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ELEIÇÕES NO RIO DE JANEIRO
Uma pré-candidatura que varre a crise do estado do RJ para baixo do tapete
Jean Barroso

Nesta segunda ocorreu a pré-candidatura de Jandira Feghali à prefeitura do Rio de Janeiro, na Fundição Progresso com presença de Lula e dirigentes nacionais do PT, PC do B, CUT, CTB e UNE.

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Ontem foi pré-lançamento da candidatura de Jandira Feghali à prefeitura do Rio de Janeiro. A cerimônia foi um pré-lançamento, já que ainda não está aberto o período de campanha. O Grande lançamento deverá ocorrer em Maricá, com a presença de figuras internacionais como Angela Davis, e várias outras presenças como Guilherme Boulos do MTST, Racionais MC’s e muitas atrações, no “Festival da Utopia”.

A cerimônia de ontem contou com cerca de 1200 pessoas da militância do PT e PC do B e apoiadores destes dois partidos e da candidatura de Jandira. Além de apresentações de música, como Mãe Beata de Yemanjá, Tico Santa Cruz e o rapper Flávio Renegado e a presença de Beth Carvalho, a atividade contou com as saudações políticas das lideranças nacionais e regionais dos dois partidos e também das centrais sindicais ligadas a eles, a CUT e CTB. Além também da UNE, UBES, UNEGRO, UNALGBT e Marcha Mundial das Mulheres, Washington Quá-Quá prefeito de Maricá pelo PT. O MST e o MTST não estavam presentes na pré-candidatura.

Apesar de ser quase que uma cerimônia interna do petismo carioca, o pré-lançamento mostrou muito do que a campanha #RioemComum deverá ser. Todas as falas pintaram um Brasil e um Rio de Janeiro utópicos e sem nenhuma crise! Como se ainda vivêssemos o auge de crescimento econômico em que o PT dava concessões mínimas à classe trabalhadora e aos mais pobres enquanto fazia os bancos e os empresários baterem recordes de lucro. Passou longe da realidade do Rio em que servidores estão com salário parcelado, serviços públicos, em especial os hospitais, estão em crise por corte de verbas, universidades do estado ameaçam fechar as portas e milhares de terceirizados estão sem receber seus salários. Longe também, passou da realidade nacional, aonde com cortes em direitos, demissões em massa e inflação, o salário real dos trabalhadores diminuiu 17% do seu valor. Um ajuste sobre nossas costas, Federal e Estadual, em que o PT tomou parte, desde o segundo mandato de Dilma. O último dos pacote de ajustes que o PT tentou encampar foi o PL 257.

Obviamente, Wagner Freitas e Ruy Falcão, presidentes nacionais da CUT e do PT, não podiam falar em crise porque precisavam varrer para baixo do tapete o brutal ajuste fiscal aplicado pelo próprio PT, e assim fazer parecer que houve uma continuidade entre as concessões mínimas que o PT e nenhum corte no segundo mandato de Dilma. Este ciclo teria sido interrompido, no universo paralelo da cúpula petista, quando a direita decidiu aplicar o golpe institucional e afastar a presidenta. Como se desde 2014, Dilma não tivesse tentado agradar essa direita com quem o PT governou naqueles 13 anos, para manter governabilidade através de cortes brutais, descarregando a crise diretamente nas costas dos trabalhadores e da juventude.

A conclusão tirada do raciocínio de ambos foi que o golpe deveria ser barrado nas ruas? Óbvio que não. Terminaram bradando “não vai ter golpe”, mas sabemos que é de fachada, já que se limitaram a convocar showmícios eleitorais através da CUT, porque tem mais medo da luta de classes do que da direita com que se acostumaram à governar nos últimos 13 anos. Se pudessem escolher o slogan da campanha, provavelmente seria “Não fale em crise ou golpe, vote no PT.”

