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GOLPE NO SENADO
Cássio Cunha Lima: cinco minutos de fama sem custo político?
Gonzalo Adrian Rojas
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Mais uma vez o Senador Cassio Cunha Lima (PSDB-PB) teve notoriedade, outros cinco minutos de fama, no plano político nacional ao ser o primeiro a responder um destaque inicial levantado na sessão da votação do impeachment hoje, 31 de agosto. Como afirmou Fernanda Montagener na matéria para este jornal: o político já teve seu cargo cassado em 2008 por unanimidade pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) na época que era governador da Paraíba, por uso indevido de dinheiro público, desvio de verbas públicas que deveriam ir para a população, indo para o benefício próprio do atual “paladino da moral”.

Vários Senadores do Nordeste preferiram manter um perfil baixo para diminuir possíveis custos políticos, isso fez Temer semana passada se reunir com alguns deles como Edson Lobão (PMDB-MA), João Alberto Souza (PMDB-MA) e Roberto Rocha (PMDB-MA). Primeiro, os quais não haviam declarado seus votos na etapa final do impeachment, se bem que foram favoráveis ao relatório de Anastasia (PSDB-MG) no pronunciamento que deu continuidade ao processo e posteriormente com Ciro Nogueira (PP-PI) e Eduardo Amorim (PSC-SE). A preocupação de Temer era que como o Nordeste é considerado um dos principais redutos eleitorais petistas no país, mesmo na sua gigantesca crise, que os senadores sofram pressão de suas bases eleitorais para mudar o voto na fase final.

Completamente diferente foi a atitude de Cássio Cunha Lima, que por sua posição de líder da bancada do PSDB no Senado teve uma hiper-exposição.

A pergunta que não se pode ocultar é se esta atitude terá custo político para o Senador Cássio Cunha Lima. Isto faz parte de uma pergunta maior e mais relevante: como vai se expressar de forma específica a crise orgânica do país e dos partidos do regime no Nordeste? Porque a crise não termina no impeachment, temos muitos elementos e devemos analisar as tendências de fundo que se manifestam no processo político sem impressionismos.

Na Paraíba existe historicamente, no último período, uma polarização entre dois grupos: os vinculados ao clã Cunha Lima (tucanos) e os vinculados ao clã Maranhão (peemedebistas), igualmente hoje os dois clãs são favoráveis ao golpe institucional e o custo político de Veneziano Vital do Rego (PMDB) na sua candidatura à Prefeitura de Campina Grande está sendo alto.

Por sua vez, a base e peso eleitoral do cassismo em Campina Grande, segunda maior cidade do Estado da Paraíba e maior cidade do Nordeste, que não é capital, é muito importante, de forma que nas eleições presidenciais de 2014, por exemplo, para nos referir só a última, foi a única cidade do nordeste em que Aécio Neves ganhou de Dilma Rouseff, no primeiro turno por mais de 7% dos votos, com 39,46% dos votos para Aécio e 32,1% para Dilma, e no segundo turno por uma diferença ainda maior 58,02% para Aécio e 41,98% para Dilma. Isto dá uma dimensão de sua influência política.

Em relação a eleição para governador da Paraíba no mesmo ano, na qual foi candidato, mesmo perdendo a eleição no Estado no segundo turno, na cidade de Campina Grande, Cássio Cunha Lima obteve 62,51% e Ricardo Coutinho (PSB) 37,49%, uma diferença substantiva. Por sua vez Ricardo Coutinho, com reflexos políticos, sendo parte de um partido golpista, o PSB, se pronunciou contra o impeachment em função de suas necessidades locais.

Parece que na contramão da política regional o bastião de Cássio apareceria inexpugnável. Será?

Nossa hipótese é que além da polaridade clássica, cassismo-anticassismo, o cassismo terá um custo político extraordinário. A força dos ataques terá um custo político mesmo na base do cassismo e não tem programa alternativo para oferecer.

Os golpistas se unificaram em torno do impeachment de Dilma, o problema que terão agora é reestabilizar a situação política, a partir de um governo ilegítimo, sem apoio popular, apoiado em um congresso que não passa de uma cova de ladrões, que vai tentar aplicar uma agenda de ataques em toda linha às condições de vida e aos direitos democráticos dos trabalhadores e da juventude.

A crise política que pretendia se fechar com a votação do impeachment volta se abrir minutos depois com a votação dos mesmos Senadores contra a inabilitação de Dilma para o exercício de cargos públicos. Independentemente dos interesses particulares que fez o balanço dos votos dos Senadores em poucos minutos, seja para se auto proteger frente as incertezas da Lava-Jato onde vários estão envolvidos, sentar precedente para tentar beneficiar a Eduardo Cunha ou outras razões do tipo é claro que construíram relações de força contra Temer para tentar negociar mais e melhor posicionados o que aprofunda a crise política. Podemos acrescentar outro elemento a esta crise política no Estado lembrando que o Prefeito de João Pessoa, capital da PB, em pleno processo de impeachment abandonou o Partido dos Trabalhadores (PT) para se filiar ao golpista Partido Social Democrático (PSD) de Gilberto Kassab, dirigido no estado pelo ex-tucano Romulo Gouveia.

Mas estamos frente a questão mais estratégica, quais serão as reconfigurações pela direita e pela esquerda dos desdobramentos da crise orgânica no Nordeste, até hoje bastião do petismo mesmo na sua gigantesca crise e o espaço que se abre? Porque o impeachment de Dilma foi aprovado, mas as crises de representação partidária continuam no marco de uma crise econômica que se aprofunda.

O Senado mostrou mais uma vez o que é e para o que está, e que interesses de classe defende, por isso os marxistas revolucionários defendemos sua abolição.

Hoje a direita vai comemorar, mas é central realizar um balanço político de todo o período para tirar lições sobre o que significou a política de conciliação de classes do Partido dos Trabalhadores (PT) e como abriu o caminho com seu fisiologismo que se voltou contra seu próprio governo ao avanço da direita. Isto é indispensável para organizar a resistência contra os ataques do governo golpista de Temer contra os trabalhadores e o povo pobre e para isso é preciso construir uma alternativa anticapitalista, que partir da intervenção na luta de classes enfrente esta direita dura.

 
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