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GREVE NA UNICAMP
A baderna é da justiça: resposta ao editorial do Estadão
Matheus Correia

Em recente artigo do Estadão, o jornal elogia a 9ª Vara Civil de Campinas, por acatar a ação do professor Serguei Popov contra alunos que lutavam por uma educação pública mais inclusiva e democrática. Colocando que as assembleias eram feitas por “minorias de partidos radicais” esquece de dizer que o tal professor é ligado ao MBL, o mesmo grupo que apoiou o golpe no Brasil, e que na verdade tem planos de privatização da universidade pública, ao apoiar o pagamento de mensalidade da pós-graduação para todas as universidades brasileiras, por exemplo.

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Em um cenário nacional em que passamos por um golpe institucional promovido pelos setores mais reacionários da sociedade, que defendem a volta da ditadura militar, o cerceamento dos direitos democráticos como o direito de se manifestar e fazer greve, o artigo do Estadão faz coro com todo o golpismo, defendendo a justiça burguesa e a repressão de alguns professores, como o Popov.

A justiça, que nunca esteve do lado das minorias e da classe trabalhadora, e que na verdade contribuiu para o golpe na figura do Sérgio Moro, com conduções coercitivas como a de Lula sem ter provas de crime e que reprime movimentos sociais é a mesma que está levando à cabo os casos de “excesso” na greve da Unicamp. Não esquecemos também o que significou os anos do petismo, que também contribuiu para reprimir os movimentos sociais com a lei anti-terror, as UPP’s nas favelas e que hoje se mostra como um entrave na luta contra o golpe, que é contra a classe trabalhadora e a juventude.

Fala que defende o direito de greve, mas reprime alunos que para assegurar a decisão de uma maioria de alunos em assembleia, fazem piquetes para dialogar com alunos e professores contrários ao movimento, na busca de convencer mais pessoas de que sua luta é muito justa.

Em seu artigo, o jornal afirma: “Infelizmente, atos de baderna não são raros nas universidades públicas paulistas. Desde que um pequeno grupo de alunos e servidores da USP, Unicamp e Unesp entrou em greve, há três meses, portões de acesso aos campi têm sido trancados, prédios administrativos têm sido ocupados e depredados e batucadas impedem os professores de lecionar. Em algumas unidades, o barulho é tanto e as agressões morais são tão violentas que docentes não conseguem permanecer em suas salas. ”

Em primeiro lugar, o que ocorreu nessas universidades não foi feito por um “pequeno grupo de alunos”, uma vez que as mobilizações que ocorreram na Unicamp foram as maiores em toda a sua história, chegando a ter 40 cursos em greve num total de 10000 alunos! Unidos aos trabalhadores, que também se reivindicam contra a precarização e por acesso à universidade, fizeram diversas medidas para mostrar a população, que paga essa universidade e não está dentro dela, que nossa greve é por acesso, permanência e moradia.

Por trás da “baderna” e radicalismo sem fundamento que o jornal tenta passar, se esconde na verdade um interesse de manter o elitismo e, inclusive, de aprofunda-lo a partir da privatização da universidade, a não adoção de cotas e a falta de moradia para os alunos pobres. O mesmo que defende o grupo político MBL do qual Popov faz parte, professor que está tentando criminalizar um aluno negro que lutava por cotas.

Posteriormente o Estadão afirma: “No Estado de Direito, demonstrações de intolerância e radicalismo como essas não podem ser toleradas, sob o risco de destruir não só as mais importantes universidades do País, mas, também, as instituições democráticas. Por reafirmar essa lição básica e impedir que minorias radicais continuem tumultuando os campi universitários, a decisão do juiz da 9.ª Vara Civil de Campinas não poderia ter vindo em melhor hora. ”

Que estado de direito é esse que afirma o jornal, em que uma presidente é deposta com alegações de pedalada fiscal, algo cometido pela maioria dos governos burgueses, e que prende e persegue dirigentes sindicais e estudantis? Nem na nossa limitada democracia burguesa os direitos mais elementares como o voto são respeitados.

É engraçado que o Estadão não evoca a justiça para falar dos absurdos cortes no hospital universitário, usado por boa parte da população e que deveria ser um direito básico e universal. Muito menos para falar dos privilégios dentro das universidades, como os super-salários. Poucas palavras para falar do corte de ponto dos trabalhadores, deixando milhares de famílias sem salários.

A justiça que o Jornal defende só é funcional para uma pequena elite do país e para matar preto e pobre na favela, é uma justiça que não é dos trabalhadores e da juventude. Nossa luta é legítima sim, por cotas raciais para garantir o ingresso da juventude negra, que é assassinada todos os dias nos morros, e isso quem pode dizer não são os juízes e professores repressores, e sim as próximas gerações que entrarão na universidade e encontrarão, no futuro, um outro projeto de educação inclusivo e igualitário.

“Cotas sim, cortes não. Contra o golpe, por permanência e ampliação”, rumo ao fim do vestibular, para ter uma universidade verdadeiramente pública, gratuita e de qualidade! Todos os estudantes de escola pública têm que ter o direito de estudar, passear, ler, fazer sua arte, produzir e aproveitar tudo o que a Unicamp pode oferecer.

 
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