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UFMG
Reitoria aumenta preço do bandejão da UFMG com apoio do DCE
Iaci Maria

Na última terça-feira (28) foi votado no Conselho Universitário o aumento do preço do bandejão, dos já absurdos R$4,15 para R$5,60, sendo o bandejão mais caro do país. O DCE-UFMG, composto pelo PT e pelo Levante Popular da Juventude, apoiou a proposta. O valor entra em vigor a partir da volta às aulas, em agosto.

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No final do semestre, em meio aos trabalhos e provas finais, bem no início do esvaziamento da universidade, o Conselho Universitário se reuniu para aprovar a proposta da PRAE (Pró-reitoria de Assuntos Estudantis) de novos valores para a moradia e o bandejão da UFMG. No mês de março, quando essa proposta seria votada, mais de 200 estudantes em ato ocuparam a sala do Conselho Universitário, impedindo que a reunião acontecesse até que o ponto sobre o aumento fosse retirado da pauta daquele dia. Com a mobilização, a votação foi adiada. Porém, como era de se esperar, voltou para a pauta essa semana e, sem que nenhum estudante soubesse da votação, foi aprovada.

Permanência estudantil ou lucro para uma fundação privada?

Na UFMG a permanência estudantil é tratada como mercadoria, sendo terceirizada para a FUMP, uma fundação privada que decide através de um longo, burocrático e humilhante processo se o estudante que solicita um auxílio se encaixa nos parâmetros estabelecidos pela fundação para recebê-lo ou não. Além disso, para ter direito à moradia estudantil é necessário pagar aluguel, cujo valor varia a depender do “nível de carência” em que o estudante foi classificado, assim como os valores do bandejão. E agora, a partir de agosto, o valor a ser pago por qualquer estudante que não possua nenhum auxílio da FUMP será os absurdos R$5,60.

Tal proposta de aumento do bandejão veio da PRAE, uma pró-reitoria bastante elogiada pela maioria das correntes de esquerda do Movimento Estudantil, por ser a única pró-reitoria que possui paridade de decisão. Acontece que uma pró-reitoria de assuntos estudantis com paridade – ou seja, que nem mesmo corresponde a uma representatividade real da comunidade acadêmica, porque cada professor ainda tem poder de decisão de 20 a 30 alunos com a paridade –, mas que mantém a permanência estudantil nas mãos de uma fundação privada que lucra com as necessidades dos estudantes, não pode ser considerada uma aliada dos estudantes.

Além disso, não podemos confiar em uma pró-reitoria que está completamente atrelada à própria reitoria e à estrutura de poder da universidade, que possui seu antro de burocratas chamado Conselho Universitário que decide sozinho como dar uma saída à crise financeira da UFMG, sofrida devido aos cortes de verba do governo Dilma e aprofundados pelo golpista Temer. A saída proposta pela casta burocrática vem sendo a demissão massiva de trabalhadoras e trabalhadores terceirizados, aumento da dificuldade no acesso à assistência estudantil, cortes de bolsas e agora o aumento do preço do bandejão. Mas em momento algum se questiona o salário milionário recebido pelos pró-reitores, inclusive os responsáveis pela “democrática” PRAE.

O canto da sereia que elegeu o DCE que a reitoria gosta

Um mês atrás o novo DCE da UFMG foi eleito, com a chapa Alvorada assumindo a gestão, formada pela juventude do PT, Levante Popular da Juventude e estudantes independentes. Já denunciávamos aqui que essa chapa era atrelada à reitoria, sendo uma grande entusiasta da PRAE e sua paridade.

Com o fim das eleições, a chapa mal assumiu e a realidade já nos mostrou a que vieram: o aumento do bandejão passou em total silêncio, sem nenhum questionamento e sem os estudantes terem conhecimento de que essa votação aconteceria, nem mesmo os estudantes membros do Conselho Universitário foram informados da reunião. Mas isso não significa apenas que o DCE se omitiu, pois na realidade a entidade foi parte atuante da aprovação desse ataque! Em um comunicado feito no facebook do DCE, a gestão Alvorada diz sem nenhum pudor que se sentou junto com a PRAE – mais uma vez exaltada pela gestão – para elaborar tal proposta, e a mesma foi votada por unanimidade no Conselho, ou seja, os membros do DCE no Conselho também votaram a favor!

Se já sabíamos que, com essa chapa, teríamos um DCE que não colocaria a entidade a serviço de organizar e mobilizar os estudantes contra os cortes de verbas e ataques da reitoria e do governo, nos vemos aqui com uma gestão que é diretamente agente dos ataques impostos pela reitoria! Os mesmos PT e Levante Popular da Juventude, que não organizaram os estudantes e a juventude para radicalizar a luta contra o golpe, agora se sentam com a reitoria para juntos atacar nossos direitos.

Fora FUMP! Permanência estudantil a todos que necessitam!

É preciso barrar esse aumento! Os estudantes não podem permitir que o DCE passe por cima de nossos direitos, negociando-os com a reitoria pelas costas dos estudantes. E isso somente será possível através da mobilização dos estudantes, organizando-se em seus cursos para impedir mais esse ataque. Mas não apenas isso, pois precisamos lutar por permanência estudantil para todos que necessitam, exigindo o “Fora FUMP” e “Fora fundações privadas da universidade!”. Hoje grande parte das verbas da universidade são usadas para laboratórios e pesquisas que favorecem grandes empresas como a Vale, a Odebrecht e a Boeing. Além disso a burocracia universitária recebe “salários de deputados” para gerir a universidade a serviço das empresas. Os recursos que precisamos para garantir nossos direitos devem sair daí, além, é claro, das lutas políticas nacionais em defesa da educação e contra os cortes de verbas e salários, que ocorrem por todo país se enfrentando com o golpista Temer e com governadores.

É preciso lutar contra a PRAE, que é antes de tudo uma pró-reitoria de demagogia com os assuntos estudantis, mas que só serve pra passar os planos da reitoria com uma fachada democrática. Lutar contra esta estrutura é também lutar contra os privilégios dessa verdadeira casta. Essa questão só pode se resolver derrubando o poder da Reitoria e do Conselho Universitário e colocando o controle da assistência estudantil e de toda a universidade nas mãos dos estudantes, funcionários e professores, com cada pessoa tendo direito a um voto e maioria estudantil.

 
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