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MBL
Áudios revelam que MBL foi financiado por PSDB, PMDB, Solidariedade e DEM durante a campanha pró-impeachment
Ítalo Gimenes
Mestre em Ciências Sociais e militante da Faísca na UFRN

O UOL Notícias revelou hoje em reportagem áudios que comprovam que o MBL recebeu financiamento de partidos golpistas e corruptos, como PMDB, PSDB, DEM e Solidariedade, para a realização de atos pró-impeachment.

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O Movimento Brasil Livre (MBL), criado em 2014 para tentar empalmar na como nova direita para a juventude que despertou para a política em Junho de 2013, sempre se utilizou da consigna de combate à corrupção (como se ela não fosse algo inseparável do capitalismo) como desculpa esfarrapada para encabeçar um movimento de rua pelo golpe institucional no país.

A cara de figuras como a de Kim Kataguiri não poderiam estar mais pálidas após áudios comprovarem que seu movimento “suprapartidário” e sem nenhuma ligação financeira com partidos, estaria recebendo “auxílio financeiro” para pagamento de caravanas, carros de som, ônibus, hospedagem, panfletos e lanches, de nada mais do que de partidos cujas siglas são citadas em diversos casos de corrupção.

Nenhum espanto deve ser gerado. Nada se poderia esperar de diferente de uma juventude que se liga com a casta mais reacionária desse país, que é a bancada BBB, como já noticiamos aqui. Uma juventude que deixa claro seu programa político-econômico de direita, liberal, privatizador, contra o avanço das demandas democráticas como cotas (demanda essa que vem sendo uma grande bandeira da juventude em luta nas estaduais paulistas), não poderia deixar de se relacionar com os partidos mais reacionários, golpistas e, portanto, inimigos da juventude desse país. Um movimento que tem como um dos seus principais líderes Renan Antônio Ferreira dos Santos, que, junto à sua família, está envolvido em diversos processos jurídicos de cobrança de dívida, assim como 45 processos trabalhistas, que estão mais detalhados aqui, não poderia negar uma ajudinha dos partidos mais sujos desse regime podre para fortalece-lo através do golpismo.

Enfim, vamos aos áudios.

Arrecadação de fundos para a juventude do golpe

Em um áudio de fevereiro de 2016, no qual Renan Santos, um dos três coordenadores nacionais do MBL, conversa com um colega do MBL, dizendo que:

“O MBL acabou de fechar com o PSDB, DEM, PMDB e a Força Sindical, que é o Paunilinho né, uma articulação para eles ajudarem pra divulgar o dia 13 [referência ao ato pró-impeachment do dia 13 de março] usando as máquinas deles também, enfim usar uma força que a gente nunca teve, e foi o MBL que montou isso, a gente tá costurando com todos eles pra ter o impeachment, a gente tá em outra, a gente realmente tá causando problemas pra Dilma.”

Em nota enviada ao UOL, Renan Santos confirmou a autenticidade do áudio e informou que o comitê do impeachment contava com lideranças de vários partidos, entre eles, DEM, PSDB, SD e PMDB.

No entanto, esses partidos têm versões distintas para explicar o caráter e a forma desses apoios, até mesmo os negando.

PMDB

O PMDB teria custeado a impressão de panfletos para o MBL divulgar as manifestações pró-impeachment ocorridas pelo país no dia 13 de março. O dirigente da JPMDB afirma que o material foi pago pelo partido e entregue ao MBL, que distribuiu para suas sedes regionais e espalhou por todo o país. "O MBL auxiliou na logística, distribuindo os panfletos e colando cartazes, mas a Fundação Ulysses Guimarães pagou porque se tratava de uma campanha nossa, da Juventude do PMDB, que nós encampamos", explica.

O PMDB não confirmou que teria bancado os panfletos do MBL, disse apenas que fazia parte da comissão pró-impeachment.

Solidariedade e DEM

A assessoria de imprensa do Solidariedade confirmou a parceria em nota ao UOL: "O apoio do Solidariedade ao MBL foi com a convocação da militância para as manifestações do impeachment, carro de som nos eventos e divulgação dos atos em nossas redes."

Já o DEM informou que atuou em conjunto com o MBL, mas negou qualquer tipo de ajuda financeira ou apoio material ao movimento. "O Democratas se uniu aos movimentos de rua em favor do impeachment. Não houve nenhum tipo de apoio financeiro, apenas uma união de forças com os movimentos de rua, dentre eles o MBL", disse o partido.

