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RIO DE JANEIRO
Eleições em Niterói: justiça impede chapa do golpista Rodrigo Neves, mas não age contra outros candidatos
Ronaldo Filho
Professor da rede estadual do RJ
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Na última sexta-feira (09/09), a justiça eleitoral indeferiu o registro da chapa à reeleição da prefeitura de Niterói de Rodrigo Neves e Axel Grael pelo PV, após apurar a denúncia do candidato Felipe Peixoto do PSB. O motivo foi a condenação de Axel Grael que quando presidente da fundação estadual de florestas (IEF- 1991 a 1993) teve suas contas rejeitadas e deveria devolver aos cofres públicos mais de 52 mil reais (corrigidos), o que ainda não aconteceu e segundo a LC nº 64/90 art. 1º-l-g, não poderia concorrer a cargo público até sanar seu débito. Mas por trás desta notícia de aparente ação correta do judiciário, se esconde uma lógica clientelista onde a justiça seleciona quem deve ser punido.

Não que esta ação seja injusta, pois Axel Grael além de já citado, também é réu em vários outros processos na justiça eleitoral, foi secretário do meio ambiente do governo Sérgio Cabral na época da tragédia do morro do Bumba e ex-presidente da FEEMA, onde concedia licenças ambientais para empresas poluidoras como a construtora UTC, investigada na operação Lava-jato. A empresa também recebeu um regime diferenciado de concorrência para tocar a obra controversa da transoceânica, com um custo de 300 milhões.

Rodrigo Neves, que saiu do PT em março deste ano durante a sangria petista na Lava-jato, flertando com PMDB, vai ainda mais longe em suas relações corruptas. Ricardo Pessoa, presidente da UTC e preso na mesma operação o chama de "meu chefe" em uma das gravações e sua empresa é a maior doadora da campanha de Rodrigo Neves num total de 600 mil reais. Ele também foi apontado pelo MP em 2015 como beneficiário do esquema de táxis piratas, na operação bandeira preta, com indícios de ter recebido dinheiro para sua primeira campanha em 2012.

A controvérsia do caso se encontra no fato de como a justiça eleitoral vem agindo nessas eleições. Outros candidatos como Marcelo Crivella, testa de ferro da igreja universal, que esconde o financiamento eleitoral da igreja atrás de sua fortuna pessoal declarada superior a 21 milhões e que tem varias acusações como favorecimento de ONGs "amigas", fralde na bolsa pesca quando foi ministro, já foi condenado em 2011 por propaganda antecipada, mas foi absolvido em caso congênere no atual processo eleitoral. Outros, como Pedro Paulo (PMDB), o agressor de mulheres, e Celso Russomano em SP, já foram beneficiados com a mão branda da justiça por cometerem irregularidades eleitorais.

Outro caso escandaloso é a clara perseguição sofrida pelos partidos de esquerda neste processo. O candidato Marcelo Freixo (PSOL), do Rio de Janeiro, além de várias notificações e multa, teve grande parte de seu material apreendido antes mesmo de sair da gráfica, pois continha um erro de diagramação.

Quais os interesses e ligações escusas que se camuflam nessa relação do judiciário com alguns candidatos? As ações efetuadas recentemente revelam os setores burgueses aliados do judiciário e o claro boicote à esquerda em um momento de grave crise de representatividade, onde alternativas que fortalecem os trabalhadores são grande ameaça ao esquema atual. É fundamental que o judiciário, que claramente é o grande vencedor do impasse político nacional atualmente, não continue agindo de forma seletiva e arbitrária. Uma forma de impedir isso é acabar com os privilégios e fazer com que os membros do judiciário sejam eleitos e não nomeados e seus mandatos possam ser revogáveis, assim como deveria ser o mandato dos membros do legislativo e do executivo.

 
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