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Crítica ao capitalismo, elogio à humanidade
Iuri Tonelo
Recife
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É um fato notório para muitos que a crítica ao capitalismo abandonou os grupos fechados das universidades ou círculos de especialistas: no conjunto da sociedade, ainda é minoritária, mas um setor cada vez maior em distintos países no mundo começa a sentir que o capitalismo está em crise. É que o aumento das crises econômicas e a miséria, a situação dos imigrantes sem lugar no mundo, países ricos jogando bombas no Oriente Médio em paralelo com as mortes às centenas em atentados, são parte dos muitos exemplos que deixam a todos perplexos e faz voltar em um amplo setor o sentimento de que o sistema “deu errado”.

A grande dificuldade, no entanto, é que também essa ideia vem com um sentimento de que “não há alternativa”. Parece que não existe resposta. Parece que as coisas só mudam um pouco para voltar a mesmisse anterior. Para muitos, dá uma impressão de que o problema não está no sistema, mas está no próprio “homem”, na natureza humana. O individualismo, o egoísmo, a artificialidade do mundo que não se conserta a si mesmo não seriam traços gerais da própria natureza das pessoas? Os políticos nadam na corrupção, os empresários exploram nosso trabalho, algumas pessoas oprimem e discriminam outras, não é porque é natural ao humano isso?

Essa maneira de pensar, que parece ser atual, não é nova. Muito do desenvolvimento da filosofia, nos últimos 5 séculos, foi a busca de equacionar essa questão, do equilíbrio entre as “paixões humanas” (os “interesses”) e a “racionalidade humana”, sua capacidade intelectual. Já há muitos séculos os filósofos diziam que “o homem é o lobo do homem”, ou seja, enxergavam a própria natureza humana como corrompida.

Mas o marxismo deu uma resposta revolucionária para esse problema. Isso porque se percebeu que a própria descrença com a humanidade aparece como um sintoma na história nos momentos de transição entre uma forma de organização da sociedade a outra, mais elevada. Enquanto não se consegue imprimir uma resposta ativa, a classe dominante numa dada sociedade se esforça de todas as formas por gerar essa descrença, por deprimir a sociedade, anestesiar. Isso porque, gerando descrença, desesperança, os “de baixo” perdem a força, a energia e a vontade de transformar o mundo, mudar a vida, romper as antigas relações de exploração e opressão; depositam a esperança de mudança num outro mundo divino e abandonam a poesia da busca de modificar o próprio mundo onde se vive.
Dessa forma, as coisas acabam ficando como estão, e os ricos brindam com alegria seu domínio sem resistência e sem contestação.

Mas a humanidade, diante de todos os desafios históricos, soube desafiar as barreiras que lhe eram impostas pela divisão de classe e exploração do homem pelo homem. Assim os escravos se irromperam contra seus amos, que diziam que a escravidão era natural e eterna; os camponeses se rebelaram contra os senhores de terra, que os mantinham presos na exploração no campo “para sempre”. O próprio capitalismo foi um salto em detrimento da antiga sociedade feudal, oferecendo um grande avanço nas forças produtivas. Na atualidade, no entanto, e seguindo o curso histórico, os trabalhadores se revoltam dia a dia contra a exploração desenfreada que lhes imprime o sistema capitalista, com todas as suas tragédias, tristezas e desgraças.

Depois de décadas em que o capitalismo teve um “fôlego” e se fortaleceu em seu domínio, a juventude e os trabalhadores começam a levantar a cabeça e dizer: esse sistema não funciona. O desafio é passarem da crítica para a ação prática, devolver as vidas da massa da população trabalhadora e seu destino às suas próprias mãos e organizar-se de modo a criarem as melhores condições para enfrentar os ricos e poderosos que comandam os monopólios capitalistas, que controlam o sistema.

Karl Marx dizia que “a história só se coloca tarefas que ela pode resolver”. Assim caiu o sistema escravista, o sistema feudal e agora está questionado o sistema capitalista. As condições de sua superação estão inscritas, colocadas, no próprio desenvolvimento produtivo das capacidades humanas de transformar a natureza em prol de resolver os dilemas da atualidade, da desigualdade social, da opressão estatal contra a população, da violência das grandes potências para com os mais pobres, da ausência, em centenas de países, da oportunidade de educação, saúde, transporte, moradia, lazer, cultura, em suma, uma vida digna de ser vivida.

A única descrença que se admite na humanidade é a de que não haverá avanços enquanto a burguesia for a classe que domina as sociedades e o capitalismo for sistema predominante. E nessa perspectiva é fundamental utilizar a grande politização nacional para construir uma grande voz anticapitalista, uma força de milhares no país que possa começar a colocar em xeque este sistema.
Essa força anticapitalista deve ser a faísca para que os primeiros passos no século XXI que der a classe trabalhadora, retomando a perspectiva da revolução social, desmontem o castelo de mentiras e descrença que o capitalismo busca gerar no conjunto da sociedade e retomar a intensa certeza da necessidade de construirmos uma sociedade emancipada da exploração e opressão atuais.

 
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