PSDB

O secretário de Mobilização da Juventude do PSDB do Rio de Janeiro, Ygor Oliveira, em gravação feita no dia 5 deste mês, detalha a seus colegas de partido sobre uma "parceria com o MBL" para financiar uma manifestação no dia 11 de maio, em Brasília, durante a votação no Senado consumou o golpe com o afastamento de Dilma e no governo golpista de Michel Temer.

“Aqui no RJ, foi feita uma parceria entre o MBL, na pessoa do Bernardo Sampaio (coordenador do MBL), e na minha pessoa Ygor Oliveira, pela Juventude do PSDB. Fizemos um projeto de a JPSDB captar com amigos, colaboradores o valor referente a hospedagem, alimentação, no translado, entra outras despesas, e o MBL chegar com o ônibus. O Bernardo conseguiu 50% do valor envolvido no ônibus, e ficou pendente 50%. A JPSDB conseguiu captar os valores que precisava pra alimentação e hospedagem. Além disso, o Bernardo também conseguiu nos ajudar com alimentação, com Kit lanche pra viagem, então estava tudo arrumadinho, bonitinho até ontem, só que outros 50% pendentes de ônibus, algumas pessoas que propuseram a ajudar o MBL declinaram, disseram que não iam conseguir ajudar. Com isso, o MBL não tem recursos hoje pra arcar com 100% do ônibus. Foi isso que ocorreu, não é maldade do MBL estar furando com o PSDB, não, houve uma questão simplesmente dos financiadores declinarem, ponto, é isso.”

Oliveira confirmou ao UOL a autenticidade da mensagem, mas disse que a "parceria" acabou por não se concretizar. "Isso foi um rascunho de uma parceria, que acabou não dando certo", afirmou.

Em nota, Renan Santos, coordenador nacional do movimento e filiado ao PSDB entre os anos 2010 e 2015, afirmou que "o MBL não criminaliza a política nem os políticos. A aproximação com as lideranças (políticas) foi fundamental para pavimentar o caminho do impeachment."

“Nova” juventude aliada dos velhos inimigos

O MBL não representa a juventude no país. Pelo contrário, ao se ligar com esses partidos, deixa evidente que é um dos maiores inimigos dessa juventude que luta hoje. Uma juventude golpista que se diz contra corrupção, mas se liga ao PSDB, partido esse diretamente associado em escândalos o Trensalão e Merendão em São Paulo, assim como o que tem o maior número de políticos citados na lista de Furnas, com o qual jovens de todo estado de São Paulo estão se enfrentando diretamente, como é o caso dos secundaristas que lutam contra a reorganização velada e contra o escândalo do Merendão, que tem sucateado ainda mais as condições de ensino e estudo no estado. É o caso também da juventude universitária da USP, Unesp e Unicamp, que estão se mobilizando massivamente, com greves estudantis, ocupações de reitoria e faculdades, se aliando muito aos trabalhadores dessas universidades, lutando pela ampliação do acesso à universidade através de cotas e permanência, bem como barrar os ataques à educação pública através da precarização e privatização.

A juventude hoje está encabeçando uma verdadeira luta nacional pela educação, como são os secundaristas do Ceará, do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro, os universitários da Unipampa, UERJ e UFRJ, travam lutas contra seus governos estaduais do PT, PSDB e do PMDB, não tem nada a ver com essa juventude que se alia a qualquer um desses governos.

A necessidade de unificação de todas as lutas da juventude pela educação está colocada para que ela possa se enfrentar com todos os ataques dos governos e a repressão, cujo governo golpista do Temer já se coloca como inimigo fundamental, que já anunciou que atacará duramente a educação, controlando a verba anual destinada a ela, assim como defendendo que se cobre mensalidade nas universidades públicas. Não obstante, o desemprego crescente no país já é uma realidade que afeta a juventude e seu direito ao futuro.

É preciso unificar as lutas em curso na juventude em aliança com os trabalhadores, exigindo das burocracias sindicais e estudantis, como a UNE, que se negou a lutar contra o golpe de maneira consequente, a que passe a mobilizar os estudantes que estão nas centenas de entidades pelo país e construir um plano de lutas articulado contra cada ataque dos governos estaduais e do Temer golpista. O dia 3 de junho é um primeiro passo nesse sentido, atendendo ao chamado dos estudantes das estaduais paulistas, a juventude em luta de todo o país pode mostrar sua força nas ruas, avenidas e rodovias, barrar cada ataque se organizando de forma independente dos governos e patrões é tarefa dessa juventude, distinta até a medula de canalhas como o MBL.

 
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