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CULTURA
Rock nas escolas: Banda resgata estilo e leva ‘show de história’ a estudantes
Redação
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“A ideia é simples mas é uma ideia ousada… Pegar um pouco da história do rock nacional e levar para as escolas”. Basicamente é essa a proposta do projeto ‘Contando a História do Rock Brasileiro‘, da banda Professor Colcheia, de Belo Horizonte. Eles levam gratuitamente cultura e música para crianças e jovens em escolas públicas de diversas partes de Minas. Apesar de parecer uma ideia simples, a relevância social do projeto é carregada por muita história.

A idealização do trabalho partiu de Rubinho Gianquito, 37 anos, com o apoio de seus amigos Luciano Guimarães, 50, e Giovanni Mendes, 52. Os três compõem a banda, que vem, há quase um ano, semeando o gosto pelo rock nacional por escolas de todo o Estado. De acordo com Rubinho, “por incrível que pareça”, o projeto tem tido êxito por onde passa. Os aulões chegam a ter a participação de mais de 300 alunos por escola.

“A gente monta bateria, baixo e guitarra. Aí começo a falar da história, do recorte do rock no Brasil, de como começou… Cantamos músicas como ‘Que País é Esse?’ e explicamos a sua estrutura”. O músico conta que no início das aulas os alunos costumam dizer que não se interessam por rock, mas, assim que escutam as músicas, se identificam. “Teve menino que cantou a música o tempo todo e falou que não gostava”.

Segundo Rubinho, quando a banda chega nas escolas, os alunos percebem que o rock não é tão inalcançável quanto parece. “Os meninos negros olham para mim e pensam: ‘Se esse cara toca rock, eu também posso tocar… ele é dos nossos!’”. O músico acredita que a essência do rock tem o poder de encantar, mas que ele acabou perdendo espaço, por exemplo, para o hip hop, que levanta essas questões atualmente. “Esse rock atual não alça voo mais, ele tem que ser mais representativo”.

Pela percepção de Gianquito, o rock perdeu espaço na indústria musical por não ter representatividade. “Para o rock crescer ele tinha que ter expandido o público. Se você pegar quase todas as bandas e fizer uma pesquisa rápida, vai ver que têm poucas mulheres e poucos negros”. Segundo o guitarrista, a composição majoritária do rock nacional por homens brancos de classe média pode ter influenciado os seguidores do estilo. “Talvez as pessoas não se sintam representadas nesse sentido”.

O Rock e a Influência Social

Gianquito acredita que a música tem um grande poder de influência social. E que o rock da década de 80 exercitava essa função. Assim, o trabalho realizado nas escolas funciona como um “resgate” dessa premissa musical. “A música é como um instrumento transformador da sociedade”, acredita Rubinho. “É meio pretensioso, mas eu penso por aí”.

E é exatamente esse o cabedal das aulas ministradas: mostrar que a música pode estar intimamente ligada a outras áreas, como cultura e política. “Tento mostrar isso para os alunos, que a política faz parte do preço do ônibus, do salário do pai, do preço do pão”. Dessa forma, o projeto promove mais do que um show para as crianças, é uma verdadeira lição de conhecimento de mundo.

O guitarrista ainda afirma que músicas de grupos como o Legião Urbana, por exemplo, encantam todo tipo de gente. “Pessoas de 5 a 100 anos sabem cantar”. Ele conclui que a influência de bandas como essa tem o poder de conquistar mais do que fãs, o trabalho produzido chega a arrastar fiéis. “O Legião parece até religião!”.

Nesse âmbito, Rubinho tenta resgatar o peso social do estilo, que, em décadas passadas, teve reconhecimento por atuar no levantamento de críticas e denúncias. “Na década de 80, o rock participou democratizadamente da política, falava de temas que tem a ver com o cotidiano das pessoas”. Assim, apesar do estilo ser popular, o músico acredita que acabou perdendo sua participação social. “Rock é uma cultura de massa, mas foi um pouco esquecido”.

Monopólio Cultural

A mudança do posicionamento do rock nacional pode ser o motivo pelo qual ele perdeu espaço no topo das paradas musicais. Rubinho afirma que o estilo seguiu a tendência da música contemporânea e acabou perdendo sua essência. “O show business mudou, agora ele aposta numa música mais efêmera, mais fácil das pessoas dançaram, com letras mais simples. O rock nacional tinha letras mais reflexivas”.

Com o aumento da diversidade musical no país, o rock pode ter perdido um instante de força, mas Rubinho acredita que ele possa voltar a ser popular. “De repente ele pode sobreviver de novo”. A banda atua com essa visão e, caso esse resgate e transformação não sejam feitos pela indústria cultural, o projeto pode funcionar como um pontapé para essa mudança surgir a partir dos jovens.

No entanto, tudo depende do acesso à informação para esse público, que muitas vezes é influenciado pelo o que a mídia expõe. De acordo com o músico, o rock está presente em diversos espaços, o que ocorre é que as pessoas não têm essa noção. “Acontece um monopólio cultural perverso, se a Anitta, por exemplo, grava uma música do Paralamas, com certeza faz sucesso”.

Como convidá-los

As escolas interessadas em convidar a banda para contar e compartilhar um pouco da história do rock com seus alunos podem entrar em contato pelo telefone: (31) 99278-9569.

O projeto funciona com o apoio da ONG Cultiva e da gravadora Pro-Music, que trabalham para possibilitar que o projeto tenha recursos, já que ainda não há apoio de órgãos públicos.

Texto retirado de: http://bhaz.com.br/2016/07/27/rock-nas-escolas-banda-resgata-estilo-leva-show-de-historia-a-estudantes/

 
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