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ENTREVISTA
Esquerda Diário conversou com Renatão, candidato do MAIS a vereador em SJC
Redação São José dos Campos
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Como parte de nosso combate ao restritivo regime eleitoral brasileiro, que somente serve à perpetuação dos velhos partidos da ordem, sem espaço para a voz dos trabalhadores e setores oprimidos, nós do Esquerda Diário Vale do Paraíba publicaremos uma série de entrevistas com os candidatos da esquerda nas principais cidades da região. Nossa primeira conversa foi com Renatão Bento Luiz, ex-trabalhador da GM, candidato a vereador do MAIS (Movimento por uma Alternativa Independente e Socialista), pela legenda do PSTU, em São José dos Campos. A entrevista foi gravada no dia 31/08 e segue publicada na íntegra:

1) Apesar de serem municipais, as próximas eleições acontecem num cenário político nacional muito dinâmico. Qual a sua avaliação sobre esse cenário? Desde o avanço do golpe institucional, e como que isso impacta nas eleições municipais?

No meu pensamento sobre as eleições municipais, o impacto que isso ta trazendo é que a direita, nesse período agora, desde a época do Lula, final do governo Lula, até o primeiro período de Dilma, vem batendo fortemente para desmoralizar a esquerda brasileira. E nesse cenário, por exemplo, por que será que ela trabalha e trabalha muito bem para a desmoralização. Fez toda a jogada parlamentar para que pudesse atingir a presidente da republica, aconteceu, pegou um homem de direita que foi o Cunha, que entrou na presidência do parlamento sem o apoio da presidenta da republica, fez todo o trabalho para que tivesse um cartel ali dentro de parlamentares, para que nada fosse aprovado, mesmo se ela quisesse fazer uma contenção de gastos, que ela tentou por varias vezes, para que a economia do país mesmo sendo uma economia, uma política burguesa que ela estava levando, mas fizeram de tudo para que ela não aprovasse absolutamente nada que desse contenção de gastos. Isso prejudicou bastante o governo e aprofundou a crise econômica que é uma crise não só brasileira, mas sim mundial. Esse é o primeiro ponto.

Segundo ponto é que ao invés de fazer o processo de impeachment e chegar até o fim, eles fizeram uma coisa diferenciada que foi esse período todo pra derrubada da Dilma, foi exatamente para que não houvesse o esquecimento ate chegar as eleições e agora bem na boca das eleições nós temos aqui o resgate de toda a discussão que foi feita durante o decorrer desse ano de 2015 à 2016. Então bem na boca das eleições. Você pergunta se isso impacta nas eleições municipais, obviamente que vai impactar as eleições municipais. O PT hoje é um partido que não está bem e vai ter uma baixa eleitoral razoável nessas eleições. Mas em contra partida, eu vou chegando dentro de São José dos Campos, o que o PT em nível nacional vem fazendo, retirou as cores vermelha que representa a esquerda mundial, na verdade num posicionamento de confundir as bases brasileiras. Por exemplo, ninguém hoje, como a população na sua grande maioria, não conhece política, não discute política a fundo, não vendo as cores e não vendo a sigla, ela na verdade vai fazer uma grande confusão. Em São Jose dos campos por exemplo as cores do PSDB foram bastante confundidas hoje com as do PT. Então uma pessoa que é completamente leiga à política não vai ligar o 13, ela liga o nome do partido, o PT. Mas 13 é o PT, uma parcela imensa da população não consegue ver.

