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ELEIÇÕES MUNICIPAIS
Por que Pepe Vargas não fala em golpe?
Leonardo Cechin

A candidatura de Pepe Vargas à prefeitura de Caxias do Sul foi confirmada na Convenção Eleitoral do PT no último sábado (30/07), com o ex-vereador Jeronimo Dani como Vice. A dúvida que fica é, por que o principal candidato do PT não fala absolutamente nada sobre a necessidade de lutar contra o golpe e os ajustes do governo Temer?

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O sentimento anti-petista crescente no país encabeçado pela classe média, com forte discurso de ataque aos programas sociais e direitos trabalhistas, é maior ainda na região sul e em Caxias do Sul, o que faz o PT levar seu programa ainda mais à direita para manter suas chances de vitória, assemelhando suas propostas às dos candidatos da REDE e da continuidade da atual gestão PDT/PMDB.

Pepe e os candidatos da direita tradicional centram suas falas em questões da cidade como em qual rua passará o desfile da Festa da Uva, ou em qual praça será a Feira do Livro, enquanto os trabalhadores e a juventude de Caxias sofrem com os ajustes neoliberais do governo golpista de Temer, que significam milhares de desempregados e cortes brutais nos serviços públicos.

Na suposta luta contra as demissões e os ajustes, a lógica do petismo é abafar ao máximo a luta de classes e negociar dentro das regras do jogo com os setores mais reacionários, garantindo sua permanência na base do acordão com todos que se dispuserem, paralisando os trabalhadores por meio de centrais que não convocam nenhuma resistência séria aos ajustes que promoveu quando governava. Pepe fez parte da política do governo petista no campo quando foi Ministro do Desenvolvimento Agrário, que é reafirmar o domínio dos grandes latifundiários legitimando a perseguição, assassinatos e massacres contra os povos indígenas e trabalhadores sem terra, prometendo a reforma agrária num horizonte tão distante que nem se pode enxergar.

Mesmo com a consumação do golpe institucional o PT manteve essa lógica, não convocou nenhuma mobilização séria da classe trabalhadora para barrar a direita, pelo contrário. Mandou que a militância esperasse enquanto Lula negociava com setores como Sarney e Maluf em Brasília. Junto com o PCdoB, o PT votou em Rodrigo Maia do DEM para presidência da Câmara, citado na Lava-Jato e exemplar representante do imperialismo. Hoje impede que a CUT organize uma greve geral de verdade, que coloque abaixo o interino golpista, pois teme que também seja descartado pelos trabalhadores mobilizados.

Na cidade, por mais que no último domingo (31/07) se realizasse o chamado nacional de mobilização pelo "Fora Temer" contando com mais de 300 pessoas, e a manifestação pela intervenção militar tenha contabilizado 10, Pepe sabe que a maior parte do eleitorado está orientada à direita e por isso ajusta seu programa de uma forma que seja possível vencer a qualquer custo, lembrando sempre de quando foi prefeito e dizendo que "são eleições municipais, não têm nada a ver com o governo federal", fugindo da denúncia do golpe e dos ajustes dos golpistas contra os trabalhadores.

Chegou a dizer em uma entrevista, quando foi forçado a falar sobre a situação nacional: "Se é pra falar de corrupção, nós (PT) temos só 6 (deputados) listados na Lava-Jato, eles (a chapa de continuidade da prefeitura) tem bem mais que isso". E como todos os outros, finaliza dizendo que se descobrir corruptos em seu partido será o primeiro a exigir a prisão deles.

Sabemos muito bem que os governos petistas foram corruptos, todos os governos capitalistas são. Mas sabemos também que a direita que assumiu é mais ainda e está aliada à Lava-Jato, como forma de fortalecer o avanço do imperialismo sobre o Pré-Sal e a expansão das privatizações. Não podemos ter nenhuma confiança de que Sergio Moro, o STF e a operação Lava-Jato tem como objetivo realmente atacar a corrupção. É preciso que as trabalhadoras e trabalhadores criem uma alternativa para um combate efetivo à corrupção, sem nenhuma confiança no poder judiciário.

Omite o golpe para se aproximar do discurso da direita e assim ter mais condições de ser levado à um possível segundo turno. Desta forma, Pepe Vargas, assim como o burocrata sindical do PCdoB Assis Melo, REDE e a continuidade PDT/PMDB, é apenas mais uma alternativa para a administração dos negócios da burguesia na cidade, prometendo "fazer o possível" dentro das regras do jogo, enquanto a crise econômica avança, a cidade segue com educação, saúde e transporte precários, milhares de desempregados e um cenário de guerra para toda a classe trabalhadora.

Não podemos depositar nenhuma confiança nos candidatos dos ricos, que por dentro desse regime degradado prometem construir uma alternativa ao povo explorado, é urgente uma nova Assembleia Constituinte livre e soberana, imposta pela força da mobilização dos trabalhadores e da juventude, onde o povo julgue os corruptos e defina os rumos do país!

 
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