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ELEIÇÕES PORTO ALEGRE
“É inadmissível para os trabalhadores aliança com partido de patrão”
Redação Esquerda Diário

Entrevistamos Adailson, rodoviário da empresa Trevo, que explica por que os trabalhadores precisam fazer política. Ele conta também sua opinião sobre a candidatura de Luciana Genro e nos fala da luta pelo transporte público em Porto Alegre.

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Qual a importância, para os trabalhadores, de participar e opinar na política e nas eleições?

Não há como construir alternativas para os trabalhadores sem ter que discutir a política que nos cerca e que interfere diretamente na vida dos trabalhadores. É comum ver agentes da patronal, tentando desmoralizar ações que visem inserir debates políticos entre os peões, atacando ferozmente aquele trabalhador que associa a luta sindical à luta política. Tentam de toda forma excluir o peão da política, enquanto elas, as empresas, financiam campanhas e investem pesado em seus próprios candidatos. Ou seja, o peão não deve discutir política, apenas trabalhar, levar lucro ao empresário que usará parte desse lucro para investir nos candidatos que ele quiser. Trabalho muito essa questão com os colegas aqui, enfrento certa rejeição quando discuto política, (afinal a política feita por essas velhas raposas de nosso país, é uma decepção), mas aos poucos o peão vai percebendo que as dificuldades que nos impõem são o resultado da política feita por parlamentares, carreiristas, mamadores de dinheiro público, eleitos pelo patrão, para defender os interesses dele lá dentro. O peão tem o dever de participar da política e ocupar seu espaço nas discussões e na luta por mudanças, pelo fim da exploração.

Ao mesmo tempo, cabe a todos os trabalhadores rodoviários a crítica ao círculo de desastres que se formou com a chegada de Sartori ao governo do estado. Na prefeitura, não bastava a total submissão de Fortunati às vontades de seus financiadores de campanha, agora o recente caso de corrupção em uma das secretarias do governo municipal e as séries de amostras de incompetência que vem desde que assumiu o cargo, passando pela péssima postura durante a greve dos trabalhadores rodoviários, os gastos da copa, as obras inacabadas, as famílias desalojadas, e o sucateamento da Carris, soma-se ao governo dele a desastrosa administração do governo Sartori que deixou Porto alegre em pleno abandono, isso sem contar os outros municípios da região e do estado. Um governo que acabou com a educação e que deixa a sociedade a mercê de todo tipo de infortúnio enquanto aumentou o próprio salário e assinou embaixo o aumento dos deputados, enquanto aos professores e estudantes disponibilizou apenas repressão. Então toda atenção nessa eleição, nosso NÃO a partidos de patrão e seus candidatos oportunistas que buscam apenas carreira na política.

O que você acha da candidatura da Luciana Genro?

Sobre a Luciana Genro, creio ser uma candidatura que tende a ganhar força na cidade, e sim, possível que vá a segundo turno. Como rodoviário, vejo que a reestruturação da Carris é emergencial, e a estatização permanente do sistema passa primeiramente pela Carris, que seria a empresa responsável pelo controle do sistema através de conselhos de trabalhadores por garagem. Embora se escute a própria Luciana defendendo uma redução de CCs e revitalização da cia Carris, pra todo o resto do sistema e do povo estudante e trabalhador da cidade, ainda se guarda imensa incógnita do que pode acontecer. Costumo dizer entre os trabalhadores que caso eleita, será a prova definitiva do tipo de política que propõem o partido na prática. Lógico, torço sempre para que o PSOL seja combativo, revolucionário, que orgulhe a militância em grande maioria honesta e de luta, mas não é o que tem mostrado a aproximação de Luciana com partidos como a REDE de Marina Silva e agora a confirmação da aliança com o PPL. É o que vem preocupando a esquerda revolucionária da cidade, já que é inadmissível para os trabalhadores e sociedade alianças com esses partidos de patrão. Para nós trabalhadores rodoviários é fundamental debater a política de Luciana para a cidade de Porto Alegre, e creio que o melhor seria se pudéssemos debater o programa para uma frente de esquerda, sem essas coligações.

Mesmo assim, ainda acho que o destaque de Luciana se dá muito mais pela ausência de uma alternativa mais classista, mais independente e dos trabalhadores, do que tão somente pelas suas características como candidata. Luciana Genro aplaude a lava jato, sem falar uma palavra dos interesses que estão por trás de Sergio Moro, juiz treinado nos EUA para ajudar com as privatizações. Pra acabar com a corrupção temos que ter medidas mais profundas, que questionem a própria justiça muitas vezes corrompida e que julga contra o trabalhador. Ela defende também a mesma coisa que Marina Silva, eleições gerais agora, o que só vai significar a troca do governante, mas com a manutenção de todo o sistema. Eu também não esqueço que até a reta final, ela fez coro com os golpistas no impeachment. Eles tiraram a Dilma, que já estava fazendo um governo contra o peão, para colocar esse Michel Temer, um burguês que ninguém votou, que só esta piorando as coisas. Mesmo sendo eleições municipais, essas questões também tem que ser debatidas com o trabalhador.

E sobre a estatização dos transportes, qual a sua visão?

Para nós trabalhadores rodoviários, o que há de novidades nessa eleição? O que esperar do próximo governo? A continuidade da mesmíssima falta de acompanhamento, investimento e políticas voltadas para a reestruturação do sistema de transporte, ou um programa de verdade, que realmente vá para o confronto com os interesses do setor privado de transporte rodoviário da Cidade, que mantém de seu interesse financeiro, toda uma parcela da população que depende de um transporte público e de qualidade?! O mínimo a esperar de um mandato que possa ser do PSOL, é uma briga pela imediata estatização do transporte, sem indenizar as empresas que já lucraram tanto com o sistema atual.

Mesmo que leve alguns meses para a elaboração de um plano de ação nesse sentido, que aliás já deveria estar no programa para um possível mandato, essa estatização deve levar em conta a absorção de todo o quadro de trabalhadores do setor, e uma intensa integração e cooperação dos trabalhadores na administração do novo sistema. Não devemos subestimar a capacidade prática e organizativa dos trabalhadores que são extremamente capazes de lidar com a ausência de patrões ou leões de chácara. Que se monte conselhos de trabalhadores integrados entre as garagens, que passarão todas a serem parte da administração e propriedade do município. A população deve ser chamada a compor uma frente de reestruturação efetiva do sistema, a começar pela completa extinção da necessidade do lucro, que hoje contempla uma fatia significativa da tarifa, e pesa no bolso do povo trabalhador, jovens estudantes e desempregados. Cabendo apenas um cálculo para a manutenção, renovação de frota e pagamento dos rodoviários.

 
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