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DEBATE ELEITORAL
Diplomacia entre os candidatos e ataques conjuntos a Pedro Paulo marcaram o debate eleitoral na Rede TV
Redação Rio de Janeiro
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Na noite de sexta aconteceu o debate eleitoral com os candidatos a prefeitura do município do Rio na emissora Rede TV. Mais uma vez, assuntos como segurança, transporte público e educação foram os mais debatidos e questionados. Veja também os comentários da candidata a vereadora do Movimento Revolucionário de Trabalhadores (MRT), Carolina Cacau, sobre os principais momentos do debate.
Marcelo Freixo (PSOL), candidato que não havia participado do debate passado na Band, dessa vez participou. O motivo de sua ausência no debate anterior foi devido a legislação eleitoral vigente, aprovada ano passado por Eduardo Cunha (PMDB), que deixa a mercê das emissoras e dos candidatos de partidos com mais de 9 parlamentares a participação de outros candidatos de partidos que não possuem esse tipo de representação parlamentar. Isso é uma forma de inviabilizar qualquer alternativa à esquerda dos partidos tradicionais e já desgastados.
Depois da repercussão da ausência de Freixo no debate da Band, a Rede TV abriu mão de seu privilégio de vetar candidatos apenas para o candidato do PSOL, enquanto manteve o outro candidato da esquerda, Cyro Garcia (PSTU), fora do debate. Por isso, Carolina Cacau, candidata a vereadora pelo PSOL e militante do MRT, vem defendendo a participação de toda a esquerda nos debates na televisão, denunciando o caráter profundamente antidemocrático da lei eleitoral e do regime político.
O debate iniciou com a questão do transporte público no Rio e praticamente todos os candidatos criticaram o caos no trânsito carioca como irresponsabilidade dos governos do PMDB. No entanto, o que esses candidatos não disseram é que até esse ano muitos deles participaram do governo de Eduardo Paes (Jandira, Osório e Índio da Costa) e trabalharam conjuntamente com ele para provocar o caos na mobilidade urbana. Osório (PSDB) foi secretário de transportes do governo de Paes e disse recentemente que o valor absurdo da passagem de ônibus no Rio não é caro (!).
A maioria dos candidatos defendeu o fim do domínio dos cartéis das empresas de ônibus, mas nenhum questionou o controle privado dos transportes públicos, a causa de todo o caos na mobilidade urbana, favorecendo os lucros das empresas e não a qualidade do transporte para a população.

Um ponto bastante debatido foi segurança. A maioria dos candidatos defendeu o aumento da militarização na já militarizada cidade, colocando mais polícia na rua como solução para a segurança dos trabalhadores e da população, suposta solução que vem sendo aplicada há uma década pelos sucessivos governos do PMDB no estado e município que só fez aumentar a violência e a morte de jovens negros. Nesse terreno, Marcelo Freixo que está em segundo lugar e é referência como a candidatura da esquerda, tampouco ofereceu uma saída de acordo aos interesses dos trabalhadores e do povo pobre. Insistiu em valorizar e aumentar o salário dos policiais como se isso fosse garantir o fim dos assassinatos diários cometidos pelos policiais contra o povo na favela, ou mesmo a corrupção da polícia.
Flávio Bolsonaro (PSC), reacionário como sempre, reivindicou as Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) e lamentou pela morte de policiais nas comunidades ocupadas sem mencionar o genocídio cotidiano do povo negro nas favelas pela polícia. Marcelo Freixo, candidato da esquerda, defendeu a valorização da polícia e da guarda municipal como uma das saídas para a questão da segurança, dessa maneira fortalecendo uma instituição que vem praticando cenas constantes de repressão contra ambulantes e moradores de rua.

Sobre educação, praticamente todos os candidatos citaram a necessidade de valorizar o professor, a escola e o estudante. Isso porque a educação é uma das demandas mais reclamadas pela população e os professores e estudantes secundaristas são os setores mais avançados na luta contra os ajustes.No entanto, não explicaram como pretendem fazer isso, já que ninguém defendeu impostos progressivos sobre as grandes fortunas ou outras medidas para permitir que se aumente o investimento em Educação pública, gratuita e para que se garanta qualidade.
Pedro Paulo (PMDB), candidato do legado de calamidade do governo Paes e agressor de mulher, reivindicou a Escola do Amanhã e a valorização do professor, porém foi no governo de Paes que o plano de educação foi aprovado embaixo de bombas na Câmara dos vereadores, contrário ao plano de carreira defendida pelos professores em greve naquele momento. Sem contar a participação de uma mãe negra denunciando a falta de merenda nas escolas para seus filhos numa pergunta que foi respondida por Freixo, no que o candidato denunciou a falta de porteiros e professores nas escolas do município, desmascarando o discurso mentiroso de Pedro Paulo sobre valorização da educação.
Flávio Bolsonaro foi o mais autoritário e reacionário possível. Defendeu a censura dentro das salas de aula ao reivindicar o projeto de lei Escola Sem Partido, dizendo que “educação que liberta” é a educação que proíbe qualquer crítica e o debate de gênero nas salas, mantendo as opressões e não buscando lutar contra elas. Bolsonaro criminalizou as ocupações de escolas e a luta dos secundaristas por uma educação pública e de qualidade, dizendo que em seu governo não será tolerada a luta estudantil e que escola não é lugar para criticar sua concepção mercadológica e privatista de educação.

A maioria dos candidatos prometeu a ampliação dos serviços públicos que interessam à população, como mais investimentos na saúde, educação e transporte públicos. Porém, a maioria dos candidatos pertence a partidos que votaram pelo impeachment e que hoje compõem e apóiam o governo golpista de Temer. O PRB de Crivella, o PSC de Bolsonaro, o PSDB de Osório e o PSD de Índio da Costa também preparam junto com Temer a votação da PEC 241, que exige um teto nos gastos públicos, ou seja, todos eles prometem mais serviços públicos quando na prática fazem o contrário no Congresso, votando a favor da redução de gastos em áreas sociais, como saúde e educação.
Freixo e Jandira foram os únicos candidatos que denunciaram o golpe institucional, porém Jandira (PCdoB) reivindicou a aliança que seu partido e o PT fizeram com o pior da direita e disse que Crivella “traiu” o governo PT votando pelo impeachment. Convém lembrar que o PCdoB mantém alianças com os golpistas do PMDB e inclusive do PSDB em alguns municípios, mostrando que só há radicalização no discurso quando na prática ainda continua as coligações espúrias com a direita golpista.
O debate foi bastante fraco, os candidatos foram muito diplomáticos uns com os outros e mais preocupados em fazer uma frente única contra Pedro Paulo para desgastá-lo. No entanto, Marcelo Crivella, o candidato burguês que lidera as pesquisas de intenção de voto, foi poupado pela maioria dos candidatos, inclusive por Freixo.

Concluindo, no debate eleitoral não houve nenhuma proposta anticapitalista e que denunciasse o regime político antidemocrático que vivemos. Por isso Carolina Cacau, candidata a vereadora do MRT pelo PSOL, defende o fim dos privilégios e que todo político ganhe igual a uma professora, o não pagamento da dívida pública e a taxação progressiva sobre as grandes fortunas, para que os capitalistas e governos paguem pela crise que eles criaram e não os trabalhadores e a população carioca.

 
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