Em Berna, a Procuradoria suíça não informa os valores mantidos por Cunha. Mas o Ministério Público do país confirma que os ativos continuam congelados. No final de outubro de 2015, o ministro Teori Zavascki determinou o pedido de transferência do dinheiro da Suíça para o Brasil, em um volume de cerca de 2,5 milhões de francos suíços (R$ 8,6 milhões). No total, os suíços já bloquearam cerca de US$ 800 milhões em mais de mil contas relacionadas com ex-diretores da Petrobras, políticos brasileiros, executivos de construtoras e operadores. Mais de 40 bancos suíços estão implicados, num dos maiores casos de corrupção já investigados em Berna.
Cunha, cuja trajetória vai da ascensão a queda, renunciou ao cargo de presidente da Câmara dos Deputados e, nesta segunda-feira, 12, teve o mandato cassado. Entretanto, a perda do mandato não muda sua condição legal na Suíça, que mantém seus milhões roubados, intactos.
Para que o dinheiro volte aos cofres públicos, uma possibilidade é de que haja um eventual acordo de delação premiada e, no pacto, Cunha aceite devolver o montante.
A outra opção é de uma condenação final. Cunha é réu em uma ação penal no Supremo Tribunal Federal (STF), além de responder a uma denúncia e a três outros inquéritos em investigações relacionadas com a Operação Lava Jato. "Apenas depois de uma sentença de confisco definitivo é que os ativos podem ser devolvidos ao Brasil", explicou o MP suíço. Resta saber se a justiça golpista poderá mesmo levar a cabo uma condenação contra Cunha.
Ao jornal O Estado de S. Paulo, o Ministério Público da Suíça confirmou que as contas de Cunha estão congeladas desde abril de 2015, quando o brasileiro passou a ser investigado por lavagem de dinheiro e corrupção, e que não existe decisão de uma liberação.
No final de 2015, o Ministério Público da Suíça afirmou que transferiu ao Brasil, "de forma definitiva", todos os documentos e detalhes de contas bancárias encontradas em nome do ex-presidente da Câmara dos Deputados.
Cunha chegou a abrir um processo na Justiça suíça para impedir o envio da documentação e, à reportagem, revelou que se colocou à disposição para explicar aos suíços a origem dos recursos. Mas, em duas instâncias diferentes, foi derrotado.
Assim, a investigação criminal foi transferida de forma definitiva às autoridades brasileiras e, segundo os suíços, todas as contas e movimentações descobertas relacionadas com Cunha estavam no pacote enviado ao Brasil. Os papéis também traziam detalhes das contas de sua mulher e filha. Ele nega e aponta que era apenas usufrutuário dos valores.
A grande cena da cassação de Eduardo Cunha que hoje serve para tentar limpar a cara da câmara que se sujou com o golpe ainda pode terminar em pizza para este que o um dos clássicos representantes da asquerosa política dos patrões. Em liberdade e com tanto dinheiro na Suíça, Cunha ainda pode ter uma boa vida cheia de privilégios junto a outra centenas de "Cunhas" que o cassaram e seguem ativos na política contra os interesses da população trabalhadora.
Enquanto Cunha tem guardado seu dinheiro roubado, os que lutam contra o governo golpista nas ruas são criminalizados e brutalmente reprimidos, está é a justiça de classe que alivia aos "Cunhas" e massacre o povo pobre e os lutadores.
|