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CONTRA A REFORMA TRABALHISTA
Hollande ameaça proibir as manifestações contra a reforma trabalhista na França
Juan Andrés Gallardo
Buenos Aires | @juanagallardo1
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Após as marchas massivas de terça-feira em toda França, o presidente François Hollande ameaçou proibir as manifestações contra a reforma trabalhista e criminalizou os manifestantes.

Só em Paris de mobilizaram um milhão de pessoas esta terça-feira na jornada de lutas contra a reforma trabalhista mais importante dos últimos meses. A resposta do governo não demorou. Tanto o presidente Hollande como o primeiro ministro Manuel Valls criminalizaram os protestos esta quarta-feira, anunciando que poderiam proibir as manifestações em todo território nacional. Utilizaram como desculpa a suposta violência dos manifestantes, que “ameaça a segurança de bens e pessoas” já que, segundo dados oficiais, os protestos de terça terminaram com 58 detidos, 29 policiais e 11 manifestantes feridos.

Não é a primeira vez que o governo de Hollande e Valls criminaliza protestos para tentar dividir os manifestantes e debilitar as mobilizações. Quando os estudantes secundaristas e universitários encabeçavam as marchas, o governo os acusou de violentos, reprimiu e encarcerou brutalmente cada vez que saiam às ruas. Isto insuficiente não apenas porque os estudantes não tiveram uma imagem ruim na opinião pública em geral, mas porque encorajaram diversos setores de trabalhadores a sair em luta.

Então é a vez da classe operária. Com os trabalhadores das principais refinarias, centrais nucleares, ferrovias e portos bloqueando seus locais de trabalho ou entrando em greve, o governo acusou-os de sabotadores e violentos. Também mandou reprimi-los. Porém, como ocorreu com os estudantes, o discurso de Hollande-Valls e as câmaras patronais não tiveram repercussão entre a opinião pública, que aproximadamente 70% se pronunciou contra a lei trabalhista e a favor das mobilizações.

É neste cenário adverso e em meio à celebração da Eurocopa que o governo busca encontrar novas formas de estigmatizar os manifestantes. Tendo em conta que na França impera o estado de emergência desde os atentados do ano passado e que o governo utiliza-o contra os manifestantes, Hollande arriscou nesta terça voltar a agitar o fantasma do terrorismo diante um confuso acaso em que morreram dois policiais. Entretanto, sua investida foi fracassada e nesta quarta-feira voltou a pressionar, ameaçando diretamente proibir as manifestações de rua contra a reforma trabalhista.

“Se não se existem as condições para proteger os bens pessoais ou públicos, e no momento não há, se adotará a decisão de, caso a caso, não autorizar as manifestações”, assinalou Hollande através do porta voz do Governo, Stéphane Le Foll. Este agregou que as condições para autorizar uma manifestação discutem-se entre “os organizadores, as autoridades e os representantes do Estado”.

“Num momento em que a França sedia a Eurocopa e quando enfrenta-se o terrorismo, não poderá haver mais autorizações de manifestações a não ser que se garanta a preservação dos bens, de pessoas e do patrimônio público”, acrescentou Le Foll.

As declarações de Hollande forçam a linha demarcada horas antes pelo primeiro ministro, que havia ameaçado proibir a organização de grandes manifestações em Paris como consequência dos conflitos da marcha de ontem. “Não podemos ter manifestações assim em Paris nas próximas semanas”, disse Valls. Em um lapso de desespero e exagero, o primeiro ministro assinalou que, na manifestação de terça, havia “de 700 a 800” manifestantes violentos “que queriam matar sem vacilar” os policiais.

Enquanto o governo e o ex-presidente Sarkozy exigiram da Confederação Geral do Trabalho que denuncie as “ações violentas” e que haja responsáveis pelos incidentes em Paris, ela seguiu o caminho das declarações “inaceitáveis” do chefe do Executivo e, em comunicado, assegurou que “ameaçar proibir as manifestações é um sinal de um Governo encurralado”.

As últimas declarações do Executivo vêm em um momento de alta tensão entre o governo e os manifestantes no rastro do projeto de reforma trabalhista. Valls insistiu que “o Governo não mudará” o texto de seu projeto de lei e apontou que se o Executivo renunciar à reforma será “a vitória dos que estorvam nas ruas”.

Efetivamente, o governo de Hollande-Valls se encontra encurralado entre seu crescente desprestígio e o aumento das mobilizações contra a reforma, e a necessidade de seguir adiante em seu projeto mais ambicioso de ataque contra as conquistas dos trabalhadores, o que é altamente impopular. Os próximos dias e semanas serão cruciais para a definição desta batalha que ocorre nas ruas diariamente e que pode mudar a dinâmica da luta de classes, tanto dentro quanto fora das fronteiras francesas.

 
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