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XV CONGRESSO DO PTS
O organizador coletivo de um grande partido
Fredy Lizarrague
Dirigente Nacional do PTS da Argentina

Uma das principais discussões foi o balanço da atividade do PTS e as propostas para que a esquerda avance na influência e organização de milhares de trabalhadores, mulheres e jovens. O grande objetivo do La Izquierda Diario. (Rede internacional com o Esquerda Diário no Brasil).

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A discussão sobre balanço e orientação da atividade do PTS foi precedida de um intenso debate em plenárias e reuniões, a partir da publicação de quatro documentos sobre estes temas. Apresentamos aqui as conclusões centrais a partir de um informe a meu cargo e as intervenções de um longa lista de delegados/as.

» O XV Congresso se propôs uma mudança central: ir até o fim no objetivo de converter o La Izquierda Diario, digital e impresso, em organizador coletivo dos trabalhadores, das mulheres e dos jovens que querem que se desenvolva a resistência ao governo macrista a aos governos provinciais do FPV/peronismo e "Cambiemos" e se fortaleça a Frente de Esquerda, no caminho de construir o grande partido que necessita a classe operária.

» O PTS lançou o LID há dois anos, para não limitar-se à rotina da esquerda (atividade sindical por um lado, campanhas eleitorais por outro –único momento onde chegamos a milhões- e propaganda para poucos com o jornal impresso e nosso site). Nos propusemos ampliar nossa influência política a partir de um diário digital que foi criando uma corrente política que compartilha nossas ideias o mais profundamente possível, desde uma perspectiva de classe, socialista e internacionalista (como parte da Rede Internacional de Diários em 11 países e 5 idiomas, que contribuiu com o internacionalismo de nosso próprio partido). O balanço é categórico: nossa audiência chega a 40.000 visitas diárias em média (1,2 milhões por mês), 1.000% a mais do que antes de lançar o diário, com 38.000 usuários que acessam mais de 10 vezes por mês e veem ao menos 3 páginas. Agora, com as atualizações “minuto a minuto”, está se transformando para muitos em um meio de informação direta, não somente “de opinião” (onde se destacam nossos próprios editores assim como entrevistas dos principais jornalistas políticos do país). O programa La Izquierda Diario TV, que atualmente é transmitido pela Internet toda quarta-feira, também mostra nossa decisão de utilizar todos os meios a serviço do desenvolvimento das ideias da esquerda. Por isso exigimos um espaço para esse programa na TV Pública.

» Este salto influenciou nosso triunfo nas PASO [eleições primárias na Argentina] da Frente de Esquerda e dos Trabalhadores [FIT na sigla em espanhol] e o reconhecimento de Nicolás del Caño, Myriam Bregman, Christian Castillo e nossos referentes provinciais, porém o que destacamos no Congresso é que conquistamos um meio massivo de difusão que é tomado como próprio por cada vez mais trabalhadores, mulheres e jovens, que escrevem suas denúncias e opiniões e as difundem entre seus companheiros e companheiras de trabalho, estudo, amigos e familiares. O giro que nos propomos é multiplicar e sistematizar estes avanços: que escrevam milhares de companheiros e companheiras, que o convertam em “seu" diário da esquerda, dos trabalhadores, das mulheres e jovens. Que sejam verdadeiros sujeitos do diário. Hoje partimos de mais de 7000 companheiros e companheiras, entre a militância do PTS, das agrupamentos que impulsiona e das redes de simpatizantes, porém o objetivo é criar uma rede que envolva milhares a mais, chegando com sua influência política a centenas de milhares.

O XV Congresso se propôs uma mudança central: ir até o fim no objetivo de converter o La Izquierda Diario, digital e impresso, em organizador coletivo dos trabalhadores, das mulheres e dos jovens que querem que se desenvolva a resistência ao governo macrista a aos governos provinciais do FPV/peronismo e "Cambiemos" e se fortaleça a Frente de Esquerda, no caminho de construir o grande partido que necessita a classe operária.

» Por isso, o Congresso resolveu começar com 2000 notas de colaboradores / correspondentes por mês, que se somaram a mais de 1000 notas por mês que escrevem os membros da redação, que vem se reorganizando em turnos para garantir notas de fundo, assim como atualizações “minuto a minuto”.

