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LAVA JATO
Marcelo Odebrecht diz que vai contar tudo em delação. O que isso pode significar?
Guilherme de Almeida Soares
São Paulo

Em um depoimento que durou dez horas em Curitiba, o empresário Marcelo Odebrecht disse na quinta feira a quatro procuradores da República ter a intenção de explicar, em detalhes, como fez pagamentos ilícitos a políticos de diversos partidos nos últimos anos. Pela primeira vez o herdeiro da maior construtora do país se reúne pessoalmente com integrantes da Lava Jato para viabilizar um acordo de delação premiada.

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Outro ponto central do depoimento foi sobre a motivação da Odebrecht para fazer transferências: caixa dois de campanha ou propina ligada a obras públicas. O depoimento marca a reta final da tentativa da Odebrecht de firmar sua colaboração. Os membros da Lava Jato já afirmaram que a proposta apresentada é "satisfatória’’, mas ainda depende de documentos e detalhamento dos fatos.

Existe uma expectativa de que 51 executivos e gerentes da empreiteira, incluindo o empresário, façam parte da proposta final de acordo de delação a ser apresentada ao procurador – geral da República, Rodrigo Janot. Pelo menos 90 temas foram apresentados á Procuradoria Geral da República e Marcelo Odebrecht deverá contar em detalhes o conteúdo de cada um deles.

De uma forma mais geral, a Odebrecht promete apresentar provas que envolvem, além de integrantes do governo federal, 35 senadores, 13 governadores e dezenas de prefeitos. O objetivo é destrinchar os pagamentos feitos pelo Setor de Operações Estruturadas, que ficou conhecido como "diretoria da propina’’.

Apesar dos investigadores buscarem confirmar versões com Marcelo Odebrecht, a negociação já não passa mais diretamente por suas mãos. Depois de controlar a defesa da empresa durante o ano em que ficou na prisão, Marcelo deixou de dar a última palavra no acordo, agora conduzido pelo pai dele, Emílio Odebrecht. Emílio convocou um grupo de cinco ex – executivos, que trabalharam diretamente com ele nos anos 80 e 90, para discutir o caminho a ser seguido. Foi assim que a idéia de delação ganhou corpo, no início do ano, e foi aceita por Emílio em março.

Uma delação que pode influenciar nos rumos da crise política do Brasil

O envolvimento da empresa Odebrecht com vários partidos da ordem demonstra que a corrupção não faz parte somente de um ou outro partido político, mas que é fruto deste sistema capitalista que carrega no seu DNA este tipo de prática. A partir do momento que esta denuncia vem á tona, a tendência é que a crise política no Brasil se aprofunde mais e que se tenha mais questionamentos ao regime político.
A delação premiada envolvendo a Odebrecht vai ocorrer num momento onde o presidente golpista Michel Temer está colocando em andamento ataques como a "reforma’’ da previdência e a trabalhista, mas que mesmo tomando esta iniciativa, ainda assim está muito aquém do que o imperialismo está reivindicando. Esta postura de não atender até o final os desejos do imperialismo, faz com que setores ligados ao PSDB já comecem a questionar o Michel Temer.

O fato é que o governo de Temer pediu um voto de confiança no seu governo para o imperialismo, agora ele tem que ver se tem correlação de força pra poder passar estes ataques. Caso consiga passar os ataques sem luta, é fato que o governo golpista sairia fortalecido para impor medidas mais duras, mas caso não consiga, o imperialismo através da Lava Jato pode utilizar a delação de Marcelo Odebrecht como uma carta guardada que colocara em cheque o seu governo.

Será que esta delação premiada pode aprofundar a investigação da Lava Jato a ponto dela seguir o mesmo caminho da operação mãos limpas? O fato é que mesmo o governo de Temer prometendo impor á "reforma da previdência e trabalhista’’, o imperialismo através da operação Lava Jato ainda discute a possibilidade de trocar a casta política brasileira. Agora se isso vai acontecer ou não, aguardaremos o desfecho dos próximos capítulos desta crise.

 
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