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OCUPAÇÃO DO CAMPO
Avanços na luta do campo: O Vale do Paraíba deve ser inteiro dos trabalhadores sem-terra!
Isabela Rocha

O Acampamento Dirceu “Didi” Travesso persiste firme e forte na luta, incomodando cada vez mais os donos de terras improdutivas e o governo reformista e oportunista de Monteiro Lobato! Independente do MST e com pautas cada vez mais revolucionárias e cada vez menos governistas, a ocupação tem tudo para se tornar uma nova voz revolucionária do campo.

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A fazenda de 120 alqueires, já ocupada há mais de um mês, abriga agora mais de 40 famílias – muitas ainda não familiarizadas com a luta por terra. E ainda que o ideal inicial tenha sido a necessidade, o constante apoio dos “veteranos” de ocupações tem educado cada vez mais os ocupantes rurais quanto a necessidade de se tomar uma postura combativa não apenas para com a ocupação, mas também para com o sistema social. E justamente por ser composta também por militantes que romperam com o MST, a ocupação busca romper com os sistemas retrógrados de produção e organização do antigo movimento.

Organizada em assembleias semanais, o acampamento já delimitou questões importantes, como a não tolerância para com machismo e o trabalho feito de acordo com a capacidade de cada um. A alimentação do acampamento é feita em conjunto, e na primeira sexta feira do mês, dia 8 de julho, ostentou um delicioso feijão, carne de panela e tripas na chapa – o ultimo um prato típico da região. Homens, mulheres e crianças se unem próximos ao fogão de lenha para comer e discutir as idas e vindas, além de fazerem a troca da ronda da portaria – vigiada 24 horas por dia.

As dificuldades, no entanto, permanecem. Impossibilitados de construírem casas ou plantarem devido as limitações do INCRA, os ocupantes devem se manter em regime de acampamento até que o órgão libere as construções, plantios e cultivos. Ainda assim, a fazenda, que estava paralisada há mais de quinze anos, está passando por processo de limpeza; feita pelos próprios ocupantes de forma a já ir preparando a terra para o cultivo. O sistema hidráulico também foi consertado, e a água límpida e característica da região – O autor Monteiro Lobato não chamaria o local de “Reino das Águas Claras” por acaso – já chega nos banheiros e torneiras das casas que já estavam lá. A caça é naturalmente proibida dentro do acampamento.

Em um contraste gritante com as fazendas que permeiam o acampamento Dirceu Travesso, os ocupantes buscam sim se manter de forma legítima pelas vias legais da federação, e tem recebido auxílio jurídico da CSP-Conlutas. E ironicamente, as mesmas fazendas que muitas vezes fogem de medidas legais básicas como pagamentos de impostos sobre a terra e diminuto gado, iniciaram o processo de cerca de suas propriedades esvaziadas de plantação ou criação de animais; quase que como se com medo de que suas contradições fiquem expostas ao público, como se cercas fossem esconder a vergonha da improdutividade.

Os ocupantes se mantém, no entanto, com coragem e esperançosos de uma chance melhor no campo. Ainda que a falta de repressão seja atípica, a segurança no acampamento é mantida, e a própria presença do acampamento na região do Monteiro Lobato, um local historicamente conhecido por sua terra fértil e sua tradição camponesa, é um bastião de esperança para aqueles que buscam a terra para produzir, para comer e fazer de lar. Dirceu Travesso já é, e será ainda mais um lembrete aos donos de terras produtivas paralisadas, aos governos coniventes e a própria população sem-terra que a ocupação democrática, independente do MST e comunista por ideal é sim possível e também necessária em um país que nunca passou por uma reforma agrária.

É questão de tempo para que o povo sem-terra, em exemplo dos ocupantes do Dirceu Travesso, ocupe as muitas fazendas esvaziadas não só de Monteiro Lobato, como também de todo o Vale do Paraíba. As lutas por espaço na cidade também ecoam no campo, e em breve, o Vale do Paraíba será inteiro dos sem-terra, dos operários e organizados pelo mesmo ideal.

 
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