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SAÚDE PÚBLICA
Oito em cada dez bebês com danos do zika nascem de mães negras
Yuri Capadócia
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Segundo um balanço divulgado em junho deste ano já foram registrados cerca de 3.530 casos suspeitos de microcefalia associada à infecção do zika vírus no país. Uma epidemia causada por um mosquito transmissor que nem deveria mais existir em pleno século XXI. Uma demonstração de mais uma batalha não dada pelos governos capitalistas que no alto de seus privilégios deixam a população padecendo por um mosquito enquanto pensam em como atacar mais os serviços públicos.

Já era de conhecimento que o Nordeste, área em que surgiram os primeiros casos de zika, era a região mais afetada pelos casos de microcefalia. Para além disso, segundo revela levantamento feito pela Folha, os casos se dão predominantemente na população negra. O percentual mais alto é do Ceará –93,9% das mães de bebês com má-formação ligada ao zika são negras. Pelo Censo 2010 do IBGE, pretos e pardos somam 66,4% da população do estado. No país, pretos e pardos representam pouco mais de metade, mas são praticamente 80% das mães com bebês com má-formação.

Tratando-se de uma doença cujo vetor é um mosquito, a responsabilidade e a negligência do governo já começa pelo fato de os focos do mosquito estarem associados a regiões carentes sem acesso a saneamento básico, água encanada, e coleta adequada de lixo.

Outra demonstração do descaso por parte do governo à situação: é negar às mulheres gestantes afetadas pelo vírus o direito à escolha e o acesso ao aborto. Intimado a se manifestar a respeito, por conta da ação movida pela Associação Nacional de Defensores Públicos (Anadep), o Senado, na figura de seu presidente o senador Renan Calheiros, já disse que a "repulsa ao aborto está profundamente arraigada na cultura brasileira", sintetizando como os parlamentares conservadores não estão dispostos a encarar de frente a questão.

Na própria questão do acesso ao aborto a desigualdade racial entre mulheres negras e brancas se reflete, que, apesar de proibido para casos de microcefalia, é mais seguro e acessível para a classe média, predominantemente branca.

E além da garantia ao acesso aborto, os governos deveriam garantir também às mulheres que decidam pela gestação todos os recursos médicos e psicológicos, caso seus filhos nasçam com microcefalia.

Os dados somente expõem o que é fato no Brasil, os negros são a população mais vulnerável e exposta a todos os tipos de mazelas na sociedade brasileira. Excluídos desde a abolição da escravidão, marginalizados e expulsos para as regiões mais periféricas e sem estrutura das cidades. O Estado perpetua esse racismo na falta de investimento em políticas públicas para combater essa calamidade da saúde pública que é a epidemia desse vírus, acarretado por um mero mosquito.

 
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