Mas uma outra coisa que esta sendo colocada e nós temos que ser francos na discussão, é que por muito tempo falaram que o PT era um partido acabado, eu digo ao contrario. Ele não esta acabado, não está morto. O PT está digamos assim, recolhido, porque ele não tem condições hoje para que possa fazer uma ofensiva, estão um pouco recolhidos e trabalhando na retranca. Se fosse um jogo de futebol o PT tava na retranca hoje, pra que leve menos gol, mas não é pra nada um partido acabado. Eu sempre cito como exemplo de um partido que está numa posição muito ruim, eu lembro por exemplo do PMDB de Sarney, que quando ele saiu da presidência da republica, tava com uma baixa igual, até sem impeachment nem nada, até pior do que a Dilma. Porque a Dilma teve todo um ataque pra ela chegar nessa situação. O Sarney saiu da situação com a população dizendo que teria que sair, não tinha condição, não agüentava mais e ele saiu com um lencinho branco. O PMDB teve uma baixa eleitoral no país inteiro e todo mundo dizia que o PMDB estava acabado porque houve um racha do PMDB na época, que montou o PSDB, PSDB chegou até a presidência. E 20 anos depois o PMDB não só está nos maiores poderes desse país, como está de novo na presidência da republica. Aí você me diz assim: É por outras vias? É por outras vias, mas como não tem moral nenhuma, é um partido feito por homens e mulheres sem nenhum escrúpulo, portanto, chegaram de novo à presidência da republica, por outras vias, mas chegaram à presidência da república.

Então o cenário do Carlinhos dentro de São José dos Campos, que todo mundo apostava em um cenário completamente assombroso, não está ocorrendo. Carlinhos começa as eleições com 26% da população falando que vai votar nele. O engraçado é que coincidiu de hoje eu ir pro bairro que eu morei durante muitos anos, o Vale do Sol e conversando com vários comerciantes, porque eu fui deixar os meus panfletos pelos comércios dos meus amigos, eles diziam o seguinte: é bem provável que o Carlinhos ganhe de novo. Isso não é eu que to dizendo, não estou conversando com um, é dois ou três de um bairro e contando inclusive dos bairros que foram regularizados que tiveram agora, esse “tapa poeira” do Carlinhos, que tem uma aprovação violenta principalmente dos moradores, porque isso explica de fato o ataque de obras que ele fez pela cidade, explicando os 26% dele.

Então não é tão fácil e não é tudo aquilo que a turma tava falando com todos esses percalços que o PT passou. Tem uma parcela grande da sociedade que ainda não rompeu com o PT. Creio eu que nas eleições vai ser um cenário duro pra ganhar do Carlinhos, se ele for pro segundo turno vai juntar todos contra ele. Caso contrario eu acho que não levam. Então essa é a visão que eu tenho do impacto que deu o nacional sobre o PT.

Agora também no meio da eleição da pra explicar o porque de bater tanto no Lula nesse período todo, e continua. Hoje por exemplo, quando eu vi o Jornal Nacional, foi a metade dele falando sobre a condenação da Marisa, que o Ministério Público estava atrás da Marisa, do Lula, ontem passou que o Instituto Lula que ganha dinheiro, que é na verdade um centro comercial. Batendo pesado, e eu gostaria que eles fizessem essa mesma batida, que eu não sou contra deles investigarem nada, mas eu queria que eles fizessem no Instituto Sarney, lá em Maranhão. Que com certeza absoluta iriam encontrar coisas iguais ou ate piores. Então temos que começar a ver e comparar as coisas que estão fazendo, porque esse ataque é um ataque brutal da direita. Nós aqui não estamos dizendo o seguinte, olha, “a Dilma fez tudo certinho, ela tem que ficar”, pelo contrário. Eles se juntaram com um pessoal que eles deviam tratar de longe, aliás o Sarney só não privatizou a Maferza, na época aqui em São José dos Campos, que é da base do sindicato dos metalúrgicos, o Sarney só não conseguiu a privatização dela porque houve uma reação das massas na época, e também denúncias, inclusive do Lula, para que não fizesse essa privatização, na década de 90, e eu estava junto na época dessa denúncia para fazer com que mantivéssemos aberta aquela empresa, a Engesa, que foi fechada por uma ordem americana, evidentemente.

Então, esse ataque brutal, eu não sou favorável e também não estou dizendo, por não ser favorável a esse ataque, não estou dizendo que somos favorável a que a Dilma volte, ou que a Dilma fez tudo certinho, muito pelo contrário. Eu sempre falo uma frase que eu acho que da pra população entender, que é o seguinte, quem dorme com o diabo acorda no inferno, exatamente onde está metido o PT hoje.

2) Atualmente você faz parte do MAIS, mas está saindo candidato pelo PSTU, comente um pouco sobre essa situação, como a esquerda se impactou pelo cenário político nacional e como se coloca nas eleições?

