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UM ANO DA CHACINA
Um ano da chacina de Osasco e as vozes sem voz das estatísticas
Redação

Neste sábado, 13 de agosto de 2016, se completa um ano de uma das maiores chacinas da história da grande São Paulo, quando 19 pessoas foram assassinadas e 7 ficaram feridas em uma mesma noite, nas cidades de Osasco e Barueri.

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Difícil que os moradores das periferias de Osasco e Barueri não se lembrem daquela noite de um ano atrás. O silêncio que tomou conta da cidade durante a madrugada do dia 13 não foi um silêncio comum. Foram oito mortos em apenas um bar do bairro Munhoz Júnior, zona norte de Osasco, perto da divisa com Barueri. Dezenove mortos em menos de três horas, em dez ataques espalhados pela região.

A chacina ocorreu em resposta à morte do Policial Militar Avenilson Pereira de Oliveira, em um posto de gasolina, e também ao assassinato do guarda-civil Jefferson Rodrigues da Silva, um dia antes.

Diversas provas, como o depoimento de testemunhas, mensagens de celular e trocas de ligações apontam para nove suspeitos, entre Policiais Militares e Guardas-civis municipais, em uma lista de quase 30 possíveis envolvidos nos crimes. Porém, apenas três policiais e um guarda estão presos, aguardando a decisão da justiça sobre encaminhar ao júri popular ou não. Promotores afirmam que a perspectiva é de impunidade para os assassinos, pois as provas foram muito bem camufladas e diversas testemunhas, assim como o próprio júri, podem ser pressionadas por medo da polícia e da guarda-civil municipal de Barueri, conhecida por seu porte fortemente militarizado e pensada especialmente para defesa feroz dos condomínios residenciais multimilionários de Alphaville.

Muitos familiares das vítimas e testemunhas dos crimes se mudaram dos bairros e cidades que moravam, por receberem ameaças de morte caso tentassem fortalecer as investigações. O sofrimento da saudade e das lembranças, assim como a situação econômica crítica de famílias que eram sustentadas pelos assassinados, também levou os familiares à mudança de cidade. Porém, a articulação de algumas mães fundou a Associação 13 de Agosto, em que reúnem os familiares das vítimas para a busca de punição e indenizações que até hoje o governo estadual se recusa a pagar. Essas mães se comunicam por um grupo de Whatsapp chamado “As vozes das estatísticas”, talvez inspiradas pela música do rapper Eduardo com este nome e significado.

Essa chacina foi um dos casos mais emblemáticos dos últimos anos em SP sobre a atuação das polícias paulistas. Em busca de vingança da morte de um dos seus, esses assassinos saem indiscriminadamente matando a juventude pobre, negra e trabalhadora nas esquinas das periferias, criando noites de terror como essa de um ano atrás. E para completar o quadro emblemático, provavelmente os culpados sairão impunes das investigações e ninguém será preso. O governo estadual é responsável pelos crimes e pela impunidade. A polícia, seja militar, civil ou municipal, comprova a cada assassinato na periferia que não é uma corporação que deve existir, pois serve apenas aos ricos e poderosos, retirando a vida dos trabalhadores e do povo pobre cotidianamente nas periferias do país, enquanto absolve a si própria em seus julgamentos.

Neste Sábado, 13 de agosto, data do aniversário da chacina, a Associação 13 de Agosto de familiares das vítimas convoca um Ato Público em Memória e Homenagem às Vítimas, a ser realizado a partir das 17 horas no bairro do Munhoz Jr., Avenida Diretriz, ponto final do Munhoz, na cidade de Osasco, São Paulo.

 
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