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POLÍTICA NO ESPORTE
NFL: jogadores do Seattle Seahawks programam protesto contra a violência policial aos negros
Daniel Alfonso
São Paulo

A temporada 2016-2017 da NFL começa hoje. Os jogadores do Seattle Seahawks afirmaram que irão realizar algum tipo de protesto durante a execução do hino em sua primeira partida, contra o Miami Dolphins. O jogador do Seahawks, Jeremy Lane, já havia sentado durante o hino em jogo da pré-temporada na última quinta-feira. O protesto conta até com o apoio do técnico.

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Poucas coisas sintetizam tão precisamente o “espírito americano” do que o futebol americano. Esporte mais popular em um país fanático por competições esportivas, o football é glorificado por conservadores e progressistas; seja pelo necessário comprometimento tático para o sucesso, pela imposição da força física, pela valorização de lances únicos, pela genialidade dos quarterbacks, que ditam o ritmo do jogo e dão personalidade às equipes, seja por diversos outros motivos. Dificilmente um esporte tão especializado teria surgido em outro país: a obsessão norteamericana por um rendimento máximo pelo maior tempo possível, nas mais diversas circunstâncias, aliados a seu espirito pragmático são parte do motivo do football ser tão americano e tão popular. Tão norteamericano quanto a torta de maçã e dia de ação de graças. Porém, há algo ainda mais norteamericano que tudo o que já foi dito: a bandeira branca, vermelha e azul e o hino nacional.

A recusa de alguns jogadores a cantarem o hino durante a abertura dos jogos em protesto contra a violência policial sobre a população negra somente pode ser explicada pela enorme polarização social e a crise aguda no regime político daquele país, pelo descompasso profundo entre os anseios da população e a ordem política e social. Mais do que explicar a motivação dessas ações, ajuda a entender o apoio que vem tendo essa forma de protesto por outros atletas da própria NFL e de outras categorias esportivas.

Algumas semanas atrás o quarterback do San Francisco 49ers, Colin Kaepernick se recusou a cantar o hino nacional em partida pela pré-temporada da NFL. Após ser duramente criticado pela polícia, que chegou a soltar notas afirmando que se recusaria a garantir a segurança dos jogos do 49ers, Kaepernick foi ao treino calçando meias azuis com porcos vestidos de policiais. Importantes setores da mídia criticaram duramente a ação do jogador, e o candidato do partido republicano à presidência, Donald Trump, o mesmo que quer construir uma muralha entre México e Estados Unidos, disse que Kaepernick deveria buscar outro país que fosse “melhor para ele”. Dias depois, a jogadora da liga de futebol feminino do Washington Spirit, Megan Rapinoe, ajoelhou-se durante a execução do hino contra a violência policial e em apoio a Kaepernick. A resposta da liga não tardou e na partida seguinte o hino foi executado enquanto as jogadoras ainda estavam nos vestiários. Na noite de ontem, três atletas da equipe de volley da West Virginia University Tech se ajoelharam e se recusaram a cantar antes da partida em sua casa. Mais exemplos devem surgir.

A temporada 2016-2017 da NFL começa hoje. Os jogadores do Seattle Seahawks afirmaram que irão realizar algum tipo de protesto durante a execução do hino em sua primeira partida, contra o Miami Dolphins. O jogador do Seahawks, Jeremy Lane, já havia sentado durante o hino em jogo da pré-temporada na última quinta-feira. O protesto conta até com o apoio do técnico.

Será necessário esperar domingo e ver o que o Seahawks fará e como será recebido pela mídia e a população norte-americana. Ao se recusarem a cantar o hino, os atletas escancaram o caráter racista da polícia norteamericana. O fazem, porém, no monte olimpo da simbologia imperialista e em terreno sagrado. O profundo apoio popular a ações desse tipo, assim como estas próprias, somente são possíveis dada a magnitude da insatisfação popular com ação brutal e assassina da polícia em relação à população negra norteamericana. Não é um detalhe que domingo será 11 de setembro, um dia no ano no qual até pouco tempo atrás unia todos as variantes políticas em apoio às forças armadas. Dificilmente é possível subestimar uma ação tão simbólica como essa.

Tudo indica que a temporada 2016-2017 da NFL será a mais interessante dos últimos tempos. É cada vez mais difícil esconder atrás de panos burocráticos a influência que as lutas da nova geração da juventude trabalhadora, negra, latina, imigrante, tem sobre o esporte, para uma geração que está mais próxima da queda do Lehman Brothers do que da queda do Muro de Berlim.

 
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