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FALÊNCIAS
Falência de mais uma gigante do período lulista: fim de uma era?
Flavia Valle
Professora, Minas Gerais

Depois da falência de Eike Batista, a crise nas empreiteiras e na Petrobras relacionada a Lava Jato, mais um símbolo do período anterior entra em crise. Foram todos? Irão todos?

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A empresa de telecomunicações Oi entrou em pedido de recuperação judicial no valor de R$65,4 bilhões, o maior da história para esse tipo de negociação, superando os R$11,2 bilhões da OGX de Eike Batista em 2013. O rombo no caixa da empresa já superava R$55 bilhões. Esse tipo de medida é feita como tentativa de evitar a falência de uma empresa quando ela perde capacidade de pagar suas dívidas. Caso o acordo estabelecido entre a empresa, a justiça e os credores não seja cumprido, o juiz decreta falência da mesma.

A Portugal Telecom e a OI já estavam sendo alvo de investigações devido a propinas de uma quantia ao redor de 300 milhões de Euros, oriundas da fusão dessas empresas. A Portugal Telecom também já havia sido citada nas investigações da Lava Jato, suspeita de obter benefícios econômicos no valor de várias dezenas de milhões de euros para políticos, acionistas e dirigentes das partes envolvidas na venda da brasileira Vivo pela operadora portuguesa à espanhola Telefônica.

Enquanto esses empresários da telecomunicação nadaram em rios de euros ao longo dos anos do lulismo, os trabalhadores foram os que mais sofreram com a crise na operadora Oi. Em maio desse ano, pouco mais de um mês antes do pedido de recuperação judicial, a Oi já havia anunciado um corte em massa de sua força de trabalho, com a demissão de 2000 trabalhadores em todos os setores. Isso mostra como as fraudes e desvios de verbas são intrínsecas ao capitalismo e não podem existir sem atacar os trabalhadores, e os usuários que sofrem com péssimos serviços e tarifas exorbitantes.

A crise da Oi e sua possível falência dá mostras do fim de uma era do chamado lulismo, em que as gigantes “global players” brasileiras lucraram bilhões, quando o crescimento econômico ainda era realidade nacional, beneficiando com vultosos lucros uma camada de grandes empresários nacionais, estes que sempre tiveram uma “ajudinha” de políticos do establishment para cumprir seus negócios. Com o avançar da crise capitalista alguns desses mesmos empresários nacionais enfrentam uma disputa com outros setores empresariais ligados ao imperialismo.

Algumas dessas gigantes entraram em falência como a OGX de Eike Batista e sua fortuna. A atual crise da Petrobrás e as grandes empreiteiras envolvidas em todo tipo de denúncias nas investigações da Lava Jato por desvios de verbas, corrupção e favorecimento de caixa 2 nas campanhas como a Odebrecht dão sinais do fim de uma era de bonanças.

Existem claramente outros interesses em jogo além da Lava Jato, como as mudanças de ações do BNDES visando pagar bilhões para os detentores da criminosa dívida pública brasileira. Assim o BNDES que foi usado nos governos do PT para favorecer algumas “global players” nacionais está se tornando no governo golpista de Temer um instrumento de rápida transferência de recursos nacionais para Febraban e para Wall Street.

Porém, as mudanças em relação ao período lulista para o atual que visa beneficiar setores imperialistas mantêm muita continuidade. Várias das “global players” seguem intocadas, particularmente no agronegócio: a JBS e a Friboi por exemplo. Alguns setores que se beneficiavam com o lulismo com o agronegócio seguem a todo vapor no governo golpista que se trocou uma rainha do agronegócio (Kátia Abreu) pelo rei da soja e da destruição das riquezas naturais, Blairo Maggi que agora defende não só os negócios que já estavam instalados no país, mas também um avanço na entrega das terras do país ao imperialismo.

Está claro que nenhum setor do empresariado é capaz de responder a atual crise por fora de atacar os trabalhadores. O atual governo golpista de Temer aponta passos firmes para recuperar uma agenda neoliberal que visa atacar ainda mais os trabalhadores. Agenda que foi continuada sob os governos petistas aprofundando as privatizações como no caso das grandes da comunicação e seus lucros exorbitantes ao longo dos últimos anos.

A era de alguns "gigantes nacionais" pode estar chegando ao fim. Aqueles mais ligados ao agronegócio sobrevivem bem, obrigado. Os bancos seguem com seus lucros bilionários, e esta continuidade se combina a uma nova ênfase privatista, como recém confirmada pelo presidente da Petrobras.

Apenas uma saída independente dos trabalhadores, lutando pela abertura dos livros das empresas que ameaçam falir e sua renacionalização como no caso das comunicações, como uma saída capaz de colocar um fim numa história de privatização seja pela cara petista, seja pela cara de um governo entreguista e golpista como o de Temer.

 
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