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GOVERNO GOLPISTA SEM MULHERES
Ministérios são comandados só por homens e Temer propõe mulheres à frente das Secretarias, mas elas recusam
Rita Frau Cardia

O show de horrores da votação do impeachment na Câmara de Deputados mostrou o ápice do reacionarismo contra os direitos das mulheres, LGBT´s e negros, e agora um pouco mais uma semana de governo golpista, são várias demonstrações que avançará na retirada de direitos dos trabalhadores, da juventude e atacará ainda mais os direitos das mulheres, LGBT´s e negros e negras.

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Uma das expressões machistas e racistas do governo golpista são os cortes na pasta ministerial e não ter nenhuma mulher, negros e indígenas à frente dos ministérios, como o Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos que passou a ser parte do Ministério da Justiça, comandado por Alexandre Moraes, ex-secretário de segurança pública do Alckmin, conhecido por reprimir os secundaristas e é denunciado por ter sido advogado do PCC.

O Ministério da Saúde foi assumido por Ricardo Barros (PP), que esta semana em coro com a transfóbica e homofóbica Marisa Lobos, garantiu que o DEM à frente de MEC, não terá “ideologia de gênero” nas escolas. E na segunda-feita (16) disse que o tema do aborto no país deverá ser debatido com a Igreja.

O machismo do governo Temer é tão escancarado, que na entrevista para o Fantástico (15), disse que um dos cargos mais importantes é a chefia de gabinete da presidência, que está ocupado por uma mulher, mas nenhuma mulher deverá assumir o comando de qualquer ministério. O lugar das mulheres será apenas nas Secretarias, reproduzindo a ideologia de que o papel das mulheres deve ser submissão aos homens aos homens na sociedade.

A Secretaria de Direitos Humanos, está a cargo da procuradora Flávia Piovesan, que apesar de reconhecer a importância do tema do aborto como saúde pública, da educação de gênero e diversidade sexual, está sendo questionada por figuras da bancada evangélica, como Marco Feliciano (PSC-SP), que em tom de deboche disse; "O Temer colocou lá uma abortista”, disse no plenário. "Não vai durar uma semana", mostrando que nossos direitos seguirão rifados. Piovesan foi criticada por seus alunos da PUC-SP por aceitar o convite para assumir uma secretaria do governo golpista.

Já na Secretaria de Cultura, com mediação de Marta Suplicy, nenhuma tentativa foi bem sucedida para uma mulher assumir. Uma das convidas, a ex-secretária nacional de Economia Criativa, a antropóloga Claudia Leitão (CE), disse esperar que nenhuma mulher aceite o convite, para não contribuir para “a transfiguração do MinC num apêndice do MEC”. A consultora de projetos culturais e coordenadora de curso de pós-graduação da FGV, Eliana Costa, disse nas redes sociais que não trabalha para governo golpista e que não será “coveira do MinC”.

Para poder responder as críticas, vem sendo alvo até da grande imprensa, de que é o primeiro governo desde o Geisel (1974-1979) a não incluir mulheres na Esplanada, quinta-feira (19) Temer se reuniu com uma bancada de deputadas dos partidos PRB e PSDB e disse que numa próxima reforma ministerial terão mulheres no comando.

O contraditório discurso de Dilma contra o machismo da direita golpista que o PT permitiu avançar

Nesta semana, Dilma em uma entrevista para o site "The Intercept" disse que o “governo interino e ilegítimo será bastante conservador em todos os aspectos. (...) Não ter mulher e não ter negros no governo mostra um certo descuidado com que país você está governando".

É óbvio que a ausência de mulheres, negros, indígenas no governo é parte da política da direita golpista que incita o ódio contra as mulheres, LGBT´s e negros, alimentou ataques misóginos contra a Dilma, e vai avançar contra os direitos dos setores oprimidos, mas foi o PT que ao longo dos seus 14 anos de governo, que abriu espaço para essa direita em uma aliança espúria com métodos da conciliação de classes rifando nossos direitos.

O discurso atual do PT em defesa dos direitos das mulheres é demagógico, pois todos esses, em nome das alianças com estes mesmos golpistas, manteve o aborto ilegal - enquanto milhares de mulheres seguiram morrendo por abortos clandestinos-; vetaram o kit anti-homofobia, aumentaram os postos de trabalhos terceirizados aprofundando a precarização das mulheres e manteve os poderes da Igreja como acordo Brasil-Vaticano, além do avanço da bancada conservadora.

Lutar como uma secundarista para derrotar o governo golpista e arrancar nossos direitos

Se por um lado a direita veio se fortalecendo super estruturalmente, por outro a onda de juventude vem ganhando força em vários cantos do país. São ocupações em escolas no RJ, CE, RS e em SP, onde as meninas estão na linha de frente da luta pela educação e contra o machismo. As mulheres se rebelaram nas ruas, nas redes sociais, nas escolas ocupadas, nas universidades em um movimento conhecido como “Primavera das mulheres” no ano passado, e retomar nas ruas um forte movimento de mulheres passa por lutar contra o golpe nos organizando junto à juventude e à classe trabalhadora, nas greves em curso e nos locais de trabalho e de estudo.

A Marcha Mundial de Mulheres, movimento dirigido pelas feministas petistas, alimentou a ilusão de que os direitos das mulheres poderiam ser conquistados pela representatividade de uma mulher no poder, e todos esses anos não organizaram uma forte campanha pelo direito ao aborto nas ruas, por exemplo. Se hoje querem de fato organizar a luta pelos direitos das mulheres contra a direita golpista, não deve ser reivindicando o “volta Dilma”.

Para construir um forte movimento de mulheres devemos nos inspirar nas secundaristas, nos organizando de maneira independente e ao lado da classe trabalhadora para impor a partir da mobilização uma assembléia constituinte livre e soberana que, faça com que as mulheres e os trabalhadores decidam pelos rumos do país e que garantam direitos elementares da vida das mulheres como a legalização do aborto, e avancemos numa luta pela verdadeira emancipação das mulheres.

 
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