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Greve na Unesp
GREVE GERAL DOS ESTUDANTES DA FCT/UNESP – PRESIDENTE PRUDENTE
Bruno Salvi
Marcela Lima Pedro
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Foi realizada nesta quarta-feira, 01 de junho de 2016, Assembleia Geral dxs Estudantes da UNESP de Presidente Prudente, onde foram decidas por regime de votação GREVE GERAL dxs estudantes e OCUPAÇÃO do prédio da diretoria da universidade. A greve reivindica as pautas presentes nas manifestações estudantis e nas paralisações realizadas nas últimas semanas, 19 e 24 de maio, onde a direção não abriu um espaço para diálogo com xs estudantes. Por tanto, foi decido a articulação de uma greve e ocupação para debater e barrar os cortes na política de permanência estudantil, incluindo casos de não adoção de medidas que garantam assistência em casos de doenças relacionada a integridade da saúde mental, a insuficiência das refeições disponibilizadas pelo restaurante universitário, a construção de novo bloco de moradia e a falta de acessibilidade para pessoas com deficiência. Entrando como pauta também, a questão da paridade em colegiados e comissões nas universidades.

Situação das pautas

A política de permanência estudantil vem recebendo cortes por parte do governo do Estado de São Paulo, e em Presidente Prudente, ainda não ocorreu o repasse das bolsas do programa de permanência (Bolsa Emergencial), sendo este um direito que garante condições do estudante manter-se na universidade. Neste no ano de 2016 ocorreram diversas desistências estudantis vinculadas às dificuldades financeiras. A questão da insuficiência do programa entra nas pautas da greve como a UNESP trata casos de saúde mental em Presidente Prudente e em outros campi, sendo que um aluno do curso de Geografia, após apresentar um distúrbio psicológico, em que gritava palavras da bíblia e apontava para as pessoas, na praça em frente ao bloco de aulas, foi abordado de forma violenta pela polícia militar, sendo este algemado e levado para dentro da viatura, e encaminhado para o Hospital Regional (HR) onde permaneceu internado por 16 dias . Tal atitude da polícia militar foi aprovada por docentes e servidores da UNESP, alegando que o problema estaria resolvido e que o aluno ameaçava outras pessoas, porém, não é aceitável tal posição, já que dentro do falho processo seletivo para ingressar na universidade o aluno teria sido aprovado, tendo todos os direitos da permanência e dos auxílios para se manter estudando e não de ser reprimido por policiais armados e depositado na ala de psiquiatria do HR, como se o seu afastamento da universidade fosse a solução. Considerando este caso, e vários outros casos menos recentes de problemas psicológicos, xs estudantes da UNESP exigem a contratação de um psicólogo profissional para o acompanhamento dos casos de saúde mental no campus, tanto para discentes, como docentes e servidores.

A acessibilidade no campus de Presidente Prudente é igualmente insuficiente, com precárias condições de pavimentação e de pisos táteis não eficientes, porém a UNESP conta com alunos deficientes visuais e físicos, por isso exigimos que incluam nas reformas realizadas no campus a adequação dos espaços para que estxs estudantes possam se locomover sem transtornos e complicações.

O Restaurante Universitário, desde sua construção, que é resultado de muita luta dxs estudantes, é insuficiente e desigual, considerando que são distribuídas 300 refeições diárias e o campus de Presidente Prudente conta com mais 3.000 alunxs, e dos que conseguem o ticket para comer, poucos estão dentro das políticas de permanência estudantil, sendo que estes que lutaram pela inauguração do restaurante, e que hoje se organizam em coletivos na moradia para suprir a necessidade de um R.U. eficiente, assim como o preço inviável e a ausência de refeições no café da manhã e janta. Assim xs estudantes reivindicam em greve, que seja ampliada a cozinha do R.U. e aumente até o fim de 2016, um número de 500 refeições como solução imediata para sua insuficiência, e que as vagas sejam prioritariamente destinadas a pessoas incluídas nos programas de permanência estudantil, visando o cumprimento de sua função social.

Em relação a moradia, exigimos o acréscimo de mais um bloco de moradia estudantil no campus de Presidente Prudente, dado o aumento da demanda com as políticas de cotas e os cortes nos duplos auxílios como aluguel, a moradia que se encontra lotada, necessita de ampliação imediata.

