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ESCOLA SEM PARTIDO
O Escola Sem Partido e a bizarra direita brasileira
Enzo Menucci, estudante da ETE República (FAETEC Quintino)

O ESP é um projeto que visa objetivamente aniquilar o senso crítico nas escolas, de forma que os estudantes não possam mais questionar nada.

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O recente convite do ministro da educação do governo golpista de Temer, Mendonça Filho (DEM), ao ator Alexandre Frota (dos Revoltados Online) foi um espanto para todos, ainda mais com as propostas de intervenção na Educação como o famoso Escola Sem Partido.

A PL N.º 867, de 2015 (mais conhecida como "Escola Sem Partido") é tão nojenta que da vontade de vomitar. O primeiro sentimento quando se tem conhecimento de uma elaboração censora desse tipo é de inconformidade: "como que alguém pode ter a ingenuidade de acreditar em uma ideia dessas?". Esse é seguido por um segundo pensamento, que é a conclusão de que não há ingenuidade alguma na elaboração desse Projeto. O argumento de que é preciso tirar "a expressão do poder das escolas", é apenas a hegemonia de um único poder nas escolas e na sociedade.

O ESP é um projeto que visa objetivamente aniquilar o senso crítico nas escolas, de forma que os estudantes não possam mais questionar nada. Ficando assim, presos a um status quo "normal". Parece redundante dizer isso, mas é necessário acrescentar o adjetivo normal, já que é assim que a direita brasileira se define. Se dizem detentores da moral e dos bons costumes e constantemente avançam contra os movimentos negro, LGBTT e das mulheres.

Aliás, o tema da redação do último ENEM é mais uma prova para essa galera de que há no Brasil uma série de comunistas infiltrados da KGB em prol da digestão de crianças no café da manhã. Eles dizem que falar sobre a constante violência contra a mulher é mais uma forma de doutrinação marxista do MEC (?!). Argumentam que era necessária a solução do problema na redação, mas nem sequer leram as competências para pontuar no texto: "proposta de intervenção", ou seja, reconhecer um problema e falar sobre ele. Contudo, a direita representada pelo estuprador confesso Alexandre Frota jamais seria capaz de admitir que na sociedade em que vivemos exista violência contra as mulheres...

Ao ler o texto que foi enviado para a Câmara dos Deputados, podemos freqüentemente encontrar ações que devem ser proibidas como: "17. Permitir que o governo de turno ou seus agentes utilizem o sistema de ensino para promover uma determinada moralidade é dar-lhes o direito de vilipendiar e destruir, indiretamente, a crença religiosa dos estudantes, o que ofende os artigos 5º, VI, e 19, I, da Constituição Federal". A primeira vista parece ser bem intencionado, mas após uma rápida reflexão, percebemos que isso é nitidamente contra a conscientização dos jovens sobre a causa LGBTT, através do veto ao kit anti-homofobia, promovendo apenas uma determinada moral: a heteronormativa.

Diversas outras partes da PL demonstram a monstruosidade da ESP, como quando é dito que os professores não devem ter liberdade de expressão em sala de aula, ou quando manipulam a ambigüidade das palavras: "8 - Sendo assim, não há dúvida de que os estudantes que se encontram em tal situação estão sendo manipulados e explorados politicamente, o que ofende o art. 5º do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), segundo o qual “nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de exploração".

Vale ressaltar que a PL-867/2015 é um anexo da PL-7.180/2014. A última pretende alterar um artigo da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação), que regula a educação nacional.

Ao ler o texto, também é notável a freqüente referência ao site escolasempartido.org, que após meros cinco minutos de navegação já se mostra como de ultra direita. É impossível que não haja poder, seja qual for a esfera. E abdicar de criar cidadãos pensantes, agentes políticos é simplesmente dar o poder a alguém. Esse alguém que por coincidência (ou não) já o tem: o estado e suas instituições, as igrejas e a bancada BBB (Bala, Bíblia e Boi), que em nome de multiplicar o lucro capitalista, mantém este sistema de miséria e opressão contra as mulheres, os LGBTT, os negros e a classe trabalhadora.

Impedir a reflexão nos colégios é um absurdo, é simplesmente afundar um sistema educacional que já pouco funciona. É impedir não somente a reflexão e o desenvolvimento cognitivo, mas também a consciência de classes. Aliás, os únicos colégios que poderão não seguir essa cartilha serão os particulares, que são freqüentados pela classe média e pelas elites. Visto essa crescente espécie de neo-macartismo dos trópicos, podemos concluir que a consciência de classe ainda representa e sempre representará um grande risco às classes dominantes. Devemos bloquear esse avanço da direita na Educação, mas para também nos mais variados setores. Devemos (juventude e classe trabalhadora) nos unir para impedir o avanço do ESP, que possui variantes em algumas câmaras estaduais, da direita censora e entreguista e contra o governo golpista de Temer.

 
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