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MARIANA/MG
Mariana na Austrália
Sofia Velasquez

A estudante de Ciências Biológicas da UFMG Sofia Velasquez, conta sobre a sua experiência ao ser noticiada sobre o crime ambiental de Mariana enquanto morava na Austrália, país de origem de uma das empresas donas da Samarco.

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Foto: Fernando Leal

No dia 4 de novembro de 2015 (dia 5 no Brasil), acordei do outro lado do mundo pra mais um dia tranquilo. Acordar, dar aquela checadinha no facebook ainda na cama, né. “Mar de lama em Mariana”. Pronto. Um oceano de distância e dava pra sentir dali o cheiro dos rejeitos soterrando uma cidade, um rio inteiro. Como bióloga, me senti responsável por não ter me informado e por estar longe quando meu país sofria com a maior catástrofe ambiental dos últimos tempos. Era hora de correr atrás do prejuízo. Junto com a comunidade de brasileiros em Brisbane – QLD, decidimos que algo devia ser feito: barulho!

Convenientemente, a dona de metade da Samarco, algoz de Bento Rodrigues e do Rio Doce e também a maior empresa de mineração do mundo, BHP Billington, tinha uma de suas sedes bem perto da faculdade onde eu estudava na Austrália.

Indignados com a falta de divulgação da tragédia na terra da financiadora daquela desastre, começamos a disseminar as notícias e a planejar o protesto. Seria pacífico, seria sério, e seria logo. Eu e uma brasileira maravilhosa, residente na Austrália, corremos atrás de permissões com a polícia e marcamos o ponto de encontro: na entrada da empresa. Os cartazes davam ênfase aos mortos, humanos e não-humanos, vivos e rios, e as futuras tragédias prestes a acontecer se aquilo não fosse devidamente investigado e sanado.

Infelizmente, a coisa não teve grande adesão. De 36 confirmados, nem metade pode comparecer. Mas fomos em frente. Com cartazes diretos, em inglês e com referências de fácil entendimento para os Queenslanders – associando o rio Doce ao rio que cortava a cidade, por exemplo – de forma a transmitir a dimensão da tragédia, nos pusemos na porta do prédio corporativo por 1h durante a manhã, na hora de entrada dos funcionários. Alguns passantes e até funcionários que entravam no prédio pararam para ouvir e arregalavam os olhos vendo os dados de um crime ambiental tão distante, causado por sua conterrânea BHP.

Não poupamos acusações, mas no geral, a indiferença predominou. Desviavam dos cartazes e da culpa, e por fim, nos retiramos. Do evento saiu uma entrevista em uma pequena rádio australiana e uma pequena notícia. Um outro protesto, em Melbourne, chamou mais atenção e saiu até nas mídias brasileiras, “Que bonito, muito bem! Agora podem ir, já usaram a cota de patriotismo do dia”. Infelizmente, minha impressão foi de impacto zero, e de que ninguém se importa verdadeiramente. Vida australiana que segue, como a lama do ex-Rio Doce.

Abaixo, reportagem sobre o protesto em frente à BHP em Melbourne dia 27/11/2015

 
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