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CHILE
Mais de um milhão nas ruas do Chile contra a previdência privada
Redação Esquerda Diário Argentina

Uma multidão voltou a sair às ruas do Chile nesse domingo para protestar contra o sistema privado de aposentadorias, conhecido como AFP, instaurado sob a ditadura de Pinochet.

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Menos de um mês depois da última mobilização, que havia reunido cerca de 700 mil manifestantes em todo o país, os chilenos voltaram a sair às ruas nesse domingo para protestar contra o sistema privado de aposentadorias. O grito NÃO+AFP (Administradoras de Fundos de Pensão) ecoou forte nas ruas de todo o país, nas diversas regiões, províncias e cidades.

Segundo os organizadores, 1.500.000 pessoas tomaram as ruas. Trabalhadores, aposentados, famílias, profissionais e jovens, em uma grande mobilização onde se cantava contra as míseras pensões, contra José Piñera e as AFP.

Valparaiso

O sistema conhecido com o nome de Administradoras de Fundo de Pensão (AFP), foi imposto em 1981 pela ditadura de Augusto Pinochet. O artífice foi o então Ministro do Trabalho, José Piñera, irmão do ex-presidente Sebastián Piñera.

Iquique

O sistema de AFP desenhado por Pinochet e vigente até hoje, obriga os trabalhadores a deixarem compulsivamente 10% de seus salários com as empresas privadas de administração de pensões durante todo seu tempo de trabalho.

Durante esses mais de 30 anos de existência de previdência privada, os chilenos denunciam que as administradoras ficam com os lucros enquanto a maioria dos aposentados recebem aposentadorias miseráveis, ainda menores que o salário mínimo.

Antofagasta

Ao repúdio massivo frente a um sistema que produz cada vez mais aposentados empobrecidos se somou o descontentamento de milhões ao saberem recentemente das aposentadorias milionárias recebidas por membros do exército e da polícia. Quando se planejou o sistema de AFP para todos e todas as chilenas, se planejou um esquema paralelo para os membros das Forças Armadas, para os quais o Estado segue pagando a aposentadoria e que podem chegar a ganhar 30 vezes mais do que recebem cerca de 90% dos aposentados chilenos.

Tarde para reformas

A magnitude do descontentamento diante do sistema de pensões não só deixa sem lugar a defesa das AFP que tem ensaiado empresários do setor, como também não dá margem aos intentos de reformas anunciadas pelo governo de Bachelet. Pelo contrário, o ódio massivo contra esse sistema, que deixa na miséria milhões de chilenos, está empurrando a popularidade da presidenta para mínimos históricos.

Frente à possibilidade de que acabe para eles esse negócio milionário, os empresários propuseram que a solução seria aumentar a idade de aposentadoria. Ou seja, nem mais nem menos do que aumentar a quantidade de anos de contribuições que as administradoras recebem dos trabalhadores. O próprio José Piñera, criador do sistema de pensões e ex-ministro do Trabalho do ditador Augusto Pinochet, voltou ao país para defender as AFP com os argumentos mais escandalosos.

Tudo indica que já é tarde. Nem a defesa aberta desse sistema por parte dos funcionários da ditadura, nem os intentos por parte desse governo de fazer “reformas” ou “anúncios” que mantém as heranças dessa ditadura e seu negócio com as pensões de miséria, puderam acalmar a indignação nacional contra as AFP.

Alguns nomearam os manifestantes que saíram às ruas como “os indignados” do Chile. A luta contra o sistema de aposentadorias se soma à que tem sido protagonizada por centenas de milhares de estudantes em todo o país pela educação gratuita. Ambos os sistemas, que mercantilizam as pensões e a educação, são uma herança da ditadura que se mantém até nossos dias, e que nenhum governo modificou. Bachelet ensaiou promessas de mudança, tão somente uma série de reformas que não acabam com essa aberração e que seguem garantindo o lucro em ambas as áreas. A queda abrupta da popularidade de Bachelet, que ainda segue, não faz mais que mostrar que é tarde para reformas. A rua voltou a se manifestar e gritou forte NÃO + AFP.

Tradução por Guilherme Almeida

 
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