Olha só, eu tinha uma tendência dentro do meu partido chamada TI, Tendência Internacional, que foi discutindo o cenário nacional e internacional, por isso TI. No cenário internacional, começou a haver dentro do partido uma revisão por parte do PSTU. O PSTU no início do governo, como eu estava ensaiando pra sair como candidato, eu estava inclusive junto com o Toninho, numa rádio da cidade, que eu posso até pegar que está gravado, e nós dizíamos o seguinte na época, bem quando iniciou: nós somos contrários ao impeachment. Isso saiu da boca do Toninho, no passado. Depois, dentro do partido, como havia uma discussão, que começou a rolar, e houve uma inversão da política, dizendo o seguinte: que nós éramos favorável ao golpe, nem golpe tinha na época ainda, falávamos sobre o impeachment.

Nós estávamos dizendo o seguinte, nós estávamos contrários ao impeachment, no início, esse impeachment não serve pra nada etc. Essa era a nossa posição no início. Houve uma inversão dessa posição e sem discussão nas bases. Essa política foi revista pela maioria da direção do partido, sem consulta às bases, sem uma discussão profunda. E há muito tempo dentro do partido não havia a cada eleição ocorrida não havia absolutamente nada de balanço. A cada tempo que passa você faz um balanço do que está ocorrendo, da política que está aplicando, se está dando certo ou se não está dando certo. Então essa revisão política que fizeram a toque de caixa, sem uma discussão profunda, que no início do ataque da burguesia nós estávamos defendendo contrários ao impeachment, depois que isso se aprofundou, eu não sei quem que foi o iluminado do PSTU que começou a ver as massas nas ruas, dizendo que aquelas eram na verdade massas de trabalhadores que estavam de fato querendo derrubar a Dilma.

Em 2013, que nós fomos pra rua, que as pautas eram mais avançadas, queriam massacrar agente na rua, nós saímos sem bandeira nem nada e em São José dos Campos eles queriam me bater, e era um movimento, segundo a discussão, era um movimento mais avançado, 2013. Quando foi 2015, aquilo era verde e amarelo inteiro e “nossa bandeira jamais será vermelha” e por pouco o PSTU não sai na rua, dizendo o seguinte, está correto o que vocês estão fazendo etc. Deu até discussão no meio da esquerda porque os cartazes do PSTU estavam pregados na frente das barracas na FIESP, com aquele imenso pato na Av. Paulista e os cartazes do PSTU exibidos aos povo lá, “até o PSTU está a favor disso aqui”, você está entendendo? Isso foi uma vergonha violenta para nós, nisso foi acirrando a discussão por dentro do partido. Mas agora, eu posso dizer pra vocês o seguinte, o Valerio Arcary sempre falou, e num dos discursos dele, que é uma pessoa bastante inteligente e nós gostamos de ouvir o que ele fala, ele falava o seguinte: jamais na história mundial eles tiveram uma ruptura nessa dimensão. Uma ruptura discutida, porque todas as rupturas foram fracionais, com pancadaria, que sai por aí. Essa ruptura foi a única negociada, dizendo assim, cada um faz a sua política e depois agente faz um balanço pra ver quem de fato está certo e quem está errado. Nós achamos que a TI, que a tendência que tínhamos no interior do partido, que depois virou MAIS, estava correta.

Então fizemos essa ruptura, uma ruptura bastante respeitosa, pelo menos da nossa parte, em relação àquilo que criamos junto, pois eu tenho 22 anos de partido, desde quando era PST, depois entrou o “U”, porque tinha outra sigla dentro do partido, estou desde 1994, então eu posso contar toda a história, participei de absolutamente tudo. Então foi uma ruptura tranquila, mas nessa ruptura, por mais tranquila que seja, ainda tem seus percalços, suas dores, como todas rupturas são dolorosas, mas eu posso dizer que nós estamos hoje saindo com a legenda do PSTU porque nós não somos um partido oficializado. Mesmo assim eu lamento até o momento o PSTU não ter me chamado pra gravar a televisão, dizendo que é pouco tempo e não tem espaço. O PT também não era nada grande quando nós, que éramos PST, rompemos com o PT e o PT não só deu o espaço da legenda, como também deu o tempo de televisão, que ocupamos em São José dos Campos. Então eu acho que isso aí, de uns tempos pra cá, é um rebaixamento das ideias de esquerda. Tem gente que ainda quer contar vantagem em cima disso que ocorreu, sendo que é um posicionamento de esquerda em nível mundial, todo os trabalhadores que são reconhecidos, militantes reconhecidos que não tem uma legenda, que peçam uma legenda, é cedida a legenda. Ainda mais o PSTU, que me conhece desde quando começou o partido, então eu achei que o fato de não me chamar para a gravação na mídia, que já não temos espaço, é um retrocesso nesse sentido, mas pra mim está tudo bem, faremos a campanha do PSTU, o MAIS fará a campanha não só minha, mas também a do Toninho, com a vice do PSOL.

