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DIA DE ROCK
Dia Mundial do Rock
Edgardo Videla

Durante o crescimento voraz do neoliberalismo, no meio da década de 80, no Reino Unido e nos Estados Unidos, principais produtores de rock de todas as épocas, surgia esta comemoração.

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O músico e ator Bob Geldof, (Pink Floyd, The Wall), se comoveu com uma notícia publicada na BBC, que falava no “Inferno na Terra”, fazendo referência a uma grande seca que teve lugar no norte do país africano Etiópia, entre 1983 e 1985, que estava provocando mortes massivas na população por falta de alimentos e de água. Geldof, viajou a África, com o objetivo de entrar em contato com essa situação, pensando em fundar a Band Aid Trust, organização que se encarregaria de distribuir ajuda humanitária que se conseguiria a partir de concertos de grande escala.

Juntamente com o produtor Midge Ure, deram forma a ideia dos concertos, que se chamariam “Live Aid”, e para os quais convocariam os principais músicos do momento. Para chamar a atenção do público mundial, convidaram os mais destacados músicos de Reino Unido, e Europa, para gravar o tema “Do They Know It’s Christmas?” (“Eles Sabem que é Natal?”), que se editou junto ao nome da Band Aid, e foi gravado no final de novembro de 1984, em 5 horas, com a participação de músicos como Sting, Bono, George Michael, Boy George, Phil Collins, Status Quo, Duran Duran, entre outros.

No dia seguinte Bob Gedolf começou a promover o disco, anunciando que tudo que fosse arrecado iria para a causa, gerando um conflito com o governo de Margareth Thatcher, que não estava disposta a ceder os impostos do Estado Britânico sob as vendas do disco. Gedolf recorreu à opinião pública, e finalmente o governo cedeu a cobrança do imposto. Cinco dias mais tarde saiu o disco à venda, que alcançaria no primeiro dia, mais que todos os demais discos do ranking somados. Vendeu três milhões de cópias antes do fim do ano.

Em U.S.A

Ken Kragen, era manager de Geldof, e de Harry Bellafonte nos EUA, a quem comentou o projeto que Gedolf levava adiante na Europa. Bellafonte se entusiasmou em repetir a ideia em seu país, e formar um grupo que editara um single, com fins puramente benéficos, destinados ao projeto de Bob Gedolf.

O grupo se denominou USA for AfricA, e gravou “We are the World” (Nós somos o mundo), tema composto por Michael Jackson e Lionel Richie e produzido por Quincy Jones, gravado no dia 25 de janeiro de 1985, em Hollywood. Geldof viajou para presenciar a gravação e contar a experiência vivida na Etiópia. Os músicos que participaram foram entre outros, Jackson e Ritchie, Paul Simon, Bob Dylan, Cindy Lauper, Bruce Springsteen, Willie Nelson, Tina Turner, Ray Charles, Stevie Wonder, Billy Joel e muito mais. “We are the world” saiu a venda no dia 7 de março de 1985, chegando a vender 800 mil cópias no primeiro fim de semana.

Concertos

O Live Aid (Ajuda ao Vivo) foi composto de 2 concertos realizados no dia 13 de julho de 1985 de forma simultânea no Estádio Wembley de Londres e no John F. Kennedy Stadium de Filadélfia (Estados Unidos), com o objetivo de arrecadar fundos para a Etiópia.

Em Wembley, o espetáculo começou ao meio dia com uma saudação da guarda real aos Príncipes Charles e Diana. Logo, Status Quo inaugurou o palco, por onde foi passando as figuras mais importantes do momento. Depois tomariam o palco Sade, Spandau Ballet, Elvis Costello, que somente com uma guitarra tocou o clássico dos Beatles, “All you need is love” conseguindo uma boa resposta da audiência. O primeiro grande momento do concerto foi o de Sting e Phil Collins juntos, acompanhados por Winstom Marzallis no clarinete, que tocaram algumas músicas com solos de piano e guitarra, de suas respectivas discografias.

