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CPI DA MERENDA
Assessor de Capez ameaçava: quanto menos propina, menos merenda
Luciana Vizzotto

Em mais uma apuração da CPI da merenda, foram encontradas mensagens de celular que mostram a sede dos corruptos por propina, às custas do suco de laranja da merenda das crianças e adolescentes das escolas estaduais de São Paulo. Eis a corrupção escancarada dos setores golpistas, agora oficialmente no poder.

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Nas mensagens, César Bertholino, funcionário da Coaf (Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar), diz ao então presidente da entidade Cássio Chebabi que “Licá” ameaçava cancelar o contrato de compra de suco de laranja caso a propina não fosse paga em curto prazo, estancando um atraso. “Licá” seria Luiz Carlos Gutierrez, assessor de Fernando Capez (PSDB), presidente da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo durante o atual governo Alckmin (PSDB).

Nas mensagens, a ordem é clara: “Disseram q se não pagarmos essa vão suspender os pedidos [de suco de laranja] até pagarmos. - Os caras tão bravos. Falaram até em cancelar o contrato. Eu pedi pelo amor de Deus pra não fazerem isso - Fica de olho nisso pq pelo tom de voz do Licá eles não tão brincando não”. As mensagens são de 6 de maio de 2015, e se referem a dois contratos da Coaf com a Secretaria de Educação de SP (SEE) de fornecimento de suco de laranja para as merendas pelo ano de 2015, no valor de R$ 11,4 milhões.

Coincidindo com a data das mensagens, foram apurados na Alesp pagamentos da SEE à Coaf de R$ 238,3 mil, parcela completada com mais R$ 1 milhão em 12 de junho e R$ 238,3 mil em 15 de junho; o que pode indicar que o contrato se manteve em resposta à pressão feita e exposta nas mensagens.

Chebabi, o suspeito de comandar as transações de propina, foi convocado no último dia 24 para prestar depoimento na CPI da merenda; se recusou a depor com a justificativa de que teria feito acordo com o Ministério Público e isso o impedia de falar. Quem mais será que tem medo que Chebabi deponha?

Alunos sem merenda; deputados com milhões

Há meses (quase ano) sem merenda ou com fornecimento ultra escasso – reduzido a suco de laranja e bolacha água e sal, na melhor das hipóteses – os alunos da rede pública e toda a população trabalhadora se depara com cada vez mais evidências da corrupção aberta envolvendo a (que ainda resta) merenda.

Nas escolas, desde 2014, já falta até papel higiênico e giz, por conta dos crescentes cortes do governo Alckmin com a educação. E o pouco que chega, serve de caixa dois para os poderosos que hoje orquestraram um golpe para ainda mais atacar os direitos dos trabalhadores e da juventude.

A ameaça e intenção de cancelar o fornecimento da já parca merenda, caso não fossem pagas as propinas, mostra claramente que tais contratos só existem para alimentar os gordos bolsos dos políticos da burguesia, e não para alimentar as crianças e assim assegurar a sua educação (principalmente dos setores que mais precisam da merenda para se manterem na escola).

A CPI da merenda – reivindicada por setores das direções do movimento estudantil secundarista, na UBES e UPES, ligadas ao PT e ao PCdoB – como todas as outras, não trará definitivamente a punição dos corruptos e nem a volta do fornecimento da merenda como é direito dos alunos. É a velha frase popular: “CPI sempre dá em pizza”. É preciso irmos pras ruas, de braços cruzados, para exigirmos o direito a merenda e defender a educação de todos os ataques; assim como a punição dos corruptos, que hoje são parte do governo golpista de Temer.

Hoje, 31 de agosto, dia em que se consolidou o golpe institucional, está ainda mais colocada a necessidade de barrarmos com a nossa luta todos os ataques orquestrados contra nós, trabalhadores e juventude, em defesa de nossos direitos, como a educação.

 
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