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LUTA CONTRA TEMER E OS AJUSTES
Seguir nas ruas contra o golpe. Um debate com os manifestantes de Caxias do Sul
Leonardo Cechin

Podemos começar dizendo que é preciso resistir. A partir de um golpe institucional, se instalou um governo ilegítimo, que com medidas de ajuste pretende avançar sobre décadas de direitos dos trabalhadores e da juventude. Algo que a burguesia exigiu do PT e este não foi capaz de cumprir.

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Com o aprofundamento da crise capitalista mundial de 2008, os grandes grupos financeiros não puderam mais permitir as pequenas concessões que os governos petistas de conciliação de classes vinham fazendo. Passou a ser necessário um governo que ajustasse de maneira mais rápida e mais dura, que patrolasse a vida do povo sem timidez nenhuma. A classe média, o judiciário e a grande mídia trataram disso juntamente com os políticos mais corruptos e reacionários do país. Por meio de um processo de impeachment onde os papéis acusavam Dilma de uma coisa e os discursos de outra, Michel Temer tomou posse na presidência.

Logo a classe média saiu das ruas assim como a corrupção saiu das manchetes da mídia, como se agora os problemas do Brasil estivessem solucionados e até a Lava-Jato nem fazem mais questão que exista, agora que o paladino da justiça Sérgio Moro cumpriu a missão para qual foi treinado no Departamento de Estado Norte-americano, que era pregar o petismo como originador da corrupção e garantir a entrega dos recursos naturais do país às multinacionais estrangeiras.

Desde o ano passado alertávamos sobre a necessidade de combater a direita com os métodos dos trabalhadores, greves e paralisações. Pois somente desta forma teríamos derrotado o golpe. Ao contrário disso, o PT, assim como em todos os anos anteriores de governo, imobilizou as centrais sindicais e entidades estudantis, enquanto Lula negociava os votos dos deputados por cima. Foi por temer mais a luta de classes que o próprio golpe, que o PT durante todo o tempo tentou negociar com a direita enquanto houve muito pouca resistência nas ruas e nenhuma nos locais de trabalho, permitindo que a junta golpista assumisse seu lugar livremente.

Provando ser mais um partido da ordem, o PT hoje permanece nos limites da institucionalidade burguesa indo ao STF tentar anular o impeachment, enquanto sua militância reivindica "Diretas Já" nos atos contra Temer.

Sabemos que os poderes do Estado são golpistas e atendem aos interesses de classe da burguesia, que nesse momento são a manutenção do governo golpista, o avanço dos ajustes e a retirada de direitos trabalhistas. Da mesma forma, também sabemos que nesse momento novas eleições são uma maneira de tentar "solucionar" a crise política por dentro do regime e reconstruir o PT pela via eleitoral com a volta de Lula em 2018. Dessa forma, nada se resolve de fato, pois apenas reconfigura os jogadores sem mudar as regras do jogo e ainda dá mais legitimidade democrática para o PT poder voltar a ajustar e atacar os direitos dos trabalhadores.

Como já abordamos aqui, em Caxias do Sul a candidatura de Pepe Vargas à prefeitura da cidade se orienta à direita, omitindo o golpe, para se desvencilhar do antipetismo da região e ter chances de chegar à um possível segundo turno. Isso faz com que o partido não coloque peso nenhum em compor os atos contra o golpe, que dirá convocá-los.

Já a UJS, juventude do PCdoB que lança o dirigente sindical Assis Melo à prefeitura, se mostra mais vezes mas muito aquém do que poderia apresentar. Eles dirigem o DCE da maior universidade da cidade, a UCS, além de Grêmios Estudantis, e comparecem num ato com menos de vinte pessoas, mostrando que nenhum trabalho de base é feito nos espaços onde está, separando, assim como os petistas, as eleições municipais da luta, priorizando a primeira em detrimento da luta.

Até aí nada fora do comum. Os partidos da ordem priorizando cargos e deixando as lutas de lado. O que se apresenta de novo é a quantidade crescente de pessoas independentes, ou seja: que não se organizam em nenhum partido. Majoritariamente jovens, sejam estudantes ou trabalhadores, que não necessariamente se identificam com Dilma mas muito menos com o golpista Temer. Queremos dialogar com esses setores.

Nós do Movimento Revolucionário de Trabalhadores, que impulsionamos no Brasil o portal internacional Esquerda Diário, participamos dos atos contra o golpe, porque achamos que este não foi somente contra Dilma e o PT, mas os trabalhadores e a juventude. Paralelo a esta luta, em Caxias estivemos presentes nas ocupações de escolas e na greve de professores, ambas contra Sartori, que é do mesmo PMDB de Michel Temer.

Acreditamos que nem uma reforma política que exclui ainda mais a esquerda, muito menos a Lava-Jato impulsionada pelo imperialismo, são capazes de mudar concretamente a situação em que o Brasil se encontra. Para nós, para dar fim ao desemprego, a corrupção e a precariedade dos serviços públicos, precisamos de uma Assembleia Constituinte imposta pelas lutas, onde o povo possa julgar os corruptos e definir os rumos do país.

Ao mesmo tempo que para derrotar o governo golpista de Temer, estarmos nas ruas não basta. Isso não quer dizer que tenhamos que sair delas, pelo contrário. Precisamos intensificar e massificar os atos contra o golpe, mas ao mesmo tempo que batalhemos para construir uma greve geral, que paralise a produção e ameace a economia, que é a espinha dorsal dos donos do poder interessados no golpe. É preciso exigir dos partidos que se dizem contra o golpe, e dos sindicatos que eles controlam, assembleias nos locais de trabalho para organizar a luta contra os retrocessos que Temer representa e a partir disso convocar greve por tempo indeterminado contra o governo golpista e antipopular de Michel Temer!

 
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