» Por que falamos de “leninismo”? Para nós, a maior experiência de organização de uma classe operária e “seu" partido, foi a que dirigiu Lênin no processo que culminou na Revolução Russa de 1917. “Leninismo” é então a construção de um partido de combate, estruturado na classe operária, centralizado democraticamente, para enfrentar os capitalistas e as burocracias sindicais e políticas, com um programa revolucionário pela conquista de um governo dos trabalhadores e pelo socialismo. Essa é nossa estratégia. E tem significado debates e batalhas no presente, por exemplo entre os que se reivindicam da Frente de Esquerda, quando assinalamos a necessidade de atuar “desde dentro” da classe operária, de suas lutas e sua vida e que não poderíamos nos contentar em falar “desde fora” (como sustentavam alguns com leituras forçadas do “Que Fazer?”).

Outra batalha, que se incendiou no conflito da Lear em 2014, foi se queríamos construir um partido de combate, que se jogará seriamente na luta de classes, ou se deveríamos submeter-nos aos limites que nos impõe a “legalidade”, enquanto as patronais e a burocracia não vacilam em apelar ao terror da demissão, à repressão e à ilegalidade. Porém “leninismo” é também flexibilidade e criatividade nas formas de buscar a fusão da esquerda revolucionária e o movimento operário. Assim como em situações de retrocesso “cerravam” suas fileiras para preservar a organização, em momentos de assenso se tornavam amplos e audaciosos.

Tomamos como exemplo a experiência de Pravda (A Verdade), um diário legal editado entre 1912-14 na Russia czarista, onde convidaram a escrever todos os trabalhadores e grupos de operários, que realizavam arrecadações para contribuir com o sustento do diário. Era um momento de uma grande ascensão operária, porém, o diário era muitas vezes censurado, e por isso tinham que lançar edições clandestinas. Lênin sustentava, com base nas arrecadações e nas mais de 40 denuncias por dia que publicavam em suas páginas, que era o diário da classe operária que estava se constituindo como sujeito político. O Partido Bolchevique abria suas portas e considerava que todos que colaboravam com a Pravda eram também apoiadores do partido. Ainda que hoje a situação seja muito distinta queremos resgatar o método de Lênin.

» Que condições existem para nos propormos um desafio semelhante? Em nosso país, a classe operária não tem expressão política independente, porque os grandes sindicatos são totalmente corporativos. Não fizeram nada contra o veto à lei anti-demissões, e não farão nada frente aos tarifaços. A relação de forças não está definida: há temores em muitos trabalhadores pelo aumento das demissões, mas o mal estar que está se acumulando e o fim das ilusões reformistas que havia nutrido o kirchnerismo vão gerar condições para que haja mais lutas e rebeliões operárias e populares.

» Outro elemento muito importante é a crise do kirchnerismo. A experiência de milhares de trabalhadores, mulheres e jovens com o mais “progressista” que pode ser o peronismo, abre uma oportunidade para que camadas deles girem à esquerda. Neste cenário queremos intervir com muita audácia. Na juventude, para além da crise por trás do caso de López como culminação de sucessivos “sapos” (Scioli, A. Fernández, etc.), pesa muito o burocratismo das “organizações” juvenis kirchneristas (La Cámpora, Nuevo Encuentro, Evita, Kolina) que “baixam linha” sem possibilidade de discussão, além do machismo e de casos de homofobia.

No XV Congresso falaram companheiros e companheiras que em algum momento militaram junto ao kirchnerismo e hoje estão no PTS. São jovens, trabalhadores, companheiras, que romperam política e ideologicamente com o kirchnerismo, não só pelo mais “evidente” mas mais profundamente com a ilusão de mudar a partir do governo burguês as condições de exploração dos trabalhadores, de miséria das massas e de opressão de mulheres e jovens, fazendo-se socialistas e classistas. Pela intervenção de muitos delegados, uma importante conclusão foi que devemos convocar a todos os simpatizantes da FIT a militar em comum pelo projeto do Esquerda Diário, para intervir juntos na crise desses milhares de militantes e simpatizantes do kirchnerismo, para convidá-los a lutar juntos contra os tarifaços e demais ataques aos trabalhadores e ao povo, exigindo às centrais sindicais uma paralisação nacional e um plano de luta e cercando de solidariedade cada luta (operária, das mulheres, estudantil), uma vez que iniciamos um debate sobre como terminar com a submissão do país às potências imperialistas e à grande burguesia argentina, a qual só poderá conseguir com um programa anticapitalista e um governo dos trabalhadores, em transição ao socialismo.

