículos velhos, sucateados e com horários restritos. Para piorar, os rodoviários, muitas vezes, não dão conta de cumprir esses horários devido ao curto tempo estimado para cada volta.

De um lado, trabalhadores e estudantes mofando nas paradas de ônibus ou esmagados nos ônibus lotados; de outro, trabalhadores rodoviários sobrecarregados, estressados e sem conseguir dar conta do próprio trabalho. O vice-prefeito, pelo visto, desconhece esses problemas. Para ele a licitação foi uma vitória de sua gestão, para os trabalhadores, mais precarização da vida.

Saúde pública sucateada: Outro ponto que ele valoriza é a saúde. Qualquer usuário do SUS pode explicar a Sebastião Melo que a saúde pública não é uma vitória em Porto Alegre. As filas gigantes, a interminável espera por leitos, o atendimento feito nos corredores, o Hospital de Pronto Socorro sucateado, os postos de saúde onde faltam médicos e infraestrutura, como o postão da Vila Cruzeiro, que atende uma parcela enorme da cidade. Não são raros os protestos de trabalhadores dessa e de outras áreas, que tentam combater a precarização. Em resposta a prefeitura não só não resolve os problemas, mas também corta ponto de grevistas e garante cada vez mais arrocho salarial aos municipários.

Restrição dos direitos democráticos: Além de tudo isso, a atual gestão ainda tenta impor um decreto que ataca diretamente o direito à manifestação. Com a desculpa de "regulamentar as atividades no espaço público" a prefeitura promove, na verdade, o cerceamento da utilização do espaço público, sobretudo em manifestações políticas e culturais. A proposta prevê que qualquer atividade que reúna mais de 30 pessoas deve ser autorizada previamente pela prefeitura, e as que não forem liberadas podem ser impedidas de acontecer. Sem dúvidas a Brigada Militar e a Guarda Municipal seriam os auxiliares da prefeitura neste caso, reprimindo os movimentos.

A vice de Melo, Juliana Brizola é deputada estadual pelo PDT e conhecida por ser neta de Leonel Brizola. Foi indicada por intervenção do presidente nacional do seu partido, Carlos Lupi. Juliana tem discursos e práticas moderados, e não representaria uma pressão à esquerda ao futuro governo. Ela foi favorável, por exemplo, ao aumento do ICMS no RS, que pesou no orçamento das famílias gaúchas.

No período da ditadura militar, Melo foi membro do MDB e presidente do centro acadêmico da faculdade de Direito da Unisinos. Ocupou cargos importante dentro do PMDB até se eleger vereador por três mantados, e, posteriormente, vice-prefeito. No seu primeiro programa de TV esforçou-se em se mostrar como um trabalhador, vindo do interior de Goiás para tentar a vida na cidade grande. Embora tenha, de fato, trabalhado durante a juventude, Melo é um político de carreia como tantos outros. Nada próximo de um proletário que dedicou a vida ao trabalho, como tenta insinuar sua propaganda.

 
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