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Reacionários ligados a partidos de direita tentam controlar o Cristóvão
Leonardo Cechin

No dia 08/06 foi fundada no I.E.E. Cristóvão de Mendoza em Caxias do Sul, uma Associação intitulada "Pais do Bem", pelos mesmos indivíduos que ameaçaram, perseguiram e agrediram os estudantes durante o período das ocupações e mesmo após o fim delas. O que chama atenção é a quase íntima ligação que este grupo mantém com partidos como PMDB e PSDB.

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Eram por volta de 7:30 de uma segunda-feira (06/06) quando o Cristóvão (2ª maior escola do RS), que estava ocupado pelos estudantes desde o dia 19 de maio, foi invadido por cerca de 40 pessoas, que receberam as chaves externas pela direção da escola e em seguida arrancaram e arrebentaram portões trancados pelos estudantes, além de quebrarem mesas e cadeiras utilizadas em forma de barricada para defesa própria dos adolescentes. Os estudantes perderam dois dos três blocos da escola, já os invasores, para que voltassem as aulas se mantiveram também ocupados, dormindo no espaço. O que se desenhou então foi uma ocupação contra a ocupação.

Caxias do Sul é uma cidade majoritariamente conservadora, com predominância de ideias da classe média que foi às dezenas de milhares para as ruas em defesa do golpe institucional contra Dilma Rousseff; foi a cidade com maior concentração de votos para Aécio Neves em 2014 no estado, além de ser terra natal e berço eleitoral do atual governador José Ivo Sartori, que apesar de parcelar os salários dos servidores e destruir os serviços públicos do RS, mantém na cidade o maior índice de aprovação dentro das últimas pesquisas.

Nesse contexto, não demorou muito para que literalmente se aglutinassem nos portões controlados pelos "Pais do Bem" pessoas querendo contribuir para o fim da ocupação. Como Rafael Bueno, vereador pelo PDT (ex-PCdoB), que na mesma noite foi jantar com os pais e pediu "que deus orasse pela proteção deles ". Antes mesmo, numa sessão na Câmara de Vereadores, este mesmo mandou os estudantes "carpirem um lote" se não tivessem mais nada a fazer, para estarem ocupando escolas. Outro vereador, Renato Nunes do PR, disse que se fosse necessário ele mesmo tiraria os estudantes à força de dentro da escola. Já outra figura que consegue ser ainda mais repugnante que essas, Guila Sebben do PP, defendeu a volta da Moral e Cívica na grade curricular e até pena de morte para os "baderneiros e terroristas". Todos esses, além de visitarem com frequência o espaço controlado pelos invasores os convidaram também para reuniões frequentes em seus gabinetes. Não bastassem políticos sujos, se somaram também o MBL e atuantes pela intervenção militar, que todos os dias iam aos portões da escola chamar os estudantes de "comunistas, petistas e anti-patriotas", além de pregarem faixas nos canteiros que diziam "Fora Comunistas!".

Essa ’frente’ reacionária contra a educação pública atuou em conluio com a RBS - filiada da Rede Globo, se fazendo valer do senso pró-Sartori da população para praticar todo tipo de terrorismo contra os estudantes que estavam legitimamente em luta. Como já denunciamos aqui no Esquerda Diário as agressões foram desde ameaças de intoxicação alimentar e morte por envenenamento, até tiros para cima com arma de fogo e tentativa de sequestro, tudo sempre legitimado pela direção da escola que apoiou estas ações desde o início, quando soldou as portas do refeitório para que os estudantes da ocupação não pudessem utilizá-lo.

O perfil dos componentes, que de acordo com eles são 35, são imagem e semelhança do giro à direita que acontece no Brasil com a consumação do golpe. Reacionários, conservadores, contra os serviços públicos e movimentos sociais; defensores da família tradicional burguesa branca de heteros cristãos, apoiadores de Jair Bolsonaro e da ditadura militar. Segundo eles dizem em publicações nas redes sociais, o processo nacional de ocupação de escolas contra a precarização da educação foi "resultado de dar poder a alguns fedelhos sem limites em casa e sem referência alguma", e para isso a solução era "uma tunda de laço nesses marginais".

O objetivo de tudo isso era garantir o retorno das aulas, certo? Errado. Mesmo após os estudantes concordarem em desocupar a escola, depois de conquistar reformas contabilizadas em mais de R$ 600.000,00 no prédio e o adiamento da votação do PL 44/2016, estes pais invasores permaneceram nos corredores perseguindo, intimidando e coagindo os estudantes que participaram da ocupação, querendo até revistá-los na entrada. Nem com orientação do Ministério Público os agressores deixaram as dependências da escola. Foi dessa forma que os estudantes foram impedidos de se reunir para organizar as eleições para o Grêmio Estudantil, foram xingados e mesmo encerrando a reunião e retornando às suas salas, foram retirados delas para ir até a sala dos professores, onde policiais militares os aguardavam, alguns portando metralhadora, que foram chamados por professores e pais e em menos de 10 minutos 4 viaturas já estavam na escola. Os estudantes foram trancados dentro da sala dos professores com estes policiais, que os agrediram com tapas e chutes e depois os levaram - mesmo sendo menores de idade - algemados para as viaturas, depois disso encaminhados para a Delegacia de Polícia Civil, onde ficaram mais de 10 horas.

No dia 09/08 terça-feira, foi realizado no saguão do Cristóvão um coquetel da tal Associação Pais do Bem, que atrapalhou as aulas dos estudantes e os fez sair pelos fundos da escola. Esse evento privado num espaço público, contou com a presença ilustre de pessoas como Beto Maurer do MBL, que é candidato a vereador pelo DEM, Paula Loris que é candidata a vereadora pelo PSDB, o candidato a prefeito pelo PDT Édson Nespolo e seu vice Antonio Feldmann, do PMDB.

A Associação realizou pinturas, comprou equipamentos e contratou serviços privados para a manutenção da pista de atletismo da escola e, como eles mesmos disseram em uma publicação na página da Associação: "Temos parceiros que estão nos ajudando, empresas". Podemos começar afirmando que a tinta não evitará o desmoronamento da escola, que é uma das mais fragilizadas estruturalmente, e que a manutenção do espaço é dever e responsabilidade única e exclusivamente do Estado, não de setores privados. E depois, de onde está vindo o dinheiro para tais reformas, com certeza do bolso desses pais não é, como eles afirmaram têm "parceiros-empresas" que os ajudam, somados aos partidos que se envolveram no processo desde o início e descaradamente participaram deste coquetel, o que está acontecendo por baixo dos panos? Se desenvolve aí um esquema de corrupção com investimento de empresas privadas por meio de políticos?

Quando este grupo atua por fora do Estado, está tentando influir politicamente nas questões pedagógicas e organizativas da escola, o que na prática é como comprarem a escola que deveria ser pública. As consequências disso são esse grupo definir o que é permitido ou não e até quem pode estudar. Acusaram os estudantes de doutrinação ideológica e de terem partidos "por trás", mas agora se configura uma grande hipocrisia, como podem defender uma Escola Sem Partido, se são eles que trazem partidos políticos para dentro da escola? O que querem é na verdade uma Escola Com Partido, mas com os partidos deles! Aqueles de direita, conservadores e corruptos como são os que participaram do coquetel.

Abaixo, fotos comprovando alguns dos absurdos:

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