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DEMISSÕES
Demissões à vista na Embraer
Evandro Nogueira
São José dos Campos
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A Embraer comunicou nessa segunda-feira (8) que vai abrir um Programa de Demissão Voluntária (PDV) no Brasil. A desculpa da empresa, pra variar, é a crise. As demissões fazem parte de um pacote ações para reduzir em cerca de US$ 200 milhões as despesas da companhia, ao ano. No texto entregue aos trabalhadores, a empresa demonstra seu cinismo, "O cenário nos negócios em que atuamos tem se mostrado cada vez mais desafiador, principalmente para os próximos anos, com demanda global em declínio, acirramento da competição, além de instabilidades econômicas e políticas em mercados importantes".

Há menos de um mês, no dia 11 de julho, a Embraer divulgou as perspectivas de mercado de 2016 a 2035, detalhando previsões. Poucas horas depois as ações da empresa já operavam com alta de quase 1%. Nas previsões, o crescimento do mercado seria responsável por 63% da demanda.

Em 2016 São José dos Campos alcançou o posto de quarto maior município exportador do Brasil, atrás apenas das capitais São Paulo e Rio de Janeiro e da cidade de Paranaguá (PR). No primeiro trimestre, São José exportou mais de US$ 1 bilhão em produtos, um aumento de quase 23% em relação ao mesmo período de 2015. De acordo com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico da cidade, “somente no mês de março, o município exportou US$ 466,7 milhões, quase 40% a mais do que no mesmo mês do ano passado”. O resultado é o melhor desde 2010. Os Estados Unidos foram o principal destino dos produtos exportados, 58%, a maioria aeronaves e equipamentos aeronáuticos. Depois vem a China (7,7%), seguida do México (4,7%) e o Reino Unido (4%).

Denúncias do Sindmetal SJC

Segundo o Sindicato de Metalúrgicos de São José dos Campos, a Embraer não deu qualquer informação sobre a meta de adesão ao PDV. O vice-presidente do sindicato, Hebert Claros, trabalhador da Embraer, declarou que “A verdade é que a Embraer não está passando por problemas de produção. Ao demitir trabalhadores, a empresa quer resolver um problema de caixa criado por ela própria. Por isso, insistimos em defender a estabilidade no emprego para todos os trabalhadores”.

Em depoimento ao Ministério Público Federal, um gerente da Embraer disse que a cúpula da empresa autorizou o pagamento de suborno, no valor de 3,5 milhões de dólares, a uma autoridade da República Dominicana durante negociações para venda de oito aviões Super Tucanos, entre 2008 e 2009. Em delação premiada, o então gerente da Área de Defesa da Embraer, Albert Phillip Close, detalhou as negociações, segundo ele, autorizadas pelo então presidente Frederico Curado. Como resultado das investigações, a Embraer já reservou R$ 685 milhões para pagamento da multa, que ainda será definida.

Crescimento de vendas da Embraer não vem de hoje

Em pleno auge de demissões na indústria, no meio do ano de 2015, o presidente da ACI (Associação Comercial e Industrial) de São José dos Campos, Felipe Cury, declarava “A Embraer é a salvação da lavoura em São José. Ainda bem que a cidade é o epicentro da tecnologia no Hemisfério Sul. Se a indústria automobilística está perdendo, temos um outro segmento que compensa”, De acordo com ele, a empresa tem a vantagem de ter encomendas perenes, que garantem um saldo positivo por alguns anos. E mais, o representante do órgão burguês ainda destacou que “tem a capacidade de exportação da Embraer, que reflete na balança comercial”.

Quase um ano depois, confirmando aquele prognóstico, o principal jornal de São José dos Campos noticiava, “Gerente do Ciesp de São José, Fabiano de Sousa disse que o crescimento nas exportações da região se deve, especialmente, ao aumento de aviões vendidos pela Embraer. A empresa entregou 44 aviões no primeiro trimestre de 2016, 37,5% a mais em relação ao mesmo período do ano anterior, quando foram 32. “‘Nossa balança está muito atrelada à empresa, o que é positivo para a região. Ela tem um valor agregado alto em seus produtos’”.

Mais demissões sem luta?

Para barra as possíveis demissões que a Embraer está anunciando é preciso que o Sindmetal de SJC prepare uma dura luta, convocando assembleias e organizando os trabalhadores para resistir. O sindicato não pode aceitar acordos que prejudicam os trabalhadores, como foi o assinando junto a patronal da GM com mais de 500 demissões em 2013 e esse ano aceitaram novamente a demissão de mais de 500 trabalhadores sem nem ao menos uma assembleia na fábrica organizada para tentar resistir. A maior prova de que era possível ter revertido aquelas demissões é que apenas cinco meses depois a mesma GM já contratou mais de 500 operários.

 
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