Estamos em uma frente, vamos trabalhar pela frente, não vamos esconder a frente que fizemos, estamos com clareza naquilo que fizemos, vamos defender essa frente em todos os lugares, dizer que aqui está PSTU, PSOL e MAIS.

3) Na economia as expectativas também não são positivas, para os trabalhadores que tem sido castigados com as demissões principalmente. Em São José, por exemplo, o cenário tende a piorar, inclusive com o anúncio recente de PDV na Embraer. O que você opina sobre isso e como o sindicato, os trabalhadores e um vereador da esquerda poderiam fazer a diferença?

A economia vem dando sinais de fraqueza não é de hoje, foi bem lembrado ontem, quando alguém lembrou lá no senado que quando a crise deu os primeiros sinais o Lula disse que era uma marolinha, mas essa marolinha ia virar um tsunami, porque o tsunami quando vem, ele dá vários sinais do que está ocorrendo. Os sinais estavam sendo dados na época em que o Lula falou que era uma marolinha, mas o PT continuou a fazer o trabalho de gastos. Isso afetou o país como um todo, não é São José dos Campos. Por exemplo hoje a Ford anunciou até o mês de fevereiro a Ford vai aumentar o seu PPE, a Band aqui do lado, voltou uma turma que estava de lay-off, mas saiu outra turma de lay-off até março de 2017.

Então a Embraer é simplesmente mais uma que entra no cenário nacional, porque é uma empresa de impacto nacional. Isso que está acontecendo em todas as empresas já era previsto. O sistema capitalista é um sistema sazonal, sempre tem suas crises cíclicas, o que está acontecendo agora é isso, jogando o peso da crise toda nas costas dos trabalhadores. Por isso eu falo, se o sindicato não conseguir alavancar uma luta, tem que tentar de todas as formas alavancar essa luta, mas para isso eu acho que na Embraer especificamente tem que trabalhar com a consciência dos trabalhadores, porque eles estão ganho ideologicamente pela empresa. Os trabalhadores da Embraer acreditam no que a Embraer está falando, uma palavra do sindicato vale por apenas um palavra da Embraer. Eles estão totalmente ganhos, então nós temos que fazer uma luta ideológica muito forte. No momento agora que pode levantar, mas também uma luta cotidiana ideológica, mas hoje ela tem que ser concomitante com a luta que tem que tentar alavancar.

Já o parlamento, nesse momento agora deveria estar levantando, se tivesse um parlamentar de esquerda, como teve no passado, o PT cumpria esse papel, a cada dia que tinha uma greve, a greve de 1985 foi bem isso, o parlamento que tinha na cidade, que era dois ou três, o Luiz Paulo Costa, o Bosquinho, vereador, que foi pra porta da fábrica, o Romildo, que era um deputado estadual, que também veio pra porta, todos eram do PT, o único que era do PSB era o Luiz Paulo Costa, mas o PSB da época, o PSB bom. Então esse é o papel que cumpre um parlamentar da cidade, não só estar metido nas lutas, mas também denunciando no parlamento. Porque ele leva todas as reivindicações da população para o parlamento e depois ele volta pra população para dizer que o parlamento ignorou aqueles pedidos que estão fazendo. Eu posso dizer aqui alguns exemplos, não do passado, mas recente. A Amanda Gurgel, que é vereadora eleita pelo PSTU e hoje está no MAIS, usou o parlamento exatamente para fazer todas as denúncias que o parlamento faz com a classe. Ela foi a autora do passe livre para os estudantes naquela cidade. As servidoras começaram a ganhar um auxílio de maternidade, que não tinha. Então quer dizer, além das lutas todas, ainda pode ter pequenos avanços até dentro do sistema. Esse é o papel que tem que cumprir um parlamentar de esquerda, que na verdade denuncia e apoia as lutas e, se possível, ainda consiga avançar em conquistas dentro do sistema a favor dos trabalhadores.

