Eliseu Padilha deixou bem claro que, apesar de assumir o governo ainda de forma interina, Michel Temer quer deixar marcas permanentes nos direitos dos trabalhadores, além de querer deixar um legado que abre o país ainda mais para o capital imperialista, com concessão do mercado aéreo-viário e do pré-sal.
Na entrevista concedida nessa segunda-feira, o chefe da Casa Civil disse que Michel Temer, junto às medidas de médio e longo prazo, solicitou aos seus ministros, especialmente os da área econômica, “medidas de impacto o mais breve possível, quiçá no período de interinidade”.
Mas não se pense que serão apenas medidas conjunturais para enfrentar problemas pontuais para “gerar empregos e ativar a economia, com algum tipo de mecanismo estimulante que não importe em subsídios”, ou seja, que não onere o governo.
As medidas debatidas pelo atual governo são muito mais profundas e permanentes, e atacam direitos e conquistas históricas da classe trabalhadora, como a previdência e a CLT. Segundo Padilha, é possível que a reforma da previdência e a trabalhista sejam encaminhadas ao Congresso antes mesmo das eleições municipais, podendo mesmo serem votadas ainda esse ano. Porém o que temos visto é o governo buscando flexibilizar cortes com medo do descontentamento popular.
Dentre as diretrizes para essas reformas está a criação para uma idade mínima, e crescente, para a aposentadoria e o fim da aposentadoria especial para as mulheres. Segundo o chefe da Casa Civil, “o exemplo mundial que temos dos sistemas bem-sucedidos inclui idade mínima e crescente. É o que o Brasil terá de fazer”, além de que “alguns atores observaram que as mulheres vivem mais do que os homens, que elas estão recebendo mais aposentadoria que os homens”, assim, defende o interventor de Michel Temer, as regras “terão, no mínimo, que serem iguais no futuro”.
Quanto à reforma trabalhista, Padilha deixa bem claro a intenção de flexibilizar os direitos dos trabalhadores ao propor “o acordado sobre o legislado”, o que significa que a pressão dos patrões sobre os trabalhadores (mais ainda em momentos de crise e crescimento do desemprego) valerá mais que a legislação e os direitos instituídos.
Além dessas reformas, Eliseu Padilha acena com a mudança nas regras para a aviação civil, permitindo que empresas estrangeiras possam controlar companhias aéreas no país, além de declarar apoio a mudança nas regras do pré-sal, dizendo que pretende “ampliar o processo de exploração dos nossos recursos naturais pelo setor privado”.
Além disso, num claro movimento de maior submissão ao capital imperialista, Padilha acena com a mudança também na lei fundiária para permitir que empresas estrangeiras possam comprar terras no país.
Essa entrevista demonstra claramente as intenções do governo em implementar as medidas contra os trabalhadores e de submissão maior ao imperialismo. Não é a toa que esse golpe foi patrocinado pelas grandes patronais nacionais com total apoio do imperialismo, que logo se juntou para dizer que não teve golpe nenhum.
|