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OLIMPÍADAS
A Tocha Olímpica em Osasco
Redação

A tradicional passagem da tocha olímpica aconteceu em Osasco na última quarta-feira, no dia 21 de julho, e parou a cidade durante o dia inteiro, com atrações e comemorações.

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Passando pelos pelas avenidas principais da cidade, o trajeto percorreu durante 20 minutos dentro da Cidade de Deus, território Bradesco, antigo bairro dos trabalhadores do banco – que foi entregue de volta para o Bradesco no começo dos anos 90 – e hoje é onde se situa uma das maiores matrizes bancárias do país.

No território da matriz do Bradesco, onde antigamente estavam conjuntos habitacionais, hoje existem prédios com o que há de mais avançado em tecnologia e segurança, bosque e áreas de esporte para seus funcionários, estacionamentos, museus sobre a história de seus fundadores e duas unidades da escola Fundação Bradesco, destinada principalmente para os filhos dos bancários.

A Cidade de Deus foi um verdadeiro palco de atrações. Cerca de 10 mil trabalhadores, todos uniformizados em comemoração aos Jogos Olímpicos, assistiram ícones da música e do esporte – Rogério Flaustino, Baby do Brasil, Walter Casagrande, dentro outros – que desfilavam e faziam shows para receber a tocha.

Foram cerca de 711 milhões de reais em patrocínio do Bradesco para os Jogos Olímpicos. Os diretores do banco carregaram a tocha e a revezaram entre si, simbolizando quem estava financiando a festa e quais interesses estavam ali envolvidos. Milhares de contadores, administradores e analistas de sistema, organizaram todos esses milhões investidos em patrocínio.

E de onde vem todo esse dinheiro?

O Bradesco mantém a matriz, que por si só é uma verdadeira cidade. Já são mais de 10 mil trabalhadores só na matriz, sem contar os trabalhadores das agências e do telemarketing espalhadas pelo país. E sem contar os inúmeros trabalhadores terceirizados das áreas da faxina, da segurança, técnico-administrativos e da alimentação, os quais o banco nem se quer precisa prestar contas. Todos fazendo a manutenção deste maquinário.

Além disso, existem cerca de 40 unidades da Fundação Bradesco espalhadas pelo país, as quais recebem uma quantia específica do banco para seu funcionamento em uma parceria com o Exército Brasileiro, e são dirigidas por membros da diretoria. Destinada a fins de inclusão social, seu ensino é, na maior parte das unidades, especificamente para profissionalização de seus alunos com a moralidade dos bancos e dos militares.

O banco só conseguiria se manter nessas condições pois também é conhecida por um largo histórico de problemas jurídicos. O Bradesco recorrentemente é processado por problemas com indenizações e aposentadoria dos trabalhadores, e logo, é especialista em assédio moral, tanto de alunos quanto de funcionários, “sujando” o nome da família que entrar na justiça contra ele – já que geralmente são famílias inteiras ligadas ao banco.

E qual o papel que cumpre o sindicato dos bancários? Com advogados contratados pelo próprio Bradesco, o sindicato cumpre um papel de agitação, apenas. Em momentos como este, da tocha olímpica, membros do sindicato, com caminhão e microfone, gritam aos trabalhadores que o esporte é importante mas o banco deveria primeiro financiar seus próprios funcionários. Os sindicatos patronais recebem seus salários para que assim permaneçam, não fazendo o que deveriam fazer, com discursos vazios.

Além da própria manutenção do banco e tudo que engloba ele, o Bradesco, desde o início do período Lula vem crescendo exorbitantemente devido a ascensão econômica e as políticas do PT, o que, além de possibilitar elevar a qualidade de vida funcionários efetivados da matriz, possibilitou expandir seu território dentro de Osasco.

Dos anos 90 pra cá, além da Cidade de Deus, o Bradesco comprou diversos lotes das regiões centrais da cidade, o que mudou toda a lógica da região. O que, na época da Ditadura Militar, foi um polo operário extremamente combativo e com forte tradição de greves e ocupações, hoje é lar de diversos, desnecessários e gigantescos shoppings, hipermercados, lojas, escritórios e claro, agências de banco, num plano meticuloso daqueles que controlam Osasco para sua desindustrialização. Sua próxima aquisição será o lote da atual Mecano Fabril – que estava em processo de greve desde o final do ano passado – que dará lugar a mais um shopping no bairro central.

É daí que vem todo esse dinheiro. Com a exploração do trabalho e desvio de dinheiro, com escolas, sindicatos e aparatos repressivos que impossibilitam a mobilização, e com propriedades gerando lucro exorbitante, é possível financiar eventos internacionais como os Jogos Olímpicos. Isso cria alianças entre a burguesia, gera mais lucro. Possibilita a criação de super estádios que serão usados uma vez, possibilita a especulação imobiliária, as políticas higienistas nas cidades, políticas repressivas do governo Temer, etc. E o Bradesco faz seu trabalho filantrópico de apoiador do esporte.

 
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