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GAME OF THRONES - 6ª TEMPORADA
GoT: uma temporada de revelações e desforra
Marília Rocha
diretora de base do Sindicato dos Metroviários de SP e parte do grupo de mulheres Pão e Rosas

ALERTA DE SPOILER.
Quem acompanha Game of Thrones deve ter achado a 6ª temporada estranha. Heróis foram construídos, pessoas queridas permaneceram vivas, desfechos foram revelados e as mulheres foram à desforra. Parece que tudo se deu do jeito que os fãs queriam. Ou quase.

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Nas temporadas anteriores os fãs de Game of Thrones sofreram e choraram com a morte de alguns de seus personagens preferidos. Cada vez que nos apaixonávamos por alguém, já esperávamos o fatídico episódio onde teríamos nosso coração esmigalhado por mortes cruéis e violentas. A 5ª temporada foi marcada por sofrimento. Terminou com um cenário pavoroso, em especial para as mulheres. Sansa estuprada, Marjorie presa por fanáticos religiosos que dominavam o reino, Cersei obrigada pelos mesmos a caminhar nua pela cidade debaixo de uma chuva de pedras, Arya perdendo a visão, Daenerys sequestrada pelos dothraki. E para terminar a aflição, a última cena da temporada foi a morte do querido Jon Snow, que nos deixou 9 meses e meio sofrendo e pensando que saída poderiam dar para que ele sobrevivesse ou ressuscitasse.

Cansamos de sofrer. O autor dos livros, George R. R. Martin, guardou as edições que representariam as temporadas posteriores à 5ª e disse que lançará apenas depois que a série terminar de vez. Mostrou a história apenas aos produtores da série, dos quais exigiu que fizessem algo diferente dos livros, para não perder o público leitor após o término da série na TV. Com uma certa liberdade criativa, nota-se que os produtores da série ficaram mais "suscetíveis" à "vontade popular" e mesmo aos acontecimentos da realidade. Também deve ser considerado que na 6ª temporada as coisas começam a ter um desfecho, já que a série provavelmente terá apenas mais duas temporadas.

Para quem não estava acostumado a ter um herói (ou quando via um se levantar ficava já esperando por sua morte), essa temporada nos deu um à altura. A construção de Jon Snow como herói, ressuscitado, destemido, humilde (é o único que não almeja o trono de ferro), unificador e estrategista (é o único líder que busca a unificação dos humanos contra o verdadeiro inimigo, que são os white walkers) veio acompanhada da revelação do último episódio da temporada. Para os que acompanham e já tinham feito as contas, não foi uma grande novidade que além do mais carismático e querido, nosso herói fosse filho de Stark e Targaryen, a melhor combinação sanguínea dos sete reinos.

Mas se verdadeiramente pudéssemos resumir a 6ª temporada, poderíamos dizer que foi a temporada da desforra das mulheres. Tudo que sofreram nas temporadas anteriores foi vingado com louvor. Arya não somente recuperou a visão como conseguiu voltar a Westeros e retomar sua saga por vingança, matando o asqueroso Lord Frey. Daenerys matou seus sequestradores, ganhou uma legião de dothraki para lutarem ao seu lado, conseguiu voltar a Meereen e se vingar dos mestres escravistas. Yara Greyjoy, com apoio de seu sofrido e redimido irmão Theon, se torna a senhora "de fato" das Ilhas de Ferro e faz uma aliança com a Khaleesi (quem sabe até não rola um romance?), oferecendo sua frota de barcos e seu exército para ajudá-la a derrotar os Lannister e tomar o trono de ferro. Cersei, que cavou sua própria cova na 5ª temporada dando poder aos fanáticos "pardais" que a aprisionaram e humilharam, já era praticamente dada como perdida até o último episódio da 6ª. Nele, deu a volta por cima e acabou com todos os inimigos que a rodeavam em Porto Real – cena na qual morreu mais gente do que em toda a temporada – e se torna a rainha de Westeros. De quebra mata sua competidora Margaery (que considero uma triste exceção ao ascenso das mulheres na temporada), e sem querer causa o suicídio de seu filho Tommen. É bom que Cersei se prepare, pois agora serão todos – e todas – contra ela.

Mas vamos falar da Sansa. Ah, a Sansa. Jon Snow não seria nada nessa temporada se não fosse por ela. Essa mulher decidiu deixar de ser sonsa, não mais se submeter, se vingar do seu opressor e retomar o que era seu por direito. Quem não vibrou e comemorou chorando ao ver o estuprador e torturador Ramsay morrer devorado pelos seus próprios cachorros famintos? Mas Sansa não leva esse troféu sozinha. Teve a ajuda inestimável de pequena Lady Mormont, que fez um discurso de arrepiar e convenceu todos os marmanjos das famílias tradicionais a apoiar Jon Snow, um suposto bastardo, como Rei do Norte.

Não é à toa que num momento de tanta efervescência mundial em torno dos direitos das mulheres, as mulheres tiveram tamanho protagonismo nessa temporada. Obviamente, a comparação com a realidade tem limites. A série não dá uma saída estratégica nem para as mulheres, nem para os explorados. Ao contrário, ali a maior parte de história é a "briga de peixe grande", famílias tradicionais, pelo trono. Não esperávamos nada muito diferente de uma série de um país imperialista. Mas na realidade, não queremos reis, nem rainhas, por mais justas, prateadas e mãe de dragões que possam ser. Mas é impossível não se emocionar e não vibrar. Depois de tanto sofrimento, a gente merecia essa 6ª temporada. E o mundo real também merece uma desforra por parte dos oprimidos e explorados.

 
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