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LIBERDADE PARA BELÉN
Os meios hegemônicos e sua cruzada contra as mulheres
Susana Gómez

A jornada por #LibertParaBelén foi um importante passo. O trato que derem os meios hegemônicos e o desafio de amplificar nossa luta para arrancá-la do cárcere.
Susana Gómez

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Tradução: Odete Cristina

Na sexta 12, milhares de mulheres ao longo de todo país saímos às ruas e ocupamos as praças ao grito de #LibertParaBelén, que leva 900 dias presa acusada pela justiça misógina de Tucumán em uma causa sem provas. Uma Justiça que ao condenar Bélen tenta enviar uma mensagem disciplinadora contra o direito de todas as mulheres a decidir sobre seus corpos.

Pelas redes sociais circulam campanhas de fotos, vídeos de solidariedade, milhares de assinaturas e pronunciamentos de artistas, deputadas e deputados, de médicas, trabalhadoras, estudantes que se solidarizam e veem reclamando por sua liberdade. Entretanto, não só nas redes sociais se repercute esse clamor, porque tem sido essa intensa campanha impulsionada pelo movimento de mulheres e pelas organizações sociais, políticas e de direitos humanos, que os meios tiveram que fazer eco e dar a conhecer que Belén está presa faz mais de dois anos.

Porém, no marco da jornada por sua liberdade, meios como o La Nación ou o La Gaceta de Tucumán (A Gazeta de Tucumán), não tardaram em fazer eco da mensagem da justiça tucumana, que busca culpabilizar e criminalizar o direito já existente ao aborto não punível para todas mulheres. Desde suas páginas, refletiram esta mensagem com um claro discurso misógino, ao mesmo tempo que buscaram desprestigiar nossa luta colocando que “o processo criminal foi politizado”. Assim o fez neste sábado 13 de agosto o diário La Gaceta de Tucumán, um dos mais importantes da província em que Belén está presa.

Com essa mesma intenção, o diário La Nación titulou reiteradamente que as marchas em todo o país se fizeram em solidariedade com “uma mãe acusada de homicídio”, abandonando o discurso que a condenou por um fato que nem sequer foi provado e sem dar lugar a que se expresse a palavra de Belén, que desde o princípio negou estes fatos. Pelo contrário, La Nación e La Gazeta de Tucumán, reproduzem o discurso dos juízes que a levaram sem provas ao cárcere, do governador Juan Manzur que disse que havia de ser “respeitosos” dessa decisão do Presidente Maurício Macri, que em uma entrevista disse estar “a favor da vida” quando foi consultado pelo caso de Belén e agregou que “não pensa” despenalizar o direito a interrupção voluntária da gravidez não desejada, que evitaria que mulheres sigam morrendo devido a abortos clandestinos.

Estes meios estão ao serviço da criminalização das mulheres, e numa extensa entrevista que La Gaceta realizou sábado passado, 13 de agosto aos juízes da causa Ibañez, Fradejas e Macorrito, quem uma ou outra vez condenam a Belén com suas declarações, este meio chegou inclusive a difundir seu nome e apelido verdadeiro, violando seu direito a preservar sua identidade e sustentando um discurso acusatório, repleto de frases que afirmavam que se tratava de “um recém nascido em estado de absoluto de indefesa” o que sustentavam que na causa de Belén “os testemunhos refletiam que havia nascido uma criança com vida”, falsificando os fatos e ocultando que a justiça nem sequer realizou as provas de DNA necessárias para constatar a filiação de Belén com o feto encontrado no banheiro do hospital, que ela procurou devido a dores abdominais.

Como se isso fosse pouco, este diário chega inclusive a sustentar que não houve um aborto espontâneo, não induzido e, portanto, não punível, tal como demonstra a própria história clínica de Belén. Todas as acusações ademais, de las que não há nenhuma prova, como denuncia incansavelmente sua advogada Soledad Deza e as organizações que acompanharam a Belén em sua luta por sua liberdade.

Claro que é político, porque tanto o governo de Macri como o de Manzur em Tucumán, sustentam a impunidade com que a justiça – aliança com a hierarquia da Igreja – arremete contra as mulheres, judicializando-as e os meios de comunicação hegemônicos a legitimam com suas notas machistas. É por isso que escondem em suas páginas que fomos milhares as que nos mobilizamos pela liberdade para Belén. Eles querem calar a uma mulher, mas foram recebidos com o grito de milhares.

Desde o Esquerda Diário Argentina viemos refletindo a luta por #LiberdadParaBelén, e queremos aportar para que essa bandeira se transforme em uma grande campanha nacional e internacional para arrancá-la do cárcere. Nestas páginas viemos somando vozes de centenas de mulheres, estudantes e trabalhadoras que se sentem Belén, que se organizam e que saem as ruas para conquistar a anulação de sua condenação. Hoje já são dezenas de milhares de pessoas que se informam diariamente através dessas páginas virtuais e que difundem esta luta, que os grandes meios de comunicação pretendem silenciar. Para amplificar esta voz e para seguir organizando-nos para lutar por todos nossos direitos, te convidamos a que se some também a escrever conosco.

 
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