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MACHISMO NAS OLIMPÍADAS
Olimpíadas: a tentativa de desmerecer as conquistas das mulheres
Zuca Falcão
Professora da rede pública de MG

A presença em grande número de atletas femininas e as muitas medalhas e recordes que elas vêm conquistando nestas Olimpíadas representam uma nova perspectiva no mundo dos esportes, predominantemente masculino. Em contrapartida, o machismo da sociedade expresso na mídia burguesa não se intimida em tentativas de desmerecer o sucesso destas mulheres.

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Um fato que tem chamado muito a atenção nesta edição dos jogos olímpicos, além da premiação, é a grande participação de mulheres, participando inclusive em todas as modalidades que os homens já competem. Essa conquista aconteceu aos poucos, ao longo das décadas, quando a participação das mulheres foi aumentando lentamente, mas sempre sob o protagonismo de alguma competidora que se esforçou em romper as barreiras que sempre foram impostas às mulheres no mundo dos esportes.

A expressiva participação feminina nas Olimpíadas, no entanto, não significa que todas as barreiras do machismo e preconceito foram ultrapassadas. Prova disso são as inúmeras publicações que têm sido feitas em redes sociais, sites e jornais desde o início dos jogos e que demonstram uma intenção do público masculino e da mídia burguesa em tirar os holofotes das competidoras pelo seu mérito nas provas e destacá-las como objetos sexuais, que devem ser admiradas mais pelos atributos físicos do que pelo sucesso nas competições.

O jornal Chicago Tribune em sua conta no Twitter apresentou uma competidora estadunidense que ganhou medalha de ouro na competição de tiro como “mulher de um jogador do Bears”. O jornal espanhol Marca publicou um artigo sobre a goleira da seleção feminina de futebol angolana que “apesar do sobrepeso, tinha muita flexibilidade e boas defesas”. Um comentarista da rede estadunidense NBC noticiou a quebra do recorde mundial de 400 metros por uma nadadora húngara como “um mérito de seu marido que também é seu treinador”, a quem a nadadora conheceu e se casou três anos depois de ganhar um importante título na Europa. Outra nadadora dos Estados Unidos teve seu recorde mundial na modalidade 400 metros livre atribuído por um colega também nadador ao fato de “nadar como um homem”. O jornal Argentino Olé apresentou um grupo de atletas “loiras e de olhos claros, chamando a atenção de todos na vila olímpica” como “as bonecas suecas” e o jornal El Mundo chegou ao extremo de publicar uma galeria de fotos com o título “gostosas internacionais nos jogos do Rio”.

Todas estas reações machistas são um testemunho do repúdio à participação da mulher em quaisquer atividades que não sejam aquelas destinadas à nós neste sistema capitalista que quer ofuscar nossa participação em lugares de destaque na sociedade e nos fazer crer que este papel pertence exclusivamente aos homens. Nestas Olimpíadas provamos nossa capacidade de competir internacionalmente como atletas de sucesso, posto historicamente reservado aos homens, mas ainda queremos muito mais! Queremos respeito e reconhecimento pelos papéis de destaque que desempenhamos ao invés de ter o brilho das medalhas ofuscado pelo machismo e ignorância desta sociedade opressora sustentada até hoje pelo capitalismo, a quem muito interessa que as mulheres aceitem sem contestar o tímido papel imposto por esse sistema à todas nós de cumprir tarefas domésticas e servir sexualmente aos homens.

 
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