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REFUGIADOS NA ALEMANHA
Jovens e refugiados marcham juntos contra as deportações em Berlim
Wladek Flakin
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Foto: Klasse gegen Klasse

"Abaixo a ditadura militar de Omar al-Baschir!". Esse grito se escutou esse sabado na turística avenida Kurfürstendamm, no centro ocidental de Berlim, local onde se encontra a embaixada de Sudão. Nas calçadas, centenas de turistas pararam o dia de compras nas lojas para filmar a manifestação com seus celulares. 500 pessoas, refugiados do Sudão e ativistas solidários, marcharam levantando uma faixa com a demanda "Chega de deportações!".

Protestaram contra a declaração de Khartoum que foi seguida de negociações entre o governo alemão, a União Europeia e as ditaduras africanas para facilitar as deportações nesses países. "O verdadeiramente indignante é que não só deportam a Sudão, mas também pessoas de Eritréia ou Somália", explica Mahadi em entrevista para Klasse Gegen Klasse . Segundo a lei alemã atualmente não é possível deportar refugiados de Eritréia ou Somália. Mas a embaixada sudanesa recebe dinheiro da república federal para declarar essas pessoas como sudaneses. "Esse dinheiro vai diretamente para Baschir e para o Exército, mas não para educação", conta Mahadi.

Por isso os refugiados marcham com uma demanda clara para o governo alemão: "Nenhum apoio à ditadura sudanesa". Baschir chegou ao poder no ano 1989 via golpe de estado. É responsável pela massacre de milhares de sudaneses e existe uma investigação contra ele na Corte Penal Internacional (ICC) pelo genocídio em Dafur. Muitos refugiados exigem sua extradição ao ICC. Ainda assim, a maioria dos sudaneses não recebem asilo na Alemanha. Muito pelo contrário, a União Europeia fortalece suas relações com a ditadura de al-Baschir. Ainda existe um embargo internacional enquanto ao envio de armas e de fundos para o desenvolvimento de Sudão, a UE está apoiando à polícia nas fronteiras, constrói prisões de deportação e um banco de dados biométrico para a vigilância. Por isto, a manifestação se colocou contra o armamento do Sudão por parte da UE e o aumento das deportações.

A manifestação passou também pela embaixada da Turquia, onde os manifestantes repudiaram o reacionário acordo entre a UE e o governo turco que impede a entrada a Europa de centenas de milhares de refugiados. Também denunciara o terrorismo de estado do governo turco contra a população kurda.

A marcha percorreu 7 quilômetros, desde a central Praça de Potsdam - no bairro das embaixadas - até a avenida turística Kurfürstendamm. No tempo de 3 horas, se manteve um clima combativo. Não passava nem um segundo sem gritos: em alemão, inglês ou árabe.

Mais de 100 refugiados chegaram da cidade de Hannover, onde ativistas sudaneses ocuparam uma praça central por mais de 2 anos para reclamar o direito ao asilo integral e direitos democráticos e sociais. Em 27 de abril o acampamento foi desalojado pela polícia. Na manifestação foram acompanhados por mais de 400 ativistas jovens da aliança nacional "Juventude contra o Racismo" (Jugend gegen Rassismus - JgR).

"A Combatividade dos refugiados foi realmente impressionante", disse Zora, uma estudante secundária de Berlim. "Faz falta mais manifestações antirracistas organizadas por jovens e refugiados conjuntamente , como foi esta hoje. Muitas vezes essas manifestações não conseguem atrair a pessoas de cor", colocou Simón.

"É preciso continuar se mobilizando contra a fortaleza europeia", afirmou Yonas. "Para mim foi muito bom pois não fizemos uma corrente humana sem forças, como as que organiza a socialdemocracia, mas fizemos uma marcha combativa com as consignas claras."

Os refugiados mostraram estar dispostos a seguir lutando contra as deportações. O 30 de setembro terá lugar outra greve nacional estudantil contra o racismo tanto do governo federal como da extrema direita na Alemanha.

Tradução: Juan Pablo Díaz Vio

* Artigo publicado en Klasse gegen Klasse.

 
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