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ANIVERSÁRIO
Nikola Tesla, o gênio que nos eletrificou
Nicolás Daneri
Engenheiro Industrial | Docente UTN.BA | Pesquisador Conicet

No dia 10 de julho de 1865, em Smiljan, na atual Croácia, nascia Nikola Tesla, um dos maiores gênios que o século passado nos deu. Inventor, engenheiro e físico, excêntrico e bastante extrovertido, seus desenvolvimentos ainda seguem dando o que falar.

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Assim como acontece com qualquer personalidade da magnitude, há milhares de artigos e rios de tinta dedicados à vida, as invenções e sonhos de Nikola. Também há incontáveis tentativas de falsificar suas posições, atribuindo um misticismo - que era completamente alheio - ou diretamente o qualificando de cientista maluco.

Como cientista é reconhecido principalmente pelo desenvolvimento do sistema de potência elétrica por corrente alternada (AC), incluindo o sistema polifásico de distribuição, que é à base dos sistemas atuais, e pela invenção do motor de corrente alternada. Justamente foram estes trabalhos que o levou a uma briga pessoal com Thomas Edison, que tinha vários trabalhos desenvolvidos com corrente contínua (DC) e depositava neles sua esperança de dominação do mercado elétrico. Uma das principais vantagens da AC é que, mediante transformadores, podemos elevar as voltagens (22000 volts) para transportá-la e logo voltar aos 220 volts que usamos em nossas casas. A voltagem elevada implica uma corrente baixa e isso faz com que os cabos que necessitamos sejam mais finos e todo o sistema mais barato. As perdas por transporte a largas distâncias são muito menores também.

A “guerra das correntes” teve várias batalhas, incluindo uma onde o próprio Tesla fez passar uma corrente alternada pelo seu corpo em público para demonstrar que seu desenvolvimento era seguro. O triunfo da corrente alternada foi selado em 1893 quando o empresário George Westinghouse, a quem Nikola havia cedido várias de suas patentes, apresentou um orçamento muito menor do que pedia Edison, através de sua empresa General Electric Inc., para iluminar a Feira Mundial de Chicago.

Um legado inconcluso

Sua obsessão de longa data era a transmissão de energia sem a necessidade de usar cabos. Seguindo os trabalhos de Lord Kelvin, Tesla também detectou que os gases rarefeitos (gases a uma pressão muito menor que a atmosférica) eram excelentes condutores. Seus célebres experimentos em Colorado Springs (1899), com as “bobinas de Tesla”, e sua posterior mudança a Long Island (1901) foram os maiores avanços nesse sentido.

Em Colorado Springs realizou medições sobre raios que caíam durante as tempestades a grandes distâncias de seu laboratório e, em base a isso, concluiu que a terra e sua atmosfera se comportavam como uma cavidade ressonante, o mesmo principio pelo que o corpo de um violão amplifica e reforça certas notas, que são as frequências de vibração das cordas e coincidem ou são próximas à frequência de ressonância da caixa.

O conceito que manejava era a transmissão de um sinal usando a ressonância da terra para que a perda fosse mínima. Lembremos que a corrente alternada é uma corrente que muda de positivo a negativo com certa frequência, 50 Hz na Argentina. O feito de não usar cabos permitiria aproveitar melhor as fontes de energia remota e transmitir a qualquer parte do mundo, por mais longe que se estivesse dos sistemas de distribuição energética tradicionais. Também obteve sucesso em calcular a frequência de ressonância da terra em 10 Hz, algo muito exato para sua época, já que hoje se sabe que é de 8 Hz.

Segundo o mesmo, os trabalhos em Colorado e Long Island tinham três objetivos principais: 1) desenvolver um transmissor de grande potência, 2) aperfeiçoar os meios para individualizar e 3) isolar a energia transmitida e entender as leis de propagação de correntes através da terra e atmosfera.

Os experimentos nunca foram terminados devido aos enormes custos, à falta de clareza sobre seu método, e, sobretudo, que nenhum empresário financiasse um desenvolvimento capaz de transmitir eletricidade fazendo muito difícil a medição do consumo e, portanto, a cobrança.

Depois dos passos do doutor Tesla

Desde sua morte, em 1943, vários pesquisadores se dedicaram a continuar seu trabalho, sobretudo na área da transmissão sem fio, concluindo que o aparato receptor é o que mais necessita de trabalho e desenvolvimento.

Em 2007, um grupo de pesquisadores do Instituto Tecnológico de Massachussets obteve sucesso em transmitir 60W de potencia em uma distância de 2m, com uma eficiência de 45%, juntando os campos magnéticos que são gerados mediante a passagem de uma corrente alternada por transformadores metálicos. Um estudo posterior da universidade ITMO, de São Petersburgo, publicado em janeiro de 2016, prediz uma eficiência de 80% utilizando materiais cerâmicos.
Um pouco mais modestos que os sonhos de Tesla, os novos trabalhos desenvolvidos são aplicados principalmente para a carga sem fio de telefones celulares.

Mais além da ciência

Ainda que possam imaginar que não estavam de todo familiarizados com o episódio histórico, o nome da última grande banda de rock, AC/DC, nos remete a “guerra das correntes”.

Mais conscientemente, no filme “Café e Cigarros”, de Jim Jarmusch, Jack mostra a Meg sua bobina de Tesla e lhe explica como funciona. No filme “O Grande Truque”, Christopher Nolan se anima muito mais (não esperávamos menos dele) e recruta o genial David Bowie para personificar Tesla, que desenha uma máquina para teletransportar objetos a pedido de um dos personagens. O filme não é grande coisa, mas Bowie interpretando Tesla é genial.

Em novelas, séries de TV e até videogames, continuaremos vendo o querido Nikola, por muitos anos.

Tradução Artur Lins

 
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