4) Umas das características da sua campanha tem sido o combate ao racismo. Em São José, enquanto aconteceu recentemente um evento chamado “conexão conservadora”, que reuniu ícones da direita nacional, como Bolsonaro, Telhada e Sara Winter, por outro lado a cidade também lidera o ranking de todo o interior paulista na apreensão de menores. Então como que você vê essa situação e o pensaria em atuar como vereador em relação a isso?

Sobre as opressões, sobre o racismo, eu sofro na pele essa discriminação. O cenário em São José dos Campos é uma contradição, aqui os negros não tem representatividade. Teve o Tonhão Dutra, pelo PT, e teve o Bosquinho pelo PC do B. São dois negros que eu conheci no parlamento da cidade na história mais recente, só dois negros. Mas essa discussão pode entrar um pouco em contradição, porque tem muita gente exaltando a subida do Shake, o problema é agente saber que os negros não estão defendendo uma raça para entrar em determinado local, a nossa discussão é de classe. Quer dizer, o Shake pode subir e os negros ficarem todos contentes, mas vai subir defendendo o que, qual classe, qual política ele tem para aplicar na cidade? É uma política contra a homofobia? É contrária ao massacre dos negros na sociedade? Ou é uma política, principalmente ele que vem do meio da igreja, bastante reacionária. Então pode ser que pareça uma contradição, que os negros pensem, “vamos colocar um negro na prefeitura”, que o Shake use disso inclusive.

Então o que eu quero dizer para os negros é o seguinte, que se os negros discutem raça mas não discutem classe, eles não vão chegar a lugar nenhum, veja Obama. Quando o Obama foi eleito presidente eu vi negro pularem de alegria, na África, por exemplo, fizeram um estardalhaço, fizeram festa, achavam até que ia pintar a casa branca de preto, mas não é nada disso que vai acontecer. Estão aí hoje os refugiados, na sua esmagadora maioria negros, fugindo de guerras e de situações e Obama fechou as porteiras e disse “aqui não entra”. Além de que tem uma briga calorosa na qual ele não se posiciona, há poucos dias atrás os negros sendo massacrados nos EUA, chegou quase a uma guerra civil, os negros pegando em armas para salvar a própria pele e qual foi a posição do Obama? Então, estou dizendo, sobre esse problema do racismo, temos uma preocupação muito grande.

Nas periferias, por exemplo, se entramos no parlamento, temos que incentivar as periferias a não só a escola, mas também o esporte, a música. Hoje a periferia está totalmente reprimida, não tem um espaço na cidade para mostrar a sua arte, como o hip hop hoje, que é uma música tirada na periferia, o rap não tem espaço nenhum é massacrado pelo poder público, que manda a polícia ir reprimir, tirar do local. Dentro do parlamente temos que colocar essa cultura, apoiar. Na verdade os negros hoje, dizem que são a minoria na sociedade, mas no setor carcerário somos a maioria. Então temos que denunciar, usar o parlamento para fazer a denúncia, colocar para a sociedade qual a porcentagem de negros que estão na universidade e encarcerados, tem que chocar a sociedade, um parlamentar de esquerda tem que usar o parlamento pra abrir os olhos da sociedade, pode fazer isso, entrar nessa luta com mais vigor que qualquer outro, porque nós temos consciência para isso.

5) Como você avalia a atual gestão municipal no campo da educação e como seriam suas propostas para isso?

O país está em um retrocesso, um avanço de direita grande, quanto mais ele avança mais ele ataca. Isso por exemplo da “escola sem partido”, que está sendo colocado hoje, é porque tem espaço. Se a direita encontra espaço, ela bate. Usaram até métodos que seria da esquerda, como a ocupação da câmara de São Paulo, onde estavam havendo uma discussão da “escola sem partido” e eles conseguiram entrar e pararam com a discussão. Isso da para as pessoas verem o tamanho da direitização que está no país. E a educação, principalmente. Se a direita avançou, o retrocesso na escola é bruta, principalmente nas escolas públicas.

