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LAVA-JATO
Pequenas empreiteiras, grandes negócios: o efeito Lava-Jato
Guilherme Costa

A operação Lava-Jato vem abrindo espaço para novos empreendimentos no setor da construção civil. As principais empreiteiras do país estão enterradas dos pés às cabeças em investigações de corrupção, diminuindo substancialmente suas atividades nos últimos dois anos, e “pequenas” e médias empreiteiras estão aproveitando a crise para crescer.

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Foto: Marcelo Odebrecht, presidente da Odebrecht, único empresário envolvido até agora preso.

Das 15 maiores empreiteiras do país, 9 delas estão envolvidas nos escândalos de corrupção. Nos últimos dois anos, muitas entraram em recuperação judicial e abandonaram obras. Em 2013, antes do início das operações de Sergio Moro, o faturamento das 15 maiores empreiteiras do país somavam mais de R$ 50 bilhões; ano passado o faturamento total caiu para cerca de R$ 30 bilhões. Tais informações podem ser vistas nessa matéria que recentemente saiu no Estadão.

Diante dessa crise, pequenas e médias empreiteiras estão surgindo com força. A Paulitec, por exemplo, subiu 17 posições no ranking de construtoras no ano passado. A gaúcha Tonielo Busnelo obtiveram aumento de 18% na receita do ano passado, alcançando um montante de R$ 720 milhões.

Respeitando a máxima burguesa de “a crise cria oportunidades”, essas empreiteiras aproveitam a crise iniciada pela Lava-Jato não para reconfigurar as relações entre os governos e as empresas da construção civil de maneira idônea ou qualquer outra fantasia similar, mas sim para ocupar o espaço que gigantes como Odebrecht, OAS, Queiroz Galvão, Camargo Corrêa e tantas outras ocupam.

As licitações no Brasil, fraudulentas e superfaturadas, são uma das maneiras mais tradicionais de se perpetuar a corrupção ativa. A própria Tonielo, por exemplo, já foi denunciada em Caxias do Sul pelo superfaturamento de uma obra na cidade.

Fenômenos como esses seguem o conselho do aristocrata francês do século XVII, La Rochefoucauld, que disse: “se há sangue nas ruas, compre propriedades”. Se há crise, faça licitações. Enquanto isso os trabalhadores da construção civil seguem sofrendo com as condições péssimas de trabalho, a população segue enganada com a continuação das licitações fraudulentas e superfaturadas e o “partido judiciário” vai mostrando suas contradições pela seletividade explícita.

De que vale substituir uma Odebrecht por uma Toniolo Busnello? O objetivo das construtoras é ampliarem incessantemente seus lucros, seja pela via legalizada ou ilegal. Aqui se opera uma lógica onde se retira um mal para dar lugar a outro mal, talvez menor, talvez não. A questão é que as movimentações do judiciário não visam o fim da corrupção.

Mas como já denunciamos inúmeras vezes no esquerda diário, a Lava-Jato é funcional para alguns donos do mundo. Como um dos elementos mais ativos do golpe institucional, a operação de Sergio Moro trás interesses volumosos do capital estrangeiro. Não à toa empreiteiras estrangeiras, como a gigante sueca Skanska, e a francesa Technip, mesmo com denúncias comprovadas, se mantêm ilesas.

Esclarecer os objetivos da Lava-Jato para todos é imprescindível. Isso não significa se ausentar do combate a corrupção. Pelo contrário, a única forma de levá-lo a frente até o final é a partir de júris populares, com a força dos trabalhadores e a da juventude nas ruas, para impor uma reconfiguração do sistema a partir de uma assembleia constituinte livre e soberana. Ligar a luta contra Temer, os ajustes e a corrupção só pode encontrar uma saída através de um caminho independente como esse.

 
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