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PROFESSORES DO RS
A um ano da assembleia roubada: lições a tirar sobre o golpe da direção central do CPERS
Diego Nunes
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Na foto, professores se rebelando contra a atitude burocrática e antidemocrática da direção do CPERS em 11 de setembro de 2015

Com salário de fome e ainda parcelado cresce o número de professores que não tem como alimentar sua prole, comprar remédios, pagar dívidas. Humilhado e vexado o professor pede paciência ao dono do mini mercado da esquina, paga juros indevidos ao banco, isso se o cheque especial ainda estiver lá, pois o sociopata do governador não pensa, mas alguns realmente passam por dificuldades. Como entrar na sala de aula com toda essa carga de estresse e ainda sofrer represálias por parte das direções de escola por ser grevista?

Muitos foram os professores que se exoneraram, pois o sonho do magistério falece com o desrespeito do governo. Permanecem os acomodados ou os que realmente não tem outra opção de sustento. Porém, pode não parecer, mas muitos ainda sonham com o papel transformador da educação pela via da conscientização. Ser educador no atual contexto é um projeto de vida revolucionário. Como diz em um muro pichado: "amar em tempos de ódio é um ato revolucionário".

Não se pode esquecer que no ano passado, dia 11/9, emblemático pela queda das torres gêmeas em 2001, e pelo golpe de Pinochet no Chile em 1973, a direção do CPERS golpeou a democracia em assembleia geral à revelia da vontade da categoria que lotava o Pepsi on Stage em Porto Alegre sedenta por greve. A pauta governista de entrega da greve não era o único aspecto do momento, grades e seguranças separavam o público indignado da direção que restringia as falas. A direção (PT/CUT e PCdoB/CTB) tinha então o compromisso de blindar o governo Sartori (PMDB), pois o partido do governador ainda garantia a nível federal alianças com o PTismo. Para quem não lembra, a direção central do CPERS chegou a anunciar na mídia o fim da greve um dia antes da assembleia.

Assim, a burocracia sindical do PT e PCdoB construíram junto a Sartori a maior derrota da categoria dos últimos tempos. Por isso passaram vergonha este ano quando estudantes indignados com a condição de seus professores e escolas, ocuparam suas instituições, ai resolveram impulsionar uma vergonhosa greve de professores numa assembleia geral com pouco mais de 3 mil pessoas. No ano passado eram 15 mil no Gigantinho, momento em que a burocracia sindical defendeu a tese do eterno acúmulo de forças propondo apenas três dias de paralisação e uma unidade com a polícia que todos viram no que resultou. Essas lições de 2015 devem permanecer vivas na memória, pois mais do que nunca a base dos educadores e funcionários de escola precisam de uma alternativa que rompa com o imobilismo da CUT e da CTB e imponha ao sindicato uma luta forte, realizando assembleias nas escolas, em cada local de trabalho para construir uma greve combativa e forte com ampla participação da base da categoria.

O que as direções sindicais burocratas propõem com interesses eleitoreiros não é o bastante. Quem irá parcelar trabalho nesta altura do campeonato devido ao salário parcelado? É preciso um plano de luta que coloque a base da categoria como protagonista dos atos e greves, como os professores mexicanos, que imponha uma luta forte e combativa ao governo corrupto e golpista que ameaça o futuro. Para isso é preciso exigir que o CPERS faça assembléias de base nas escolas. Não é aceitável permanecer refém de forças políticas que lotam congressos com suas teses (no último congresso em Bento Gonçalves a maioria da CTB e da CUT não estavam em greve!), mas, não lotam as ruas com a força do interesse coletivo. Assembléias de base em cada local de trabalho significa uma abertura democrática para a construção coletiva dentro do sindicato, somente assim cada local de trabalho poderá mandar suas demandas ao sindicato. Assumamos nosso papel histórico! Se não por nós, pelas próximas gerações. Seremos cobrados pelo mundo que estamos deixando se criar. Toda uma geração de secundaristas apontam para um futuro próximo de lutas e vitórias.

Lutar por uma educação libertária significa também combater as ameaças de reformas educacionais que objetivam a obediência e o trabalho sem questionar, no terreno dos interesses das elites empresariais e reacionárias. Como respectivamente representam os PLs 6840/13 e 193/16 que tramitam no congresso nacional.

Parcelar o trabalho devido ao salário parcelado é um meio de luta que beira o ridículo, tem pouca adesão e deixa o sindicato mal falado, pois os professores sabem que terão que recuperar aulas. Um sindicato forte se faz com uma luta forte com a base da categoria. É importante exigir que o sindicato não apenas visite as escolas para um "diálogo" com a categoria, mas que agende reuniões e assembléias, onde os professores e funcionários possam votar suas demandas e inclusive a adesão às greves. Pois a adesão à greve não deveria ser uma decisão individual dentro da escola, mas como é em assembléia geral, uma decisão coletiva, com sufrágio universal, ou a escola toda para ou não para. Dessas pequenas assembléias poderia-se imaginar assembléias gerais mais cheias. Este seria o papel de quem está à frente do sindicato, e não ficar em seus gabinetes aguardando o despertar das massas. Nós do MRT exigimos que CUT e CTB saiam do imobilismo e construam uma luta verdadeira com a base!

 
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