A experiência de milhares de trabalhadores, mulheres e jovens com o mais “progressista” que pode ser o peronismo, abre uma oportunidade para que camadas deles girem à esquerda. Neste cenário queremos intervir com muita audácia.

» O que significa “tomar o jornal em suas mãos”? Por exemplo, em um conflito como o universitário, tivemos milhares de entradas, com notas especiais e uma grande cobertura. Porém o que queremos tirar é que nos próximos conflitos como este, haja mil estudantes de todo o país que escrevam suas experiências e opiniões, que tomem o diário como seu. Que se reúnam todos os que queiram se expressar e difundir. É o que fazem nossos companheiros na França. A página Revolution Permanente da CCR (Corrente Comunista Revolucionária, do NPA) se converteu na voz das enormes greves e manifestações contra reforma trabalhista, enquanto os meios “oficiais” queriam ocultá-las. Queremos que todos possam escrever, que sejam protagonistas.

» Nosso objetivo não é só expressar as lutas tal qual são e publicar as denúncias que nos chegarem. Queremos que surjam “intelectuais orgânicos da classe operária”: para Gramsci toda pessoa pode ser um intelectual e optar entre colocar seus conhecimentos a serviço da exploração capitalista e a reprodução do sistema, ou a serviço do desenvolvimento da classe operária como sujeito de transformação revolucionária da sociedade. Queremos que surjam “tribunos do povo”: para Lênin os militantes não deviam limitar-se a expressar e liderar as reclamações imediatas “econômicas”, mas deviam levantar todas as demandas dos setores mais oprimidos da sociedade, não só para ganhar esses setores como aliados na luta contra o capital, mas para educar os próprios trabalhadores contra o corporativismo (competência entre explorados). Queremos que surjam defensores conscientes do programa fundacional da FIT. Que pensem como sua notícia colabora no avanço da consciência da classe trabalhadora.

Se fazemos com que vários milhares de companheiros e companheiras, além dos militantes já organizados, escrevam e difundam o diário a partir desta perspectiva, vamos conseguir que “militem” antes que sejam formalmente militantes do partido. Desta maneira, a “militância do Esquerda Diário” vai se transformar em “militância do partido” na medida que desenvolva uma atividade consciente que facilite a conclusão de que é indispensável um grande partido da classe trabalhadora. Todo este processo implica um papel fundamental dos quadros e militantes do PTS. Sem eles é impossível. Porém como demonstrou todo o processo prévio e o próprio Congresso, a militância do PTS tomou os novos desafios com muito entusiasmo, compreensão estratégica e consciência plena do esforço e seriedade que requer.

» Queremos conquistar maior influência política da esquerda revolucionária, que não é o mesmo que espaço eleitoral (que depende de muitas outras circunstâncias). Se nota todos os dias entre os setores mais politizados (militantes, ativistas sindicais, intelectuais, jornalistas, votantes da esquerda) o crescente reconhecimento da qualidade de nosso diário. Queremos aumentar muito mais a influência do LID, do PTS e da FIT no cenário político nacional. Porém, sabemos que é necessário conquistar influência em cada lugar de trabalho e estudo, onde há batalhas concretas contra patronais, burocratas e autoridades (luta de classes, política e de tendências) para o qual impulsionamos a organização de agrupações com companheiros e companheiras que simpatizam com a FIT porém ainda não são militantes partidários. Essas agrupações, para essas batalhas, são provas fundamentais para a construção de uma militância sólida, não eleitoralista. O Esquerda Diário é uma arma muito poderosa, porém tem que estar articulada com estas agrupações que combatem por influência concreta da esquerda. O Congresso decidiu formar uma Mesa Nacional do trabalho operário do PTS, para seguir cuidadosamente o desenvolvimento dos processos e lutas da classe operária assim como as agrupações, começando por aquelas já formadas em setores como Alimentação, Gráficos, Higiene, Metrô, Pneus, Telefônicos, Aeronáuticos, Funcionários Públicos, Professores, Ceramistas, Ferroviários, Saúde, Águas Gasosas, SMATA, UOM, UTA, Têxtil e Petroleiros, além de outros setores onde estamos consolidando.

