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ELEIÇÕES PORTO ALEGRE/RS
Luciana Genro e as alianças nas eleições de Porto Alegre
Thiago Flamé

Desde de que Manuela D´Avilla do PCdoB se retirou da disputa, Luciana Genro despontou como uma das favoritas para ir ao segundo turno.

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Ao mesmo tempo, no dia da conferencia municipal do PSOL liberou a direção para negociar acordos com partidos como Rede e PPL.

O cenário político de Porto Alegre para as próximas eleições em outubro ainda é incerto. Até agora 11 pré-candidatos se apresentaram, mas seguem as negociações para conformação de coligações. Essa fragmentação é expressão do desgaste dos políticos tradicionais, especialmente dos partidos dominantes no estado, PMDB, PDT e PT, um fenômeno nacional e internacional, que tem sua configuração própria do contexto gaúcho.

As figuras tradicionais do PT, com a exceção de Olívio Dutra, passam por um forte desgaste. Entre as forças que apoiaram o lulismo, ainda conservava muita popularidade a figura de Manuela D´Avilla, uma mulher, jovem, que não é identificada com a politica tradicional. Ela se retirou da disputa alegando que tomou a decisão de se dedicar a criação do filho recém nascido. Uma outra possibilidade é que pode ter pesado nesta decisão seu suposto envolvimento em irregularidades investigadas na lava-jato. Tirar seu nome de evidencia neste momento poderia ser a forma escolhida para preservar seu capital político.

Depois da saída de Manuela D´Avilla, parece ter ganhado mais força a candidatura de Luciana Genro, ainda que não é certo que ela absorva a maioria dos votos que iriam para Manuela D´Avilla, que podem migrar para outras candidaturas
Pela direita o jovem Marcel Van Hattem, pré candidato pelo PP, antigo presidente do DCE da UFRGS, com um discurso ideológico, “liberal conservador” de menos estado mais liberdade, busca capitalizar o desgaste da direita tradicional. Sua candidatura, porém não é certa ainda, já que o PP segue as negociações com o PMDB e outros partidos.

Qual alternativa construir?

A juventude gaúcha que em 2013 foi uma das vanguardas da mobilização nacional, os rodoviários e a heroica greve de 2014, que se enfrentou com a máfia dos transportes e com a burocracia do sindicato, os professores que em 2015 questionaram a direção petista do sindicato e os cortes do governo Sartori e a mobilização dos secundaristas que ocuparam as escolas em defesa da educação, são a base em que a esquerda poderia se apoiar para construir uma alternativa de massas a esquerda do PT.

O caminho que defendemos é de construir uma esquerda classista e revolucionaria, a partir da participação nos processos de luta e lutando para que se unifiquem e coordenem entre si, que coloque os trabalhadores e a juventude como sujeitos de um programa anticapitalista para enfrentar a crise econômica e o governo golpista de Michel Temer. As eleições municipais seriam um momento de combate importante para essa construção.

Luciana Genro e o PSOL, no entanto, aprofundam o caminho de constituir alianças amplas, que lhe garantam tempo na televisão, espaço nos debates eleitorais e uma base de apoio na camarada de vereadores. No seu congresso municipal, convidaram além do PSTU e PCB, também a REDE de Marina Silva e o PPL, uma ruptura do PMDB. Em recente entrevista ao site Sul21, que citamos abaixo, Luciana Genro reafirma esse caminho de aliança com partidos patronais e desenvolve mais as confluências que o PSOL gaúcho tem com a REDE e com a própria Marina Silva.

Ao contrario, o exemplo da Frente de Esquerda e do Trabalhadores (FIT) na Argentina mostra, numa situação de menor crise política e econômica que a que vivemos no Brasil, que é possível construir uma esquerda viável aos olhos de setores de massas, sem abandonar um programa classista e sem realizar alianças com setores burgueses. O caminho para se tornar uma alternativa viável não é ampliar as alianças e integrar partidos patronais, como Rede ou PPL, mas ampliar as aliançar e a participação de cada vez mais setores de trabalhadores, da juventude e de todos os setores oprimidos.

Uma aliança orientada à direita

Em geral as alianças dos partidos de esquerda com partidos patronais, sempre favorecem os segundos. Servem para mostrar para o conjunto da classe dominante, que apesar do discurso mais ou menos radical que adotem as lideranças de esquerda, não vão seguir o caminho de ruptura com a ordem. Lula já traçou esse caminho em 1989, ao colocar na vice-presidente, Jose Paulo Bisol, do PSB. O próprio PSOL gaúcho já se aliou com o PV nas eleições de 2008.

A possível aliança com a Rede, em 2016, está mais imediatamente orientada a direita do que nesses exemplos históricos. Os dois exemplos que Luciana Genro apresenta de confluência com a Rede e Marina Silva mostram isso.

“Eu defendi eleições gerais pra responder ao problema do impeachment, fui contra o impeachment, ao mesmo tempo não considerei que a simples manutenção da Dilma (...) A Rede foi parceira nessa proposta que eu defendi,” afirma Luciana Genro, omitindo que Marina Silva defendeu abertamente o impeachment e sua proposta de eleições gerais estava alinhada com a Folha de São Paulo, e com o próprio Itaú, com quem Marina Silva mantem uma relação privilegiada.

“Todo o meu programa de segurança, por exemplo, tem sido construído com o Marcos Rolim e o Luiz Eduardo Soares, que são filiados da Rede. O Luiz Eduardo, inclusive, é o porta-voz da Rede no Rio de Janeiro.” Luiz Eduardo Soares, por exemplo, conta em seu currículo ter sido o responsável por elaborar o programa para a segurança púbica da candidatura de Marina Silva em 2010. Uma confluência deste tipo não poderia levar por um bom caminho.

Ao invés de denunciar a cumplicidade da Policia Militar com setores do crime organizado, Luciana Genro tem defendido a colaboração entre a Guarda Municipal e a Brigada Militar, além do fortalecimento da Brigada. Com essa ênfase no fortalecimento das instituições de repressão o programa de Luciana Genro sobre segurança está feito sob medida para dialogar com os setores mais conservadores dos eleitores.

A aliança com a Rede é uma aliança com o Itaú, com planos repressivos mesmo que sob outras caras, é rasgar um princípio elementar para a esquerda: independência frente as diferentes variantes patronais.

 
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