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EUROCOPA
Em meio a crise migratória na Europa, Cristiano Ronaldo oferece titulo da Euro a imigrantes
Romeu Montes, aeroviário de Guarulhos

Como mostramos aqui, a final da Eurocopa de 2016 não foi exatamente como os governantes e os organizadores da UEFA esperavam, e o centro de Paris se transformou em cenário de confrontos entre a polícia e manifestantes franceses, que há meses já protestam contra a reforma trabalhista do governo Hollande.

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Não por coincidência, essa Eurocopa também ficou marcada por evidenciar as contradições que os vários países participantes têm: de um lado fecham suas fronteiras como resposta da crise migratória, de outro, têm em suas equipes jogadores imigrantes e filhos de imigrantes naturalizados despontando como protagonistas de belos gols e das melhores jogadas. Agora também ficará marcada pela a declaração final de Cristiano Ronaldo, o mais conhecido e bem pago jogador do torneio, que dedicou o título inédito de Portugal “a todos os imigrantes”:

– É um troféu para todos os portugueses, para todos os imigrantes, todas as pessoas que acreditaram em nós. Estou muito feliz e muito orgulhoso

O jogador português que, querendo ou não, é expoente do futebol moderno e cada vez mais elitizado, artificial e que movimenta um mercado bilionário pelo mundo todo, se demonstra sensível a uma contradição impossível de negar, seja no campo social ou nos campos de futebol.

Porém, no momento mais esperado, no jogo da final, não foi o jogador mais caro e com trejeitos do perfeccionismo europeu quem foi decisivo. Algo mais simbólico aconteceu e o autor do gol da vitória de Portugal foi o jogador Éder, nascido na Guiné-Bissau, um dos países do continente africano, devastado historicamente pela colonização, escravização, guerras e saqueio de recursos naturais e por conflitos que possuem reflexos de crises humanitárias até hoje.
São milhares de imigrantes que morrem a cada dia tentando atravessar as fronteiras e, quando conseguem, se deparam com legislações cada vez mais restritivas e são em pouco tempo deportados ou considerados ilegais. Este clima xenófobo “oficial” fortalece e encoraja ações de grupos protofascistas, a exemplo dos absurdos que se expressaram nessa mesma Eurocopa, em conflitos de ruas entre torcidas, ou no caso dos hooligans de direita que se infiltraram na torcida inglesa na cidade de Lille e hostilizavam com agressões racistas a vários imigrantes que encontravam nas ruas e bares onde se reuniam.

Ainda que haja dúvidas de que a declaração de Cristiano Ronaldo tenha um fundo de marketing pessoal – em 2014 o jogador se negou a trocar de camisa com jogadores da seleção de Israel dizendo: “não troco minha camisa com assassinos”; no entanto, ano passado participou de um controverso comercial de televisão para uma empresa de Israel, no qual depois de certa insistência, cedia e vestia a camisa de um time israelense, o que gerou polêmica e repulsa de palestinos pela internet –, na atual situação de milhares de mortes de imigrantes é progressivo que até mesmo uma celebridade se posicione contra o clima xenófobo que toma conta dos países europeus e dedique um título de tanta expressão aos imigrantes.

 
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