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PROFESSORES EM GREVE
As greves em Macapá e o dilema do PSOL
Thiago Flamé
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Apesar da queda na arrecadação, os impostos municipais, como o IPTU, sofreram reajustes de 6,5% e novas taxas municipais foram criadas (como a taxa de 15 reais sobre resíduos sólidos). Enfrentar a queda na arrecadação com mais impostos e arrocho salarial sobre os trabalhadores não é muito diferente das medidas de ajuste fiscal implementadas por todos os governos.

Pois é isso que o governo do PSOL está fazendo com os servidores municipais de Macapá, dando reajuste de 4% para uma inflação anual que já chega aos 8%. O discurso da prefeitura, também lembra muito o discurso do PT. Fazemos o que é possível com o orçamento que temos, quem se coloca contra nós faz o jogo da direita. E assim, se justificam os ajustes que a própria direita pede.

Para passar seu próprio ajuste em Macapá, o PSOL atua contra a greve dos professores, utilizando medidas tomadas do arsenal da patronal. Segundo denúncias de Márcio Ferreira, militante do PSTU em Macapá, o PSOL se utiliza de furas greves (professores que acabam aceitando trabalhar dobrado para cobrir os grevistas) e de reuniões com a comunidade para jogar as famílias contra os professores, incentivando a presença nas escolas.

Os professores pedem que o salário seja reajustado pelo piso nacional, em 13%, e já flexibilizaram sua proposta pedindo 10% agora e 3% em outubro. Na área da saúde os agentes comunitários reivindicam piso de 1014 reais e os enfermeiros aumento de 20%. Hoje os agentes comunitários ganham 722 reais.

Clécio vai sair do PSOL?

Circulam uma série de notas e rumores de que Clécio estaria saindo do PSOL. Inclusive chega-se a cogitar que estaria em negociação com Pros e PDS, além de PT e PCdoB. Não sabemos o quanto esses rumores tem de especulação ou de verdade.

Mas o problema não é pontual de um prefeito de Macapá, que governa com um vice do PPS. O rumo que está tomando a primeira prefeitura do PSOL em capitais, mostra muita coisa sobre o próprio projeto do PSOL, mesmo que Clécio venha a romper.

Não é um Clécio o problema do PSOL. Este partido foi concebido como uma sigla para abrigar aqueles que rompiam com o PT. Na época, Heloísa Helena se referia ao PSOL como o “guarda-chuva da esquerda socialista”. O termo foi abandonado, mas a definição é muito boa, pois ilustra a falta de definição estratégica deste partido. Com várias tendências internas, unificadas apenas nos momentos de eleição, o PSOL é um prato cheio para correntes e indivíduos oportunistas e carreiristas.

Todo apoio aos professores e servidores de Macapá. Atacar as grandes riquezas para investir em saúde e educação

É parte do próprio programa do PSOL, que a candidata Luciana Genro defendeu, o imposto às grandes fortunas. Esse seria um dos caminhos para atender as demandas dos trabalhadores de melhores salários e melhores serviços públicos. Realizar sim um ajuste, mas sobre os bolsos dos capitalistas e latifundiários.

Ao mesmo tempo, seria necessário também atacar os privilégios da casta política, reduzindo o salário do prefeito, secretários, vereadores ao salário que recebem os professores municipais. Todos os contratos de prestação de serviços com a prefeitura deveriam ser investigados e todos os serviços municipais estatizados.

Sem dúvida é impossível acabar com o capitalismo ou até mesmo derrotar o ajuste fiscal do âmbito de um município. Porém a esquerda que necessitamos como alternativa ao PT, não pode se limitar a miséria do possível dos orçamentos públicos feitos sob medida para as classes dominantes. Os professores de Macapá, que foram uma grande base de apoio para o atual prefeito, mostram que ou a esquerda adota um programa e uma pratica que responda aos anseios dos trabalhadores, insatisfeitos com tanta corrupção e com os ajustes e mentiras do governo Dilma ou vai perder o bonde da história.

 
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