Porém, o ato de greve, enquadra-se firmemente contra a precarização do ensino público, considerando que a educação sofre diretamente a tentativa de privatização, dado as publicações oficiais do atual secretário de educação que afirmam sua concepção privatista (e quanto ao ensino público universitário a preocupação é tamanha ao fato de instituir uma frente parlamentar em defesa ao ensino público).
O nosso movimento entende, que tais cortes afetam primeiramente as estudantes oriundas da classe trabalhadora, que vem sofrendo diariamente com os ataques do Estado, e que, há décadas não é alterada a proposta do repasse das verbas a partir do ICMS, tanto quanto a transparência do uso desta verba. Não é aceitável então, que as universidades e escolas públicas sejam alvos fáceis da precarização com fins de privatização e cobrança de mensalidades, atendendo à lógica capitalista onde a educação esvazia-se em mercadoria.

Falso diálogo e posição da direção em relação a luta dxs estudantes

Decidida a greve e ocupação, o corpo do movimento deslocou-se para o prédio da diretoria, onde é administrada as finanças da universidade. Não muito além disto, o diretor da unidade, Marcelo Messias, compareceu até a ocupação com o intuito de conter o ato político, alegando não reconhecer como legítima a ocupação dxs estudantes, e ainda afirmou que desde a sua posição como vice-diretor até agora como diretor nunca negou diálogo com as alunas e que se esforça ao máximo para atender as reivindicações, contraditório, visto que nas paralisações realizadas nas últimas semanas o mesmo se negou a abrir uma reunião com o movimento estudantil e fechou o restaurante universitário dispensando os funcionários, para que o ato não se estendesse até o R.U. como decidido pelxs alunxs.

Com grande esforço e mudanças de data e horário, o diretor se propôs a conversar com o corpo de greve através de uma reunião aberta. Porém, Marcelo Messias criou uma comissão para este diálogo, afirmando novamente que não está disposto a conversar com xs estudantxs diretamente, o que foi negado pelo movimento de greve, exigindo que o gestor da unidade se posicionasse pessoalmente a responder aos questionamentos. Nesta reunião, o diretor usou argumentos já utilizados em conversas anteriores, de que a ocupação não era legitima, e de que só atenderia parcialmente as reivindicações após a retirada da ocupação, além de tentar usar de estratégias para driblar as provocações levantadas pelxs estudantes. O diretor, usou de um tom calmo, até demais, para nos dizer que teríamos problemas se continuássemos ocupando e realizando piquetes nos portões principais da universidade, e que se não atendêssemos ao pedido dele, seria obrigado a acionar a justiça, alegando ser pressionado pela comunidade externa à universidade e também por professores e estudantes que são contra a greve.

Toda essa calma do diretor, justifica que ele já havia realizado um pedido de reintegração de posse, que em menos de 24 horas chegou até a ocupação através de uma oficial de justiça. O pedido de reintegração alegava que xs estudantes teriam um prazo de 24 horas para desocuparem a direção, e apontava cinco nomes de responsáveis, dentre estes nomes, um aluno que está ausente devido às agressões sofridas por homofóbicos no dia 21 de maio, na virada cultural.

Isso indica a falta de ética do diretor Marcelo Messias, que reprime o movimento de greve descaradamente, porém tenta passar um discurso amigável, alegando que a ocupação atrapalha o andamento financeiro da universidade.

Levando em consideração os nomes citados no pedido de reintegração, foi decidido em assembleia a retirada da ocupação da diretoria até o prazo estipulado, porém não será retirada da universidade. Será realocada para o Diretório Acadêmico, de imediato, para que possam xs estudantes articular nova ocupação significativa e que mostre para a direção que a classe trabalhadora, está reivindicando e lutando pelos devidos direitos expropriados pela gestão elitista e conservadora das universidades.

Em articulação com os demais campi da UNESP, entendemos que a nossa luta é a mesma, por tanto, nós estudantes permanecemos mobilizados em greve e ocupação dentro do campus de Presidente Prudente como forma de resistência e luta visando o atendimento de nossas pautas e frente as ações truculentas e repressivas das direções das universidades.

Nenhuma repressão será aceita contra nenhum movimento que luta em conjunto com a classe trabalhadora.

 
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