Uma candidatura de continuidade do legado de Cabral, Pezão e Dornelles

Mas para não deixar dúvidas, as estrelas da noite Lula e Jandira deixaram bem claro que a candidatura só não sairá como selo “calamidade pública garantida” porque o PMDB não quis. Segundo Lula, o estado do RJ deve muito aos governos petistas: seu compromisso em 2006 teria tirado o Rio das páginas de notícia policiais, e Lula duvidou que “nos últimos cinqüenta anos, tenha havido um governo que tenha transferido tanto dinheiro para o Rio de Janeiro”. Jandira confirmou a cifra: meio trilhão transferido nos 13 anos do PT através do PAC.

Resta saber aonde foi parar essa grana toda, com obras superfaturadas se desmanchando e elefantes brancos que ninguém sabe dizer para o que servem, enquanto falta moradia, lucros batem recorde com a especulação imobiliária, um péssimo e caro transporte público, recorde de desemprego, salários de servidores parcelados, hospitais sem funcionar e um estado falido.

Nos treze anos, o PMDB roubou rios de dinheiro no estado e na capital com estas obras em caixa dois e superfaturamento, tendo seus principais políticos citados em todos os escândalos possíveis, sendo o último a lista dos 300 da Odebrecht (9 são do PCdoB), com Pezão, Paes “Nervosinho” e Jorge Picciani citados. Este último teve menção honrosa não apenas na lista da Odebrecht, como também pela UJS, juventude do PC do B, em seu congresso de 2010.

Paes merece uma menção “honrosa” no meio disso tudo, porque é a figura que melhor consegue mostrar que não existe nenhuma contradição entre ser um prefeito Petista dentro do PMDB, e ao mesmo tempo odiar com todo seu espírito os trabalhadores e os pobres do Rio. Em conversa que foi vazada no início do ano com Lula, prestou apoio quando este foi conduzido coercitivamente e ao mesmo expressou em palavras o que seu mandato, com apoio do PCdoB que o elegeu, representou em ações.

Dizia para Lula que deveria abandonar seu “Espírito de Pobre”.Este ódio de classe o prefeito tratou de botar em prática na cidade de Rio, com transportes caríssimos e uma baldeação que cada vez mais segrega os trabalhadores nas regiões periféricas, com obras caríssimas para atender os turistas enquanto removia comunidades inteiras e mandava a Guarda Municipal reprimir moradores de rua e camelôs, e demitindo os Garis que fizeram greve tentando dar um exemplo de sua mão de ferro aos trabalhadores do município. Tudo isso com apoio do PT e PCdoB.

Este pacto com o governo Municipal e Estadual do RJ deu sustentabilidade aos governos petistas nos últimos treze anos, tendo o PT e o PC do B insistido até o final na parceria. Em 26 de fevereiro deste ano, por exemplo, o PC do B entendia o “papel progressista e avançado que o PMDB da Capital do Rio de Janeiro, nosso aliado, vem desempenhando para reforçar o bloco contra os setores conservadores que, inconformados com a derrota em 2014, vem tentando golpear a democracia cassando o mandato legítimo da presidenta Dilma Rousseff.” (Leia nota completa aqui)

Lembremos que tudo isto é apesar de Eduardo “Nervosinho” Paes já estar acobertando o agressor de mulher Pedro Paulo e silenciar a denúncia de agressão tentando salvar a imagem do seu pré-candidato. Acontece que, se não houvesse sido expulsa da secretaria de juventude do PMDB, a União da Juventude Socialista provavelmente estaria fazendo campanha para Pedro Paulo agressor, como fez para Eduardo Paes.

Reivindicando todo o legado desta parceria para fechar com medalha de ouro, Lula afirmou que:

“se alguém tem vergonha das olimpíadas que vai acontecer em agosto, eu tenho orgulho, porque foi um momento de ouro na minha vida(...)”

O mesmo não podem ser dito pelos servidores e aposentados que tiveram seus salários parcelados, a população que sofre na fila do hospital ou morre com doenças tropicais, os terceirizados demitidos sem receber, os jovens negros que morrem assassinados todos os dias nos morros pela polícia militar à mando do PMDB.

 
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