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GOLPE
Temer: “testa de ferro” ou “cavalo de Tróia” do tucanato?
Evandro Nogueira
São José dos Campos
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Como já dissemos aqui, a cúpula do PSDB se reuniu na noite de quarta-feira (17) com Temer para acertar como ampliar a participação dos tucanos nas decisões do governo. O tucanato vinha dizendo que não quer saber de “prato feito”, em alusão a como Dilma apresentava suas políticas à base aliada. Nas palavras do ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, um dos nomes fortes de Temer, "Eles pediram, com toda razão, uma maior participação no processo de formulação do governo". O combinado é que o líder do governo no Senado, o tucano Aloysio Nunes, passará a integrar as reuniões no Palácio do Planalto do núcleo econômico do governo.

Recentemente certo desgaste entre governo e tucanos havia se expressado após o governo ter abdicado de exigir que os Estados fiquem dois anos sem conceder reajustes salariais aos seus funcionários. As críticas direcionadas ao ministro da fazenda Henrique Meirelles vinham carregadas do medo de que esse possa estar se preparando para efetivamente ser candidato à sucessão presidencial em 2018, hipótese levantada por diversos analistas. O presidente do PSDB, Aécio Neves, disse que Temer deve reassumir o controle do seu “time” e o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) enfatizou, “deixa o Meirelles cuidando da economia e deixa o núcleo político cuidando da política, sem deixar 2018 contaminar o ajuste que tem que ser feito”.

O fato é que dificilmente exista alguém mais focado em 2018 nesse momento do que os próprios tucanos. Nada mais conveniente, portanto, que forçar o governo transitório de Temer a implementar os mais duros ataques, arcando com o desgaste que for, deixando o caminho livre para eles nas urnas depois.

Para não ficar dúvidas, Aécio já está cobrando o que Temer deve dizer daqui há dez dias, “Compreendemos que a interinidade traz limitações. Mas o presidente Temer disse que dia 29 começa para valer o seu governo e para isso não pode haver ambiguidade. Após o afastamento da presidente Dilma, o presidente Michel vai apresentar ao Brasil um a agenda ousada e corajosa de reformas. Ele não tem possibilidade de errar daqui para a frente. Vai apresentar uma agenda para recuperar o país”.

E o líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB) completou, nesse caso diretamente ameaçando os trabalhadores, “a população terá que entender que amargo mesmo é o desemprego”.

O fato do governo ter que ceder uma posição tão especial ao tucano Aloysio Nunes, para além do tom como Aécio e demais comentam o que Temer dirá e a ousadia que terá, são expressões da fragilidade do governo. Não custa lembrar que foi somente após o PSDB passar definitivamente para o lado do impeachment que o mesmo se tornou quase certo. O apoio tucano na câmara e no senado é necessário para que Temer alcance seus mínimos objetivos, como ele mesmo diz, seu "compromisso com a História", que é implementar uma grave retirada de direitos trabalhistas e sociais. Sem isso, sua até agora “biografia dos bastidores” estaria condenada a continuar assim, acrescentando o agravante de um final desastrado. Se Temer pelo menos pôde gerar piadas ao dizer que “muitos votaram porque eu era candidato a vice”, o tucanato nem isso poderia, mas a verdade é que já voltaram ao poder, dois anos antes de 2018.

Enquanto vão se entrincheirando no governo os diferentes setores golpistas e preparando a continuidade dos ataques aos trabalhadores, as centrais sindicais organizaram um dia de manifestações bastante aquém do que deveria ser para de fato enfrentar esses ataques. O imobilismo das centrais sindicais impede uma mobilização de fato nas ruas. A CUT e a CTB fazem o mesmo que o PT, não organizam nada de verdade para resistir. A esquerda tem que exigir e batalhar para colocar em prática um verdadeiro plano de lutas, que obrigue CUT e CTB a se movimentarem, organizando nas bases dos sindicatos assembleias que permitam os trabalhadores assumirem protagonismo na luta por suas demandas específicas e contra o conjunto dos ataques do governo Temer.

 
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