Muitos dizem, temos que investir na escola pública, o que é investir na escola pública? Para todos que fazem programa de direita, é fazer prédio. O MST já provou por vezes aqui, que de baixo de uma lona é possível passar nas principais universidades do país, na PUC, na Unicamp, com a ajuda dos professores da PUC e outros que foram dar aulas lá. Com isso ficou provado que escola não é prédio, escola são professores. E portanto tem que ser investimento brutal em professores. A escola pode ser casa alugadas, meus filhos estudaram em escola particulares, com bolsa, e eram casas como essa, numa sala dessa cabem dez alunos, bem acomodadinhos. Com dez alunos e um professor tenha certeza que aprendem muito mais que cem. Então, temos que inverter esse quadro da discussão, a escola não foi feito para investir em prédio, em construção, na escola o investimento tem que ser no professor, se tem investimento no professor eu tenho certeza que avança em muito o nível da escola, porque o nível da escola pública está completamente desleixado, não que as escolas particulares sejam melhores, nunca foi isso, eu estudei a minha inteira na escola pública, na época da ditadura militar.

Esses kits que o Carlinhos fez hoje não tem nada de nova, agente já ganhava isso na escola pública na época da ditadura. A política do Carlinhos na educação, penso eu, tem poucas reclamações, a não ser o kit escolar, as reclamações hoje são menores do que já foram no passado. Tem algum avanço hoje que ele conseguiu, me parece, nas pesquisas de reclamação, a escola não aparece. Não estou dizendo que a escola pública municipal esteja boa, estou dizendo que uma das áreas que ele investiu foi na escola e isso não é só eu que estou falando, quem quiser andar por aí fazendo campanha vai encontrar exatamente isso. Não estou dizendo que está boa, mas existe uma diminuição de reclamações da área hoje em São José dos Campos. Mas o investimento é isso que estou dizendo, não tem que ser feito em cimento, isso fazem para contemplar empreiteiros que ajudaram na campanha, então tem que pagar o custo. O que a população tem que entender é que a escola não é o local, é o ensinamento. Então é primordial o investimento nos professores, em quem educa.

6) Qual sua avaliação sobre o cenário eleitoral em São José esuas expectativas com a campanha?

O cenário está bastante difícil, a esquerda de fato vai sentir muito mais dificuldade do que tinha no passado. No passado disputávamos três minutos de televisão, tínhamos noventa dias de campanha, podíamos colocar placas nas ruas, outdoor nas casas, hoje o que eles fizeram foi tolher completamente essas imagens, então a esquerda está marginalizada nas eleições, vai aparecer muito pouco. Tem gente que talvez acabe a eleição e se você perguntar se o Toninho é candidato talvez não saiba, nem estou falando de mim, por que eu então, se não sabem do Toninho imagina nós vereadores.

Então estamos com uma campanha com muito mais dificuldades, que nessa campanha a reforma eleitoral que fizeram beneficia bastante os que aí estão, os grandes partidos, que dominam o país, vão continuar dominando por um bom tempo, porque fizeram uma mudança eleitoral que privilegia completamente eles. Imagina que no passado tínhamos um deputado e isso nos dava o direito de ir a um debate, hoje tem que ser dez deputados para dar direito a um debate! É uma vergonha completa, mas eles fazem isso porque, primeiro, por que a direita avança, segundo, porque hoje a população está endireitada e a esquerda não tem resposta pra nada, está completamente recuada. Então eu não vejo um grande cenário para a esquerda em São José dos Campos, não só São José, eu não vejo um grande cenário para a esquerda a nível nacional, nas eleições. Quem vai pegar esse mote, onde tiver uma tendência a esquerda, é o PSOL, como está demonstrando Porto Alegre, o Freixo no Rio de Janeiro, o Edmilson em Belém. Então, se tem uma levinha de esquerda, está sendo atraída pelo PSOL, não por outros partidos.

 
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