Também atraiu a atenção a presença de Roxy Music, com Brian Ferry, e o guitarrista do Pink Floyd David Gilmour, que não podia se apresentar ao vivo, devido a um litigio pelos direitos do nome Pink Floyd, com Roger Waters. Quando começava a cair a noite, entraram em cena U2, que fez um desses momentos para entrar na antologia, quando Bono abandonou o palco e se lançou a multidão para convidar uma moça da plateia para dançar com ele. Literalmente rompeu as barreiras entre o artista e o público. Logo depois, Dire Straits brilhou com dois de seus grandes êxitos, acompanhados em coro por Sting, em “Money for Nothing”. O ponto mais alto do concerto foi sem dúvida a participação de Queen que brilhou tocando furiosamente, versões recortadas, para se ajustar aos quinze minutos de apresentação. Uma performance que até hoje é considerada uma das melhores de todos os tempos.

Logo, subiu outra lenda, que produziu um clima especial, David Bowie, que se despedindo recordou a todos qual o motivo do evento. Logo, os míticos músicos do The Who tocaram selvagens como em seus melhores tempos. Chegando perto do fim da noite, Elton John, interpretou alguns de sucessos do momento e alguns clássicos, seguido da apresentação de George Michael. Depois disso o grande encerramento com o ex-Beatle Paul McCartney cantando “Let it Be”, acompanhado em coro por Pete Townshend, Bob Gedolf, David Bowie, e Alison Moyet, um dos momentos mais emotivos do concerto.

Ao final todos os artitas se despediram, agradecendo o evento, e interpretando “Do they know it’s Christmas?” junto aos 85 mil presentes no estádio.

J. F. Kennedy Stadium, Filadélfia

O concerto em Filadelfia, começou 4 horas mais tarde que o de Wembley, foi apresentado por Jack Nicholson para 99 mil pessoas. O primeiro momento de grande destaque do concerto foi marcado pelo reencontro de Ozzy Osbourne, com o Black Sabbath, depois de 6 anos de separação. Também brilhou o Simple Minds, que era o grupo mais popular no momento a nível mundial. Apareceram lendas como os Beach Boys, Neil Young, Crosby Still &Nash, Carlos Santana e os metaleiros do Judas Priest.

Madona que estava no auge de sua popularidade nesses tempos foi muito aplaudida no momento de ocupar o palco. Eric Clpatom e Tom Petty, deslumbraram, cada um a seu tempo, com sóbrias e impecáveis atuações. Phil Collins, que viajou em um voo fretado desde Wembley a Filadélfia, foi o único que esteve presente nos dois concertos, interpretando “In the air tonight” no piano, e logo se sentando na bateria para acompanhar o Led Zeppelin.

Duran Duran outro grupo do momento, foi ovacionado. Enquanto Pati La Belle fez uma interpretação mágica de “Imagine” de John Lennon. Logo veio o pop de Hall & Oates, e a festa se estabeleceu com Mick Jagger e Tina Turner, com “State of Shock”, na qual todo o público dançou e se divertiu.

Bob Dylan, Ron Wood e Keith Richards interpretaram versões acústicas de temas de Dylan. E finalmente Lionel Richard convidou todos os músicos e a plateia a cantar “We are the World”, numa versão, com um coro infantil, que saiu bastante descuidada.

Live Aid, durou no total mais de 16 horas, foi visto por mais de 3 milhões de pessoas em todo o mundo, uma das primeiras transmissões ao vivo da MTV, recém fundada por volta desses anos.

O objetivo de enviar ajuda a Etiópia teve mais êxito do que o esperado, ainda que há versões que o governo desse país usou o dinheiro para comprar armamento. A ideia de solidariedade vai perdendo autenticidade à medida que vai se transformando num evento multimilionário, por momentos os artistas perdem a visão do objetivo, para passar a sentir a obrigação de participar para não perderem sua posição na elite do rock do período, tem uma reportagem com os quatro membros do Queen na qual isso está muito evidente. Isso não elimina, de nenhuma maneira, a relevância do projeto e o nível de artistas convocados, se alcançam momentos de altíssimo valor musical. Ainda que também, em menor medida, outros momentos ruins, sobretudo em Filadélfia.

Por último, a maior contradição é que seja o Live Aid de 1985 que fique gravado na história como a origem da celebração do Dia Mundial do Rock, quando predominava nessa época o som mais plástico do pop. Entendo que pela magnitude do projeto e o esforço posto na organização não é um dia que deva passar em branco para quem gosta do rock. Mas se tem de se celebrar um Dia do Rock, deveria se pensar no Festival de Woodstock em 69, ou o de Monterrey, quando o contexto da época, com a juventude questionando vários dos valores estabelecidos socialmente, se condiz muito mais com o espírito do rock.

Tradução: Yuri Marcolino

 
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