» Desde essas agrupações impulsionamos acordos com companheiros e companheiras independentes que ainda não são classistas porém são antiburocráticos e combativos (característica do “sindicalismo de base” que em muitos lugares renasce) e também com outras correntes independentes das burocracias tradicionais, e seja para impulsionar um Encontro Nacional do Sindicalismo Combativo, ou para fazer listas eleitorais para eleições sindicais, ainda que tenhamos muitas diferenças e em muitos casos se tratem de verdadeiras “burocracias de esquerda”. Porém, determinados acordos permitem avançar na experiência e organização do ativismo. O mesmo defendemos no movimento estudantil e no movimento de mulheres.

» A luta pelos direitos das mulheres e pessoas LGTBs, que levamos adiante desde o Pan y Rosas, tem uma importância fundamental, estratégica e táctica. Sua importância estratégica esteve presente na dura polêmica que abrimos na FIT frente aqueles que relativizavam a importância que tem o combate ao machismo, por reduzir a opressão de gênero somente às formas mais gritantes que adquire sob o capitalismo (como por exemplo, o tráfico de mulheres). O PTS se caracteriza pelo combate intransigente ao machismo e a homolesbotransfobia em todos os terrenos, inclusive e ante todo o movimento operário, uma vez que enfrentamos política e ideologicamente o feminismo reformista e tomamos como desafio estratégico a crescente organização das mulheres trabalhadoras, exploradas e oprimidas. Com essa força e convicção, o XV Congresso se propôs a multiplicar sua organização (ver resoluções).

» No movimento estudantil, as agrupações que impulsiona a Juventude do PTS, que tomam o desenvolvimento do Esquerda Diário como um desafio central, defendem a educação pública, a aliança operária-estudantil, a auto organização e os centros de estudantes militantes (contra os centros puramente “de serviços”), desde uma clara perspectiva anticapitalista. No Congresso surpreenderam os delegados secundaristas, que fizeram uso da palavra em todos os pontos, reclamando maior “espaço”, assim como o dinamismo do trabalho em ensino superior. Os delegados universitários mostraram como ali se desenvolve uma luta de tendências muito intensa, que la Juventude do PTS vem encarando uma vez que destaca numerosos quadros para o desenvolvimento de novos locais da GBA e do interior, pelo qual decidiu-se formar uma Mesa Nacional Universitária para centralizar nacionalmente e potencializar este setor fundamental do PTS.

» O PTS abriu quase uma centena de locais e clubes operários em todo o país e se propõe a seguir abrindo em mais cidades ou municípios. A função destes locais não é desenvolver uma militância eleitoralista, onde desaparece a importância estratégica das concentrações de trabalhadores e estudantes. Por isso, o XV Congresso decidiu que o projeto do Esquerda Dário e o trabalho das agrupações são inseparáveis de aprofundar as experiências muito boas de uma militância comum nos locais. Onde se juntam em churrascos, festas, reuniões, encontros, companheiros e companheiras de distintas fábricas e locais, com estudantes e militantes do Pan y Rosas, trocam experiências, se influenciam politicamente, comentam problemas e oportunidades. Neste sentido, o Congresso decidiu hierarquizar o papel dos/as organizadores/as operários/as, companheiros e companheiras que gostam de ajudar a organizar outros trabalhadores, que são sensíveis e tem consciência dos problemas e que lhes entusiasma. O mesmo no movimento estudantil e de mulheres.

» Por último, foi parte da discussão a importância da luta ideológica, com ferramentas como as notas especiais no Esquerda Diário, a revista mensal Ideias de Esquerda (única da esquerda), os livros e folhetos da IPS/CEIP, assim como as produções audiovisuais da TvPTS e os cursos sobre marxismo. A formação de novos militantes requer um trabalho sistemático dos atuais militantes para compreender as ferramentas teóricas que dispõe o marxismo revolucionário para lutar melhor pelo programa e a estratégia para vencer os capitalistas.

 
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